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Música

O Fardo da Treva Pesada e Melódica: no Estúdio com Pallbearer

Billy Anderson fica atrás do console, com os braços esticados como um maestro louco regendo uma sinfonia negra.A banda conclui o take e Anderson grita: "Eu acho que vocês fizeram a trilha do meu novo pornô."

foto de Diana Lee Zadlo

É uma noite de terça-feira gelada, apropriadamente trevosa, num fevereiro típico de Portland, Oregon. Estamos no Rotture, um dos espaços favoritos da cidade dedicado a todo tipo música pesada, e a casa está cheia. Mesmo numa cidade obcecada com o metal e todos os seus subgêneros deliciosamente sombrios, é raro ver uma noite como esta no auge do inverno. Na frente, as pessoas se acotovelam; algumas encontraram um poleiro nas laterais do bar, e estão de pé em banquinhos, buscando uma visão desimpedida do Pallbearer, que peregrinou pelos Estados Unidos na van da turnê, do Arkansas até o Oregon, para gravar seu novo disco. Foundations of Burden será lançado pelo selo Profound Lore este ano.

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No fundo do recinto, um homem de pé em cima de uma mesa, os olhos fechados, oscila para lá e para cá, sem a menor vergonha de seu maravilhamento. Um apreciador do black metal, com estampa da banda Venom nas costas da camisa e tatuagens por todo o rosto, opta por esticar os braços em agradecimento à banda. Muitos simplesmente ficam ali, sem acreditar, balançando devagar as cabeças, num respeito profundo. O grupo martela três velhos sucessos com mais precisão do que nunca – precisão certamente filha dos quase dois anos de turnê do aclamado primeiro disco, Sorrow & Extinction, que em 2012 os lançou a um inesperado estrelato no submundo do metal.

"A gente está prestes a fazer um novo", diz o baixista Joseph D. Rowland, claramente emocionado com a recepção do público. "A gente literalmente começa a gravar amanhã com o Billy Anderson." A multidão comemora bravamente – punhos no ar e imensos sorrisos espalhados pelos rostos de todos os presentes, não só por causa do show tremendamente comovente capitaneado por quatro cavalheiros do Sul, mas também por causa da menção a Anderson, o lendário produtor/"Engine-Ear", (um trocadilho com engineer) que passou mais de duas décadas no console de gravação de alguns dos discos mais clássicos do metal, como Dopesmoker, do Sleep, Surrounded by Thieves e The Art of Self Defense, do High on Fire, Houdini, do The Melvins, Dopesick do Eyehategod e centenas de outros, e que, há um ano, fez de Portland sua casa. Na verdade, o Pallbearer pode ser uma banda desconhecida em Portland, mas hoje recebe as boas vindas nesta família de corações do Noroeste do Pacífico esfriados pelo inverno. Eles finalizam "The Ghost I Used to Be", uma obra melancólica e pesadíssima, exibindo o lado progressivo mais novo, limpo e amarrado do Pallbearer, em meio a uma erupção de aplausos. Até mesmo Rowland abre um sorriso. "Estamos realmente empolgados de estar aqui", diz ele. "Especialmente porque nós vamos ficar por um mês. Venham dar um oi pra gente – provavelmente vão nos encontrar aí pelos bares."

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Uma semana depois, a banda está entocada nos estúdios Type Foundry, um oásis de equipamentos de gravação do mais alto nível e algumas das melhores cabeças da indústria, localizado atrás de uma porta sem placa, numa ruela humilde em North Portland, uma região industrial. Se não fosse pela efusão de riffs metódicos e dos clássicos gritos de Brett Campbell, seria difícil identificar esta sessão de estúdio como uma ocasião sombria. Billy Anderson fica atrás do console, em frente à banda e separado dela por um vidro, braços esticados como um maestro louco regendo uma sinfonia negra. Ele irradia sua energia contagiosa enquanto anda – disparando trocadilhos em meio a risadinhas, com os olhos esbugalhados – por todos os cantos do cômodo, o longo e vermelho rabo de cavalo oscilando atrás dele. A banda conclui o take e Anderson grita: "Eu acho que vocês fizeram a trilha do meu novo pornô. Do me baby? Doomy baby!"

Eu me acomodo e dou uma olhada nas paredes, que são adornadas com cuidado, mas caoticamente, pelos discos que foram produzidos aqui no passado, e pergunto a Anderson se ele nunca tira férias. Ele faz que não, dá uma risadinha seca e responde: "Eu odeio meu chefe. Ele é um escravocrata. Mais dia menos dia, dou um tiro na cara dele!". Alguns instantes depois eu me dou conta, é claro, de que ele é o próprio empregador.

