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Música

O 12º Lançamento da Beatwise É o EP do Jovem Carioca Bento

Ele só tem vinte anos mas chega com sucesso e alto astral no EP de estreia que está inteiro para streaming e download.

Você provavelmente nunca ouviu o Bento, então nada melhor do que fazer aquela rodada de apresentação, naquele esquema dinâmica em grupo do RH:

Rodrigo Bento Magalhães. 20 anos, estudante de design gráfico da UFRJ. Meus hobbies são jogar videogame e só. Moro no Galeão, Ilha do Governador (zona norte do Rio de Janeiro). Meu artista predileto no mundo é o J Dilla, que eu fico até sem palavras para descrever o quanto ele me emociona e me influencia. Os únicos artistas que eu odeio são todos os membros do U2. Torço pro Fluminense mas não sei dizer o nome de três jogadores do elenco.

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O jovem Bento faz a sua estreia no incrível e dramático mundo dos beatmakers brasileiros com um auto-entitulado EP de nove músicas lançado pela nossa amiga e parceira de todas as horas, a Beatwise Recordings, capitaneada pelo Sants e do CESRV. O som do Bento segue o clima hip-hop do Brasil-País-do-Futuro da Beatwise, porém com um astral para cima, saindo um pouco do tom noturno e introspecto dos outros trampos da turma. O seu declarado amor pelo falecido e saudoso J Dilla se manifesta de uma forma alegre, com um pé nos sintetizadores malucos do Madlib/Flying Lotus/El-P e outro no trampo do Nave com o Marcelo D2 e etc. O EP tem inclusive o Sants assinando um remix.

Mas foda-se o que eu acho, o melhor jeito para você sacar a vibe do Bento é ouvir o disco mesmo no player abaixo. No Bandcamp da Beatwise você pode também fazer o download do EP.

Para entendermos melhor quem é Rodrigo Bento, o Bernard Alegria nas Pernas dos Beats, conversamos rapidinho pelo chat do Facebook e, porra, o maluco escreve melhor do que eu. Confere só.

Noisey: Como você começou com esse lance de fazer música?
Bento: Aos 15 anos de idade eu levei um pé na bunda e, enquanto me deprimia, acabei aprendendo a tocar violão. A dor parou e o interesse por música acabou ficando: eu compus um monte de música no Guitar Pro por dois anos até que meu antigo computador pifou e eu perdi tudo.

E quando pintou essa vontade de fazer uns beats?
Em 2011 eu conheci o Estranho e mais uma galera via orkut. Eu já me interessava nesse tipo de produção e conhecer os caras acabou me dando o empurrão que precisava pra começar de vez. Baixei um Fruity Loops crackeado e não parei mais.

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No preview do EP tem uma animação muito legal. Você que fez? Você manja de animação e ilustração? Conta esse lance.
Eu desenho desde antes de aprender a escrever. Na escola as pessoas me pediam desenho, o que acabou sendo, por um tempo, uma forma de escapar de qualquer tipo de bullying. Daí na faculdade eu descobri que não desenhava era nada, porque o pessoal de lá é ninja. Eu tive algumas aulas de mídia digital então acabei aprendendo a mexer de leve no After Effects, o que me ajudou a fazer a animação.

Como surgiu o contato com a gangue Beatwise? Eles já estão te colocando em cárcere privado pra você compor uns beats?
Conheci o Sants em 2012, também pela internet. Ele sempre curtiu ouvir meus beats, mesmo quando eu estava só começando e fazia umas paradas nada a ver. Eventualmente ele me colocou em contato com o Cesar e o convite apareceu. Nunca fiquei preso, mas eles provavelmente rastreiam meu celular.

Conta como foi o processo de composição do EP. Qual é a ideia por trás do disquinho?
São uns beats sortidos que eu fiz nos últimos dois anos. Eu gosto deles como filhos, então achei importante lançar alguns com todo o tratamento necessário antes de um release maior. A ideia por trás é bem simples: são pequenos relatos sonoros do meu dia-a-dia de estudante; eu chegava em casa e fazia um beat.

Você vai participar da nova coletânea do Chico Dub também, não é? De onde você conheceu ele, como surgiu o convite?
O Sants é meu pimp, ele também me apresentou pro Chico. O trabalho que o cara faz de juntar tanta gente fina é importante pra caramba, ele é tipo o Rick Rubin tropical.

Quais são os seus critérios para escolher os samples que você usa?
Quanto mais barulhinhos, melhor.

Nos últimos anos a galera investiu pesado nos samples de MPB. Você parece seguir esse caminho também, mas de um jeito diferente. Você se preocupa em se colocar de forma diferente quando utiliza algo assim?
Eu acho importante resgatar o tanto de coisa boa que foi produzida aqui. Minha única preocupação é não soar forçado: eu sampleio porque é bom, não pela "brasilidade" da coisa.

Beijo, mãe!