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Música

Entrevistando o Exhale the Chaos Metalpunk: Meant to Suffer

Em fevereiro rola mais uma festividade de barulho horrível lindo em Belo Horizonte e até lá vamos entrevistando as bandas do lineup.

Fotos por Tiago Rossi.

A empolgação com o feedback positivo no underground brasileiro da primeira edição do festival de música barulhenta Exhale the Sound, que levou 22 bandas para a capital mineira em novembro último, acabou gerando um novo festival. Trata-se do Exhale The Chaos Metalpunk, resultado da união de forças entre a rapeize à frente do Exhale, a galera do festival de mesmo teor Metalpunk Overkill (que tem sua terceira edição agora em março), e o coletivo DIY Ordo ad Chaos.

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Essa empreitada com o mote de reavivar a força da pancadaria sonora local acontece no próximo dia 8 de fevereiro, no Espaço Rock Bar, em Belo Horizonte. Os headliners serão ninguém menos que os alemães do Wojczech. Completam a desgraceira os também alemães do Who's My Saviour, as bandas mineiras Metraliator e Mortifer Rage, além do Gracias por Nada, de Brasília, e o Meant to Suffer, de Araras, interior de São Paulo. É com estes últimos que a gente começa uma série de entrevistas com toda essa turma daqui até a data do show.

Os caras do Meant to Suffer fazem uma sonzeira de rachar o assoalho, e estão na ativa desde 2007, quando começaram a se apresentar ao lado de bandas como o Intifada (que em parte hoje forma o Noala), Social Chaos, Are You God?, Elma, Qerbero, Massacre em Alphaville e outros quejandos. O grindcore tradicional ao qual se apegaram nos primeiros três anos de palco e ensaios aparece em suas duas demos, gravadas nesse período de amadurecimento. Em 2010, quando lançaram o primeiro álbum, Colony Collapse Disorder, a música já apresentava uma variedade de influências pesadas bem mais ampla, bebendo na fonte de nomes como Napalm Death, Terrorizer e Aso Suck, mas também Neurosis, Slayer e Mastodon.

Há pouco mais de um ano, veio o segundo lançamento, A Step Towards Deception. Para 2014, eles prometem nos brindar com mais dois splits, um com o Ação Direta e, outro, com o D.E.R. O primeiro já está em fase de pós-produção e chega antes do meio do ano pela Equivokke Records. Parece que a volta do baixista Gustavo, que integrou a banda até pouco depois do debut, deu um gás na química entre os músicos e eles seguem compondo a todo vapor. Eles me responderam as perguntas a seguir em conjunto por e-mail. Confere aí:

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Noisey: Vocês começaram fazendo um grindcore bem tradicional. Com o tempo, as influências foram se abrindo. Isso se deve a algum fato específico ou tudo foi rolando meio que naturalmente?
Meant to Suffer: Foi algo bem normal pra gente, já que sempre escutamos todo tipo de som, desde nomes do grind mais tradicional e também "moderno", como Napalm, Terrorizer, Assuck, Nasum, Rotten Sound, Magrudergrinder, até coisas que fogem um pouco disso, como Neurosis, Mastodon, Eyehategod, Converge, e outras bandas que cada um gosta em maior ou menor grau - apesar de que, no geral, os gostos de todo mundo na banda batem bem. Com o tempo, fomos meio que deixando isso entrar mais e mais no som, além de fazer algumas experiências mais fora do grind/crust tradicional, em especial nos dois primeiros discos que tiveram músicas sem blast beat. Hoje voltamos a ter a pegada do começo, bem grind/crust, com as influências aparecendo em menor grau dentro de cada som mesmo.

Quem escreve as letras da banda e qual a temática recorrente nelas?
As letras são todas do Al, nosso vocalista: “Procuro escrever de maneira não convencional ao grind/HC. Em nossas letras existe muito sarcasmo, pessimismo, confrontos pessoais, e também críticas sociais e políticas, mas sem cair na mesmice. Gosto de deixar cada um interpretar como queira as letras.”

Este ano vocês lançam dois splits em vinil, certo? Porque preferiram seguir esse formato ao invés de aglutinar tudo num EP, de repente? Fica mais fácil a divulgação?
Na verdade, não planejamos nada. Os convites apareceram, um atrás do outro, e não tínhamos como dizer não, já que o Ação Direta e o D.E.R. são duas bandas que gostamos bastante e já dividimos o palco. Além do quê, estávamos afim de lançar algo em vinil há algum tempo, aí rolou a oportunidade de fazer isso duas vezes em seguida. Mas costumamos fazer sons novos quase sempre, por isso já estamos pensando em um novo full-length, provavelmente pra lançar em 2015.

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Como tem sido a repercussão do som de vocês até aqui no Brasil e no exterior? Vocês têm um feedback de por onde a banda tem chamado mais atenção?
Cara, melhorou bastante por aqui com o segundo disco, A Step Towards Deception, mas acho que 2014 vai ser um ano bom pra banda com os splits e alguns shows já marcados, como esse de Belo Horizonte e um outro em São Paulo, em abril, no festival da Black Embers, que vai rolar na Livraria da Esquina no mesmo final de semana do Lollapalooza. Já tocamos muito no interior e na capital mesmo, mas ainda faltava tocar fora do estado, que é o que vai rolar pela primeira agora em BH. Além disso, quando o disco saiu, recebemos vários pedidos dos CDs e camisetas vindos do Nordeste sem nem conhecermos ninguém de lá, o que foi bem legal. Vamos ver se conseguimos tocar em mais lugares neste ano, inclusive por lá. No exterior, é algo bem menor, com uma ou outra resenha e algumas pessoas que vêm falar pelo Facebook, apesar de o nosso segundo disco ter sido lançado no Japão pela Karasu Killer. Talvez falte uma maior divulgação, uma turnê fora, ou as duas coisas. Mas é algo que queremos trabalhar pra frente.

Como vocês veem a cobertura da mídia musical sobre o cenário extremo da música no Brasil?
A chamada grande mídia ainda é presa naquelas bandas de sempre e que fazem um som mais tradicional, nem sonhando em prestar atenção no underground, que tá com muita coisa foda rolando nos últimos anos. Por isso, sites como o Intervalo Banger vem crescendo nos últimos anos, por fugir desse óbvio e ter uma linguagem mais próxima de quem vai ler o lance mesmo. Além disso, a própria VICE, com o Noisey, fez coisas interessantes do ano passado pra cá, como o especial do Exhale the Sound e entrevistas com bandas como o Noala, que provavelmente nunca sairia numa revista tradicional de metal daqui. Faz falta ter uma Decibel por aqui ou mais sites que fujam dessa mesmice.

Exhale the Chaos Metalpunk
8 de fevereiro @ Espaço Rock Bar
Rua Hoffman, 723, Barreiro, Belo Horizonte/MG
R$ 15, a partir das 16h.

Acompanhe o Meant to Suffer nas redes sociais:

meanttosuffer.bandcamp.com
facebook.com/meant.tosuffer.1