A banda sai de trás da parede de vidro do estúdio e nós nos amontoamos nos sofás da sala da frente, para a primeira entrevista jamais feita a respeito de Foundations of Burden, sobre gravar com Anderson em Portland, e sobre o que entra na composição de um disco do Pallbearer muito antes que qualquer dedo encoste num instrumento.

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Brett, do Pallbearer, no Maryland Deathfest. (foto de Fred Pessaro).

Noisey: Então, vocês estão aqui em Portland gravando o disco novo faz quase um mês. Como tem sido trabalhar com Billy Anderson?
Joseph D. Rowland (baixo): Trabalhar com Billy tem sido uma experiência extraordinária. Ele é muito bom em pegar as suas ideias e abordá-las por partes. Um monte de coisa que a gente simplesmente não teria pensado. Não é que ele de alguma maneira mude o que estamos fazendo, ele só lida com a coisa de um modo diferente, que na gravação faz tudo soar muito melhor do que soaria sem ele. Ele tem anos e anos de experiência, gravando com artistas bastante pesados e experimentais. E também é um mestre dos trocadilhos. Ele dispara no mínimo uns dez trocadilhos por hora. Isso é só uma média. Às vezes saem uns dez num minuto. Toda aquela história dele se intitular "Engine-Ear" faz total sentido agora. Tem tudo a ver com a personalidade dele.

[Billy entra na sala. Aponto para ele e digo: "Estamos falando de você!" Sem hesitar, ele grita: "Então é por isso que as minhas bolas estão pegando fogo!"]

Billy, qual é a primeira coisa que vem à sua mente quando você pensa na experiência de gravar Foundations of Burden este mês?
Billy Anderson: Esses caras são a maior viagem, bicho. São super, super gente fina, mas quando estão tocando, são sujeitos muito tristes, muito deprimidos. Você está vendo como é aqui no estúdio – ninguém acreditaria no quanto a gente se diverte entre as gravações. Ouvindo a música, você pensa: "uau, esses caras devem ser muito deprê". Mas entre uma gravação e outra, é só risada. É muito legal. Isso é a primeira coisa que vem à mente. São caras super legais, super gente boa, mas a música é colossal. Triste e sombria mesmo. Eu sou cínico pra caralho, mas a coisa ainda me toca, entende? Tem certas notas – e principalmente o jeito que elas são tocadas – que tocam fundo 99% das pessoas que ouvem, eu acho.

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Você diria que o Pallbearer tem alguma coisa de diferente, que desestimula o seu cinismo?
Billy: Sim, tipo, com certeza esses caras têm alguma coisa que é única. As influências deles são diferentes das de muitas bandas, e eles manifestam essas influências duma maneira diferente que muitas outras bandas. Várias gostam de adotar modinhas, e esses caras aqui fazem o contrário disso. Você sente que é uma coisa nova. Não menciono as bandas que eu trabalho, porque eu escolho não trabalhar com bandas que gostam de modinhas, se eu puder evitar, mas esses caras simplesmente têm uma perspectiva nova sobre um monte de coisa. A gente estava conversando hoje, e muitas "doom bands" ou bandas com que elas são confundidas têm o vocal do cookie monster, e elas não tratam esse tipo de música da mesma maneira que esses caras tratam. Eles têm uma abordagem nova mesmo. E foi em parte por isso que explodiram tão rápido. Tem banda que existe faz o dobro de tempo e ainda não foi ouvida por esse tanto de gente. Esses caras simplesmente têm algum tipo de magia da qual eu gosto muito. É difícil de definir. Mas aí tem coisa, com certeza.

Falando nisso de "explodir tão rápido" depois que Sorrow & Extinction saiu, vocês fizeram muito mais sucesso do que esperavam, e passaram um bom tempo numa turnê frenética. O que aconteceu nesse meio tempo que serviu de inspiração para o novo disco?
Joseph: Bom, sendo o mais direto que é possível ser sobre como as coisas me inspiraram a escrever para esses dois discos, sempre aconteceram muitas coisas na minha vida, e vários sonhos que tenho, dos quais tiro inspiração, e sinto que são reflexo do que está rolando comigo na hora. No primeiro disco, havia um elemento de perda pessoal rolando, e o lance de eu lidar com ter alguém realmente especial para mim e enfrentar o declínio e o falecimento dessa pessoa. Essa foi, na verdade, a coisa que mais me influenciou no primeiro disco. Esse segundo não é tão fatalista assim. Sinto que a minha música vai ser sempre uma manifestação do que está acontecendo na minha vida, e o fato é que tenho uma tendência a exprimir isso. E a coisa nem é de todo negativa – muito nesse disco não é negativo de forma alguma, mas ainda assim tem um elemento sombrio. Simplesmente é o tipo de música que eu curto ouvir e que gostaria de criar. Com certeza reflete sobre alguns altos e baixos da minha vida, e é uma tentativa de interpretar alguns desses sonhos que eu tive.

