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Música

Paola Rodrigues faz uma ode à internet no EP '<3 WIFI'

Emprestando referências cloud rap dos sadboyz e na sintonia do rock triste mineiro, a baiana radicada em BH lança seu segundo trabalho pela Geração Perdida.

A Geração Perdida de Minas Gerais contém uma boa gama de diferentes sons, mas uma questão sempre foi pertinente à arte produzida pelo coletivo — as questões de existência, de vida e de morte, desagradáveis, "coisas que ninguém falar a respeito numa conversa de padaria." Seja nas guitarras distorcidas da Lupe de Lupe ou na tensa poesia de Marcelo Diniz, o desconforto de estar vivo e de esperar a morte pacientemente parecem sempre estar presentes nos trabalhos lançados pelos membros do coletivo desde meados de 2011.

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A Paola Rodrigues, baiana radicada em BH, não é exceção à (subentendida) regra. No seu primeiro álbum, Perdida (2014), a artista parecia tentar canalizar, nas 11 faixas do trabalho, energia o bastante para exorcizar os demônios concretos sobre os quais canta (ou fala?) sobre instrumentais soturnos. Nessa quarta (17) ela lança seu segundo trabalho pelo coletivo.

<3 wifi <="" i="">é, segunda Paola, uma ode à internet e ao contato com o mundo lá fora que esta a proporcionou. "Quando eu era adolescente, a internet foi o lugar onde eu encontrei as pessoas que eu achava que eram mais como eu. Eu costumava escrever num blog sobre a minha vida mesmo e sempre pensei muito sobre morte", conta.

Os temas existenciais ainda permeiam o som da artista, mas a sonoridade deu um salto numa direção bem sadgirlz, por assim dizer: as batidas ainda soturnas, mas um pouco mais rítmicas, e flow um tanto spoken word lembram um som que uma galera feito o Bones e o Yung Lean estão fazendo lá fora — que veio a ser conhecido como o som dos "sadboys" por conta do coletivo de Yung Lean, a Sad Boys Entertainment. As dancinhas do clipe do primeiro single do EP, "N1NH0", lançado na última segunda (14), também seguem a mesma linha:

"Nesse EP eu tava totalmente perdida (haha) no começo, eu não tinha um produtor pros beats, eu não sabia exatamente em que estilo seguir, mas acho que o resultado foi tudo que eu vinha fritando durante esses dois anos de hiato: maior influência de rap, cloud, noise e os assuntos que são basicamente uma busca do 'como viver bem?'", conta Paola.

O disco foi produzido por André Pádua, do Coletivo Minhoca da Terra, também de BH. Segundo a artista, o processo de composição de <3 wifi="" <="" i="">foi muito mais trabalhado que o de seu primeiro projeto: "Eu tinha conseguido um esquema de trampo na Alemanha e em 1 ano, passei seis meses lá em idas e vindas. Isso me atrasou um pouco, mas também me obrigou a analisar as músicas com mais paciência, ajustar mais as letras e também me deu a possibilidade de comprar todo o equipo que eu tava querendo pra gravar e tocar" diz. "No final das contas, essas viagens também fizeram a gente ser mais paciente e perfeccionista… Até chegar o momento da gente sentar aqui no quarto e gravar com todo o equipo necessário e os beats prontinhos, a gente sofreu demais com gravação de celular e flow feioso."

Ouça <3 wifi<="" i="">:

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