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Música

Entrevistando o Exhale the Sound: Son of a Witch

Apesar de nascer da caatinga, os filhos da bruxa fazem um stoner que soa como um temporal, e vão lançar o primeiro disco durante o Exhale the Sound.

Engraçado. Toda vez que eu ouço um bom stoner não consigo associar com outra coisa senão o mar. Talvez seja uma viagem minha mesmo, mas sempre imagino tempestades, maremotos, naufrágios e polvos gigantes.

O curioso é que, dessa vez, a banda que me conduziu nessa brisa reside no Rio Grande do Norte. Os caras da Son of a Witch são de Natal, uma cidade que sim, tem praia, mas também tem o cenário árido da caatinga.

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Diferente de seus conterrâneos do Cätärro, a música que esses caras fazem é o oposto de um ligeiro insulto gratuito: trata-se de uma descarga poderosa de acordes elétricos, densos e pesados, como uma tempestade no oceano. Os vocais estendidos são como trovões anunciando um temporal apocalíptico, e o instrumental grave soa como rochas ásperas rachando os cascos maciços de um barquinho perdido.

Apesar de furiosa, a tempestade do Son of a Witch tem pouco tempo de vida. Começou em 2012, com a entrada do vocalista Nelson. Desde então, a banda produziu apenas um EP, além de tocar em festivais pelo Brasil. Agora os caras são uma das expectativas do Exhale The Sound, e vão aproveitar o momento para fazer o lançamento do primeiro disco.

Troquei uma ideia rápida com eles sobre essa pira de fazer stoner de caatinga. Saca só:

Noisey: Se não me falha a memória, tem um episódio dos Simpsons, da Casa da Árvore dos Horrores, em que o Bart descobre que a Marge é uma bruxa e diz "now I'm really a son of a witch". Isso tem alguma relação com o nome da banda?
Gustavo: Não tem relação com os Simpsons, mas depois dessa vou passar a usar como resposta, Simpsons é foda. Quando pensei em um nome pra banda eu não queria um nome simples, preferia algo composto, sempre achei foda a banda High Tone Son of a Bitch que é uma das melhores bandas de stoner e ninguém comenta, mas somente Son of a Bitch ia ficar muito batido, então mudei pra “witch” como uma referência ao Doom e a capa do primeiro do Black Sabbath, tanto o estilo quanto a banda têm muita influência sobre o nosso som. Enfim, não o mais original dos nomes e a explicação é chata, então vou usar o gênio Bart na próxima vez que me perguntarem.

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Vocês só tem um EP, de 2012. Mais coisas vem por aí?
Temos somente a demo de 2012 mesmo, como nossas músicas são grandes o processo de composição é mais demorado, tem que ter mais atenção pra música longa ter dinâmica. Mas em outubro lançaremos o nosso primeiro álbum pelo selo Magic Ride do Rio de Janeiro, que nasceu a partir da parceria da produtora carioca Abraxas e do Estúdio SuperFuzz do Gabriel Zander, o disco vai ser lançado na festa da Abraxas dia 12 de outubro no Rio de Janeiro. Também temos uma gravação de 3 faixas que estão sendo mixadas, provavelmente sairão em split ou um EP futuro, 2014 está longe de terminar.

A capa do EP me remete a duas feiticeiras evocando a entidade da banda, através de uma chama azul pesada. Quem fez a arte? Inspirado em quê?
A arte foi feita pelo Bong Monkey (baixista) numa tarde com muita cerveja e som junto ao Space Ghost (guitarrista). A gente tinha pouco tempo e pensamos em algo que remetesse bruxaria, ocultismo e um pouco de psicodelia 70s, e que mesmo que fosse simples passasse um pouco da nossa atmosfera na capa.

O som de vocês me lembra muito Black Sabbath, Fu Manchu, Electric Wizard, Stoned Jesus… essas bandas influenciaram vocês?
Temos muita influência dessas bandas que você citou, menos o Stoned Jesus. Pode acrescentar Church of Misery, Elder, St Vitus, Pentagram e Red Giant, o vocalista King Lizzard tem mais influência de classic rock, kraut e progressivo como Thin Lizzy, Nektar e Cactus. Mas na real estamos buscando identidade própria, buscando referências nos grandes mas do nosso jeito.

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O que toca de stoner em Natal? Qual é o rolê?
Stoner aqui em Natal de banda ativa tem somente a nossa, no estado temos bandas relacionadas a cena de música pesada como o Monster Coyote, Damage Division, Red Boots, Mad Grinder, e vão surgir umas bandas novas em breve. A cena instrumental está ficando cada vez mais forte também.

Se liga na série:

Entrevistando o Exhale The Sound: Cätärro

Entrevistando o Exhale The Sound: Carahter

Entrevistando o Exhale The Sound: Ereção de Elefante

Entrevistando o Exhale The Sound: Herod

Entrevistando o Exhale The Sound: Chakal

Entrevistando o Exhale The Sound: ROT

Entrevistando o Exhale The Sound: Abske Fides

Entrevistando o Exhale The Sound: Expurgo

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Exhale The Sound 2014

Dia 10/10, a partir das 19h; 11/10, a partir das 15h.

Espaço CentoeQuatro. Pça Ruy Barbosa, 104, Centro, Belo Horizonte/MG.

Ingressos: R$ 20, para o dia 10; R$ 35, para o dia 11; R$ 45, para os dois dias.

À venda no Espaço Veg: R. Fernandes Tourinho, 441, Savassi, Belo Horizonte.

Pela internet: Sympla / Noise Stuff