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Música

Bandas Punk Fazem os Piores Clipes

O que faz as bandas punk fazerem clipes tão ruins? Será que é porque os caras não são fotogênicos? Ou talvez seja devido ao baixo orçamento da produção dos vídeos?

O punk rock tem, em tese, tudo para gerar clipes ideais. Normalmente temos uma banda veloz tocando músicas velozes para públicos cheios de entusiasmo. Tem as palavras "video ao vivo" escritas na testa, correto?

Infelizmente, tem sido mais comum que os clipes de bandas punk sejam uma merda do que o contrário. Quer isso seja causado pela falta de recursos financeiros ou pelo fato de que algumas bandas não são fotogênicas, parece que os punks simplesmente não sabem fazer um bom clipe. Examinemos as evidências.

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SNAPCASE – "COAGULATE"

O clipe "Péssima viagem de cogumelo"

Num certo momento, o Snapcase provavelmente foi a maior banda hardcore em atividade, influenciando tanto as bandas punk quanto a cena "pós-hardcore" que surgiu no início dos anos 2000, e eles lançaram vários discos de qualidade. Apesar de tudo isso, a banda simplesmente nunca conseguiu fazer um bom clipe, e não por falta de tentativa – eles lançaram pelo menos cinco clipes durante a carreira, indo do "VHS granulado de um show hardcore em Buffalo" ("Cognition") ao "Essa porra é Kings of Leon?" ("Synthesis of Classic Forms"), mas o pior, de longe, é o de "Coagulate".

"Coagulate" começa com o agradável visual de passar a 140 km/h pelas curvas de um edifício-garagem, que é minha definição pessoal de inferno. Quando a música começa, os membros do Snapcase são copiados e colados no background do estacionamento, e os diretores do clipe aceleram e desaceleram seus movimentos, porque sim, porra!, enquanto uma mulher corre por cima de um monte de telhados, tendo por fundo uma paisagem nublada, sobre a qual ela também foi colada. Então o breakdown começa e ela pula do telhado. Daí ela cai em pé. Daí, a nossa heroína emplastrada anda até outra paisagem animada aparentemente inspirada por drogas, enquanto o vocalista do Snapcase grita triunfantemente, “HOO CHA HOO CHA TO BREAK THA BLOOD CLOT” pela última vez.

NOFX – "FRANCO UNAMERICAN"

O clipe "Jibjab"

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A eleição presidencial norte-americana de 2004 não foi, para dizer o mínimo, uma eleição engraçada. Mas menos engraçado ainda do que os debates sobre a direção da economia americana ou a Guerra ao Terror que estava em andamento foi aquela merda de vídeo do JibJab. Era um vídeo animado que usava a música "This Land Is Your Land" para fazer os candidatos tirarem com a cara um do outro da maneira mais estúpida e artificial possível.

Enquanto o restante de nós revirava os olhos para esta babaquice, o NoFX decidiu que o clipe de "Franco UnAmerican", do disco The War on Errorism (ou Rock Against Bush Só que Mais Pesado), seria baseado nessa patetice de vídeo animado imbecil, que também serviu de precursor para vídeos contendo letras que algumas bandas soltam hoje em dia. Aliás, bandas: parem de fazer clipes com letras.

TRANSIT - "LONG LOST FRIENDS"

O clipe "Ninguém sabe a letra, pessoal"

O pessoal do Transit teve a ideia certa nesse aqui – é uma banda punk que fez um monte de shows pequenos em Massachusetts, então por que não simplesmente juntar um monte de amigos numa sala e fazer um show, e filmar um clipe desse show, correto?

O problema é que o Transit virou uma banda completamente diferente logo antes que essa faixa fosse lançada, e, por isso, havia uma porrada de garotos hardcore e do pop punk surfando por cima da galera e apontando o dedo nos momentos cruciais, enquanto viam essa banda tocar um emo bonitinho. É como se você pusesse um monte de esquisitões de meia-idade numa sala para ver o Kenny G, e daí aparece a banda nova dele, Fishbone, e começa a tocar ska, mas os caras ainda tentam fingir que conhecem as notas das músicas, ou as notas do sax, ou sei lá o que.