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Pallbearer no MDF 2013 (foto de Fred Pessaro).

Que tipo de sonho?
Joseph: Tem uma música sobre um sonho meu em que eu era um fantasma – o fantasma vinha me visitar e tentava me mostrar coisas, mas eu nunca chegava a ver. Ele me levava a umas portas ocultas que precisavam ser destrancadas, mas eu nunca conseguia descobrir o que estava lá dentro. Esses sonhos se repetiam direto, numa época em que tudo estava meio que uma merda na minha vida. Essa é tipo a minha simplória tentativa poética de interpretar essas coisas. Tudo o que a gente fez até agora tem um quê de meditativo, acho eu. Porque há um foco tão especial na música que fizemos até agora, em cada parte isolada. Esse disco é uma meditação sobre o arrependimento.

Interessante você dizer que esses temas não são necessariamente negativos. Que algo que é tão sombrio e pesado possa também ser algo positivo. Hoje em dia, esta parece estar se tornando uma percepção mais bem-aceita na cultura popular.
Joseph: Eu chego até a tentar falar disso na letra de uma das músicas. É um disco muito equilibrado. Com certeza há algumas partes em que estou examinando o passado e abrindo mão de coisas das quais sinto que posso ter me arrependido, e simplesmente aceitando e seguindo em frente. E meio que há também um elemento de não abrir mão das coisas que são muito importantes para mim, por mais difícil que a vida possa ser, ou apesar dos obstáculos que ela traz. O foco não é tão exclusivo quanto o de Sorrow & Extinction. Aquele foi tipo: "Tá, toma essas cinco músicas. Todas elas são sobre mortalidade." Observar os desdobramentos disso, e também como é que afeta você, e como vai, cedo ou tarde, afetar os outros, quando chegar a sua hora, quando for a sua vez de declinar e ir embora. No final das contas, as letras de Sorrow & Extinction foram mais de Brett. Eu e ele conversávamos e eu fazia uma sugestão aqui e ali, algum acréscimo, mas as duas únicas músicas inteiramente minhas foram "Foreigner" e "Given to the Grave". As outras saíram de coisas que eu e Brett discutíamos e ele depois escrevia. Dessa vez, eu escrevi sozinho a letra de três músicas, e Brett escreveu a letra de outras três.

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Brett Campbell (vocal, guitarra): Normalmente prefiro fazer letras que as pessoas tenham que raciocinar para entender a descrever diretamente alguma coisa. Mas, no geral, com muitas das músicas, eu tento abordar vários assuntos ao mesmo tempo, e falar de maneira metafórica o bastante para fazer referência a múltiplas ideias. Este disco na verdade não é baseado em nenhum acontecimento específico da minha vida. As músicas dele estão mais para meditações sobre a passagem do tempo, sobre a natureza do tempo e da consciência, basicamente. E sobre como tudo está sempre mudando. O fato de que o passado na verdade não existe, a não ser na memória, e de que o futuro não existe de maneira alguma.

Joseph: Acho que simplesmente gosto muito mais dos lances pessoais. Eu não passo de uma drama queen. [Risos.]

Com um nome de banda como Pallbearer (portador de caixão) parece que, não importa o que vocês façam, vão sempre ser associados com algum tipo de luto. Mesmo que escrevam um disco totalmente diferente do que vocês começaram fazendo. Quer se esteja de luto por uma morte, por um relacionamento, ou pelo que passou e só resta na memória, a perda pode ter um grande poder na música pesada. Como vocês aprenderam a lidar de maneira diferente com os vários tipos de luto?
Joseph: Ah, cara. Bom, existem centenas e centenas de maneiras diferentes que cada um pode ter de lidar com isso, acho. No meu caso, tive de aprender a não tentar me anestesiar, a não tomar distância dessas coisas e ignorá-las. O Pallbearer é pra mim uma válvula de escape excelente para meio que soltar essas coisas no mundo. Não é pouca coisa isso de manifestar os sentimentos e as emoções que você tem, e colocar isso para o mundo ver. Deixar que a coisa tome forma desta maneira é catártico. Acho que todo mundo tem sua própria maneira de ficar de luto pela perda de seja lá o que for – para todo mundo é um processo pessoal, mas por acaso é este o jeito que eu gosto de lidar com a coisa.

