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Música

A Beatwise Comemorou um Ano na Metanol e Você Ouve a Festa Aqui

Do fundo de quintal à dominação mundial da interwebz future beats brasileira, um papo e um som com os donos da bola

Praticamente todas as noites de terça-feira, quer você esteja ai nesse seu apê apertado e com internet lenta, quer esteja contando os últimos minutos no escritório, a rádio Metanol transmite sonzeiras e novidades para os ouvintes vorazes da web, diretamente da zona de quarentena. Essa semana o coletivo aproveitou a transmissão para comemorar o primeiro aniversário da Beatwise Recordings, convidando seus idealizadores Sants e CESRV para comandarem o som. O coletivo e o selo já namoram há um tempo, entre festas, eventos e laricas que rolaram pelas ruas cinzas de SP durante esse último ano, e parcerias como o lançamento dos EPs do SoulOne e MJP que saíram pelo selo e você ouviu aqui no Noisey. Para essa transmissão, o Sants entregou um set recheado de faixas inéditas dos integrantes do selo, enquanto o Cesinha mostrou o set caprichado que ele já tinha feito para o deepbeep.

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Troquei uma ideia com eles pela rede mundial de computadores enquanto o Cesinha mandava uma tattoo "btw-sp", e o Sants falou um pouco sobre esse um ano que passou, e o que está por vir. Você pode ir lendo tudo enquanto escuta o áudio da transmissão que eles foram muito gente fina e mandaram aqui pra gente.

VICE: Quantas pessoas já passaram pela Beatwise, e como isso ajuda a dar forma ao som do selo?

Sants: Eu prefiro encarar que somos amigos que gostam do mesmo som e sempre estão conosco na caminhada. No total foram 12 releases, entre sete amigos: Soul One, MJP, Bento, SonoTWS, Cybass, eu e o Cesar. Isso sem contar pessoas próximas que sempre estão conosco e lançaremos em breve, como o Abud. Acho que o fato de todos conhecerem os trabalhos uns dos outros possibilitou uma certa troca de informações e influências, e isso acabou se refletindo na produção de cada um - o Cybass vive reclamando que os sons dele são muito complexos, o Sono, que é muito simples - mas eu já fico no meio termo e tento caminhar pro lado de cada um, às vezes.

Então não apenas o som do selo, mas dos próprios produtores vão mudando enquanto estão colaborando?

Cara, eu acho que talvez a gente tenha realizado mais essa coincidência entre pessoas que lançaram no mesmo selo, e tentamos manter isso agora. No começo era evidente que queríamos explorar sonoridades diferentes, mas muitas vezes nesses casos o que se nota é uma emulação do que acontecia já anos atrás lá fora. O trabalho do Cesar é exemplo disso: em um ano ele foi pro trip hop futurista do Chances, caiu no trap/footwork do Nowhere e quis experimentar dando passos pra trás no One Thousand Sleepless Nights com um lance mais saudosista, glitch-hop, com as referências musicais dele, etc. Quem me conhece sabe que eu desenvolvo muito tipo de som, mas isso acaba sendo mais do momento ali, para releases autorais eu tenho buscado filtrar melhor as coisas para não parecer redundante ou emulação do que já acontece lá fora.

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E vocês acham que a Beatwise pode inspirar outras gravadoras em outros estados do Brasil, ou mesmo em São Paulo?

Sonoramente falando eu não acredito nesse potencial porque acho que o tipo de som que a gente faz diz muito sobre quem somos, onde vivemos e para onde queremos ir. Tem muito a ver o nosso convívio social e as pessoas que consomem esse tipo de cultura. Se rolar, espero que seja uma influência indireta: a gente só quer dizer pras pessoas por aí que elas tem a mesma capacidade de se juntar, fazer um som com os manos e se expressar como a gente quis. O mais engraçado é que nada disso foi planejado, o César e eu chegamos na ideia, um dia ele criou o Bandcamp, outro dia eu fiz o Tumblr, o Tiago deu uma força no html do site, a gente subiu um live na Metanol no Paço e foi. Não foi nada pensado.

E quais os planos para os releases físicos?

A gente curte muito esse lance de fita cassete, porque tem a ver com a cultura que a gente consome: é normal entrar em bandcamp de selos pequenos e se deparar com algumas fitas de mixtapes que os caras lançam, e sempre por ser um lance difícil de ter onde ouvir hoje em dia, as edições são sempre limitadas, quem compra é realmente quem gostou da parada, é tipo um presente mesmo pra quem pagou pra baixar o mp3. Sem falar que é um lance teoricamente barato de se fazer, apesar de ser artesanal e trabalhoso - levando em consideração que ninguém quer um vinil de beat de um minuto e meio, e CD é um lance bregaço, né?

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E quais são os planos já pra esse segundo ano da Beatwise?

A gente deve lançar em breve o primeiro lançamento do Abud, São Paulo Jazz Impressions. Depois dele temos alguns nomes em mente, mas nunca é nada planejado. A gente vai produzindo, vai vendo que tá afim de soltar algo e é isso. Mostramos pros amigos, eles dão palpites, e fica por essa. O que a gente tem em mente é só manter a ideia de que é um bando de marmanjo de São Paulo fazendo som que ninguém gosta, não somos hipsters de Los Angeles nem clubbers de Londres. A parada é tentar se aproximar e buscar cada vez mais a nossa identidade, sem se importar muito com o hype acerca de gêneros e artistas em épocas x, y ou z.

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