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Música

Entrevistando o Exhale the Chaos Metalpunk: Metraliator

A série de entrevistas continua com os mineiros do Metraliator, que fazem jus às raízes metálicas de Belo Horizonte.

Quem acompanha nossas atualizações diárias já está por dentro da série de entrevistas que temos publicado nas últimas semanas com os nomes no line-up do festival Exhale The Chaos Metalpunk, que ocupará o palco do Espaço Rock Bar, em Belo Horizonte, no próximo dia 8. Como atrações principais tocam as bandas alemãs de grindcore Wojczech e Who's My Savyour. Até aqui, nós já abordamos o peso e a fúria dos grupos Meant to Suffer, do interior paulista, e Gracias Por Nada, de Brasília. É chegada a hora de contemplar o barulho local, começando pelo black/trash metal do Metraliator.

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Ao contrário da galera com quem o Noisey já conversou, mais afeitas a influências vindas do crust, do hardcore e daquilo que os entendidos chamam de power-violence, o pessoal do Metraliator produz um som que denota parentesco com as primeiras amostras de bandas que fizeram da capital mineira referência quando o assunto é metal. Montados num visual que evidencia suas raízes black metal, eles estão no corre desde 2005. A música é trampada, veloz e cheia de pegada, com direito aos característicos vocais melódico-agudos que fazem toda a diferença nesse tipo de produção. Ao contrário do que se possa imaginar, eles não levantam a bandeira do satanismo, a despeito de seu primeiro álbum oficial se chamar Satanic Machine (2009) e do recém-lançado trabalho ter recebido o título de Bestial Force.

Tão logo o CD novo foi lançado, em 2013, o carismático vocalista Rock'n'Roll deixou a formação. Isso teria sido um engodo caso eles não encontrassem um substituto à altura. Mitchell Frankevicious, no entanto, preencheu a lacuna como se já fizesse parte do negócio, segurando a onda nos vários shows de divulgação do novo CD e aproveitando a deixa para firmar sua imagem nesta que é certamente a fase mais madura dos caras. O Metraliator está em plena forma. E para falar um pouco da proposta e do histórico deste quarteto de guerreiros do metal, conversei com o baterista, integrante mais antigo da formação, e que atende pelo sugestivo pseudônimo de Misanthropic. É isso. Se liga aí:

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Belo Horizonte é conhecida na história do metal brasileiro por ser berço de bandas que acabaram virando clássicas até para os gringos. O que o Metraliator tem de mais parecido e de diferente das bandas da antiga geração?
Temos muita afinidade com o som e ideologia de várias bandas da antiga geração, mas isso não quer dizer que desejamos ser como elas ou que queremos viver exatamente as mesmas experiências vividas por elas. Fazemos nosso trabalho por nós mesmos, seguindo nossas próprias vontades e objetivos. É dessa forma que pretendemos dar continuidade ao legado que foi deixado pelas bandas do passado, mas por um caminho diferente, ou seja, construindo a nossa própria história.

Vocês chegaram até aqui com uma carreira já consolidada com o vocalista Rock'N'Roll. De onde vocês conhecem o Mitchell e qual foi a prova de fogo pela qual ele precisou passar para entrar na banda? Vocês já conheciam o estilo dele ou estavam à procura de alguém capaz de emular os vocais do antigo integrante?
O Mitchell era nosso conhecido e já acompanhava o trabalho da banda, sempre foi presente em nossos shows. Estávamos à procura de alguém com ideias firmes, confiável e sério. A preocupação com a técnica vocal era mínima. Nossa ideia era desenvolver a pessoa com o tempo, mas o Mitchell acabou saindo melhor que a encomenda. Mesmo nunca tendo antes uma experiência como vocalista, ele se sentiu muito à vontade para cantar e demostrou muita naturalidade ao assumir o posto de frontman da Metraliator, além de seu timbre de voz e estilo de vocal terem se encaixado perfeitamente à sonoridade da banda.