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Algum fã contou a vocês alguma história sobre como Sorrow & Extinction ajudou a superar momentos muito difíceis?
Joseph: Teve um cara em Baltimore – ele perguntou pra gente se era de boa tirar uma foto conosco, e topou comigo bem quando a gente estava encerrando a noite, e disse que Sorrow & Extinction tinha significado muito para ele, porque ele tinha um grande amigo que havia se matado, e o disco falou ao coração dele, e ajudou a lidar com aquilo. Havia alguma coisa nas letras que o ajudou a colocar as coisas em perspectiva e seguir em frente. E nós vimos esse cara outra vez no Maryland Deathfest, ano passado. Ele estava trabalhando no bar da área VIP, e pudemos conversar um pouquinho mais. Teve um outro cara que conhecemos no nosso show mais recente em Oakland, que disse ter sofrido um acidente de carro muito grave enquanto ouvia "Given to the Grave". Contou que estava dirigindo e ouvindo o disco quando deram uma mega porrada nele. Aquilo foi intenso.

[Nota: A letra de "Given to the Grave" diz: Me leve até a cova / Quando finalmente minha jornada terminar/ No caminho que leva daqui até o esquecimento / E nenhuma tristeza puder mais me pesar."]

Brett: A gente também ouviu uma história sobre alguém que tocou esse disco num funeral. Mas para a maioria das pessoas, não é uma coisa específica. É só tipo: "me ajudou a superar muita coisa".

Delvin Holt (guitarra): Para mim, a resposta positiva foi a local. Quando você cresce no Arkansas, não vê muitas bandas saindo de lá e conseguindo tocar fora do estado. Quando me juntei a essa banda, nunca tinha tocado fora do Arkansas, nem uma vez. As pessoas acham maneiro que a gente tenha tido um pouquinho de sucesso. Isso dá uma pontinha esperança para elas. E nós sempre tivemos aquilo com Rwake. Rwake é uma banda que sempre foi um modelo para nós. E eles faziam muitas turnês. Então a gente sabia que havia uma saída, mas isso também não chegou a ser um objetivo.

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Brett: A gente pensava que lançaria o disco e faria uma turnê regional, acho. Talvez tocar num festival isolado, coisa assim. Basicamente nosso maior objetivo era talvez voar para fora e tocar num festival europeu em algum momento. E agora a gente já fez isso duas vezes, o que é maneiro. Mas nunca esperamos mesmo que fosse acontecer.

Como vocês acham que Foundations of Burden vai ser diferente deSorrow & Extinction, no sentido do efeito sobre as pessoas?
Joseph: Bom, eu acho que tem muita coisa com que as pessoas podem se identificar. Foi por isso que muita gente compreendeu Sorrow & Extinction. Esse disco se focava muito em uma coisa com a qual todo mundo se identifica, porque é algo que acontece a todos. Com esse disco, toda minha inspiração que veio da vida real também é uma coisa pela qual todo mundo passa. Acho que qualquer um que prestar atenção nas letras e conseguir meio que pegar o que estou querendo dizer pode aplicar isso a si mesmo também, e encontrar algo que pode ser comovente ou inspirador ou cheio de sentido para ele. Algo sobre o qual se possa ter um pouquinho de sentimento de posse, entende?

Fora isso, acho que é um disco muito mais dinâmico. O aspecto musical é algo que muitas pessoas talvez curtam. Não é lentão como o Sorrow & Extinction. Mais pessoas podem encontrar um elemento do qual talvez gostem, mesmo que elas gostem só de rock clássico. Ouvindo Sorrow & Extinction e Foundations of Burden lado a lado, Sorrow & Extinction parece estar em câmera lenta. Embora o novo disco tenha partes mais lentas do que qualquer coisa no Sorrow & Extinction, há alguma coisa que quase faz sentir que Sorrow & Extinction é um disco que era pra ser um 45 sendo tocado em 33. Ele é mais lento do que a vida real. O novo disco não me parece ser assim; ele é mais cheio de energia, mas ainda assim tem umas partes que são lentas pra caralho mesmo. É possível queSorrow & Extinction seja um pouco mais de nicho do que o novo. Praticamente qualquer um que goste de rock and roll pode encontrar alguma coisa para gostar no disco novo.

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Billy: Há uma sensação de perdição e treva que se aproximam. Mas também puro e simples drama. Essa é uma das principais qualidades que eu estava tentando meio que explorar, na falta de uma palavra melhor. Tornar mais intenso. O drama. A diferença entre duas partes diferentes. Quando há uma mudança na música. Eu adoro esse aspecto do meu trabalho e com esses caras, isso é uma necessidade. Você tem que saber quando a próxima parte vai quebrar você ao meio. Drama, emoção, trevas. Uma coisa épica. Gigantesca!

[Ele se levanta para voltar ao estúdio, mas dá meia volta para me encarar fixamente e dizer: "Não conte para ninguém o quanto a gente se diverte por aqui."]

Tradução: Marcio Stockler

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