O festival Radioca celebrou a boa música contemporânea brasileira

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O festival Radioca celebrou a boa música contemporânea brasileira

Salvador recebeu Carne Doce, Aláfia, Jards Macalé e uma boa seleção de artistas locais para a segunda edição do evento, que aconteceu no Trapiche Barnabé.

O festival Radioca tem origem no programa de rádio de mesmo nome, veiculado na Bahia pela Rádio Educadora, e seu line-up segue bem a linha dos sons que deram a cara do programa, o qual já tem oito anos de existência. Nessa segunda edição, o evento trouxe uma diversidade que gerou até um certo orgulho de ser brasileiro e ver tanta coisa autêntica e sincera sendo feita em vários lugares desse país mal tratado. Ocupando por dois dias o Trapiche Barnabé, espaço histórico de Salvador cuja construção data de meados do século XVIII, o festival cumpre bem a proposta de fazer um apanhado de o que tem sido feito de legal na música contemporânea do Brasa.

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A responsa de abrir o festival foi bem cumprida pela baiana JosyAra, artista que faz um som cheio de referências tradicionais, com aquela pegada de interior nordestino e ao mesmo tempo com espaço para elementos mais urbanos na sonoridade e na temática das letras e discursos.

Os goianos do Carne Doce colaram pela primeira vez em Salvador e fizeram um show que mostrou como a banda cresce bastante ao vivo em relação ao disco Princesa, lançado em agosto. Muito disso se deve à atuação performática da vocalista Salma Jô, que tem os passinhos, expressões, timbres e versos certos para o som da banda.

Depois de um show bem performático, o festival seguiu para o clima intimista que comandou a apresentação de Jards Macalé. Era foda ver como os sons do cara soam vanguardistas ainda hoje e como ele emocionava o público mesmo nos momentos em que ficava somente com sua cadeira e violão.

"Entrega" é uma palavra que sempre me vem à mente quando penso no show que Karina Buhr fez no Radioca. A multiartista ia do punk rock ao coco sempre com uma vontade tão selvática (desculpa aê, não tem palavra que defina melhor) que ignorou até um apagão de luz logo nas primeiras músicas e permitiu que o show continuasse sendo feito com a mesma energia.

O segundo dia do Radioca também foi aberto por um representante da nova geração da música baiana, dessa vez Giovanni Cidreira, que fez um show baseado no que vai apresentar no seu novo disco.

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Em seguida, o Retrofoguetes fez aquele esquema de time bom jogando em casa, trazendo o show do Enigmascope, discaço lançado esse ano. A nova formação e o disco novo parecem ter dado uma aquecida legal na banda e no público fiel que eles já possuem na cidade, o que resultou num show naquele estilo uma pedrada atrás da outra.

Dava pra fazer uma matéria falando somente sobre o show do Aláfia, mas vou resumir com a fala deles mesmos: "Estávamos preparando esse show há muitos anos, desde o começo da banda. Sempre quisemos vir à Bahia e da Bahia para a África".

O encerramento do Radioca foi feito da melhor forma, no meio do Pitiú com a paraense Dona Onete. Ela é aquela avó que eu e você queríamos ter; distribui ousadia e alegria no palco e faz um carimbó chamegado cheio de suingue e letras libidinosas. Foi massa demais ver essa senhorinha de 77 anos fechando o festival com um som que reverencia sua cultura e colocando um monte de jovem pra suar e querer que a próxima do edição do evento chegue logo.

JosyAra

Carne Doce

Jards Macalé

Karina Buhr

Giovanni Cidreira

Retrofoguetes

Aláfia

Dona Onete

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