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Vocês são uma banda satanista? Quais são suas referências, para quem tem interesse em conhecer e entender melhor essa profanação contida em sua música?
Não. Não somos uma banda satanista. É importante salientar que o satanismo é diferente do ocultismo. O ocultismo é sim uma filosofia presente em nossas vidas, a qual estudamos e cujas ideias expressamos através de nossa música, mas não ficando restritos a abordar somente este tema, pois também escrevemos sobre outras linhas filosóficas e sobre assuntos variados, como fatos marcantes em nossa história, coisas presentes em nosso cotidiano e até mesmo sobre algum sentimento em particular do letrista em determinado momento. Nossas letras são reflexos de quem somos, do que fazemos e das coisas que gostamos. Dentre os autores que mais nos influenciam, podemos citar: Aleister Crowley, Eliphas Levi, Friedrich Nietzsche e Charles Bukowski.

Por onde vocês andavam antes do Metraliator? Passaram por outras bandas? Queria saber como se conheceram e como surgiu a ideia de formar uma banda com essa proposta. Todos vocês já faziam parte da cena do metal?
A ideia de formar a banda surgiu no meu primeiro contato com nosso antigo vocalista, Rock’n’Roll. Conversando, percebemos que tínhamos várias ideias em comum e a mesma vontade de transformá-las em música. O Rock’n’Roll já havia passado por outras bandas, mas para mim seria a primeira experiência com um grupo (eu já estudava bateria, mas nunca havia formado uma banda antes). Após um período de procura, encontramos então o Paulo Mad Max, que também já fazia parte da cena metal e compartilhava das mesmas ideias e vontades, além de ser um excelente guitarrista. Firmamos, assim, a primeira formação oficial da banda, que atuou durante um curto período de tempo como power trio, até a entrada de nosso antigo baixista, Rodrigo Canário. Consolidamos, então, a Metraliator como quarteto e assim nos mantemos até os dias atuais, porém com Mitchell nos vocais e o From Hell no controle das 4 cordas.

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Sei que vocês lançaram o Bestial Force no ano passado e que ele ainda está sendo digerido pela galera. Mas vocês têm alguma coisa na manga que não entrou no disco, ou mesmo estão preparando algo para lançar num futuro próximo? Com a entrada do novo vocal, será que as próximas músicas vão acabar seguindo um caminho um pouco diferente?
Já temos mais quatro musicas prontas e algumas delas deverão ser gravadas para um split 7” com uma banda de São Paulo. Essa proposta já está sendo negociada com a gravadora e deve ser definida ainda neste semestre. Independentemente da entrada do novo vocalista, vamos continuar sendo autênticos e fazendo música sem compromisso. O resultado será proporcional ao momento que estivermos vivendo, coisas que estivermos sentindo e, claro, sonoridades que estiverem nos influenciando à ocasião das composições. Nunca nos preocupamos em estabelecer um estereótipo e assim continuaremos, contando agora com tudo que o Mitchell tem a nos acrescentar, pois o que mais pesou em sua escolha para integrar a banda foram as várias coisas que temos em comum (ideais, objetivos, influências, etc.).

Em tempos de acasalamentos de ritmos e de tentativas de modernizar o metal, o som do Metraliator continua apostando numa porradaria mais tradicional. Isso é algo intencional ou espontâneo?
Nossa sonoridade é totalmente espontânea. A ideia é justamente não nos compararmos a nada. Sempre buscamos originalidade e nunca nos preocupamos em soar parecido com alguma outra banda, nem mesmo com um estilo específico. Obviamente, temos afinidade com os sons e ideologias de outras bandas, o que não caracteriza uma aspiração a sermos comparados a elas, mas sim de somarmos algo e dividir de maneira igualitária o mesmo espaço, contribuindo assim para o crescimento e valorização do underground.

Quão importante é o visual na proposta de vocês?
Assim como nossas letras e sonoridade, o nosso visual reflete aquilo que somos, gostamos, pensamos e sentimos. Portanto, ele é importante para que consigamos fazer com que o público perceba e absorva essas mensagens. Logicamente, não é preciso estar vestido o tempo todo como nos apresentamos no palco, pois a verdadeira essência de um headbanger habita sua mente e coração, não está presa somente às roupas que ele veste.

Exhale the Chaos Metalpunk
8 de fevereiro @ Espaço Rock Bar
Rua Hoffman, 723, Barreiro, Belo Horizonte/MG
R$ 15, a partir das 16h.