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E também estou bem certo de que um monte dos que estão na plateia desse clipe estão usando crachás ou etiquetas com nome. Não me pergunte o motivo.

GUTTERMOUTH – "WHISKEY"

O clipe "Nódoa dos anos 90"

A década de 90 foi uma época bem legal, a maior parte do tempo. Os desenhos eram bons, a economia dos EUA não estava completamente fodida, e para o punk rock, os anos 90 foram a década de entrar com tudo no mainstream, de Nirvana a Green Day, passando por Blink-182.

Mas os anos 90 tiveram seu lado negro. E esse era o de que, toda vez que uma banda punk tentava fazer um clipe com algum tipo de enredo, era sempre exatamente o mesmo enredo (ver: o clipe de "Dammit"). E esse enredo era podre pra caralho. Mas quando o antagonista desse vídeo é um cara rico, branco e sem camisa, que aborda uma situação delicada com um "ei, ela não te ama mais", fica claro que o Guttermouth pegou essa tendência e tomou posse total dela. O único lado positivo é que o cara do Guttermouth não consegue "voltar com a garota" no final, como acontece no final de todas as outras narrativas dessa década pateta.

BAD RELIGION – "INCOMPLETE"

O clipe "Você vai ter uma convulsão e pedir bis, seu merdinha"

As celebridades do punk rock do Bad Religion fizeram essa coisa em 1994, quando lançaram um disco por uma grande gravadora. Stranger Than Fiction foi na verdade um disco bem foda, e essa é uma das melhores faixas, mas porra, o início desse clipe é uma aula de epilepsia, e depois acontecem literalmente um milhão de outras coisas até o fim da música, incluindo filmarem Greg Graffin por oito ângulos diferentes, mostrar um monte de tomadas do público num festival desconhecido, trechos de filmagens de shows ao vivo, uns garotos andando de skate, e então de volta para as luzes causadoras de convulsões e um monte de garotos fazendo roda punk no tal festival. Escolham uma ou duas coisas só e diminuam as luzes estroboscópicas, parceiros. Isso foi a música alternativa da MTV dos anos 90 condensada num único clipe.

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PENNYWISE – "HOMESICK"

O clipe "Afirmação política, mano"

Tudo nesse clipe é muito, muito ruim. A qualidade do vídeo; as estatísticas de mortes causadas por armas de fogo em vários países piscando na tela; o enredo, em que um garoto raspa o cabelo, arranja uma arma e mata alguém; os close-ups em preto e branco de Jim Lindberg; e o lento fade-in das estatísticas de morte por armas de fogo nos Estados Unidos no final, que tenta causar o efeito "ISSO VAI EXPLODIR A SUA CABEÇA". Se o Upworthy fosse um clipe punk ruim, seria esse clipe punk ruim.

SOCIAL DISTORTION – "MACHINE GUN BLUES"

O clipe "CARALHO QUE PORRA É ESSA"

Faça-se um favor: abra uma nova aba e procure na Wikipédia a entrada sobre Hard Times And Nursery Rhymes, o disco do Social Distortion lançado em 2010. Então olhe a seção "History". Deixa eu facilitar e colocar o link aqui pra vocês. Vou esperar aqui para ver se aparece alguém que possa me dizer se há qualquer tipo de tema nesse disco que justifique fazerem a porra de um curta-metragem passado nos anos 30 estrelando Mike Ness no papel de um assaltante de bancos com uma tatuagem na maçã do rosto. Eu amo tudo nesse vídeo, da mesma maneira que alguém ama Troll 2. Os efeitos sonoros são excelentes, especialmente quando eles batem no policial com o pé de cabra. A maneira que Mike Ness reage quando percebe que matou uma mulher, que é a negação com a cabeça menos convincente de todos os tempos. A morte cruel do "Sick Boy" (o nome que ele escolheu para esta obra de arte), que pelo visto é o assaltante de bancos de pior mira a ter conseguido um sucesso razoável na carreira. Minha única lástima é que eu gostaria que a Epitaph tivesse esticado isso e feito uma odisseia de três horas estrelada exatamente pelos mesmos atores.

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Paul Blest está no Twitter, respondendo a chamadas de casting para clipes - @danozzi

Tradução: Marcio Stockler

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