Relembrando o clipe que inspirou “Baby Driver” de Edgar Wright

Matéria original do Noisey UK.

Fato: Baby Driver (que aqui no Brasil recebeu a maravilhosa tradução Em Ritmo de Fuga) é um dos melhores filmes do ano e você precisa assistí-lo. Nenhuma mentira até então, exceto as que você se conta e que te impedem de ir no cinema ver um filme do qual todos estão falando. Mas pra você que já viu: parabéns por conferir mais cor à sua vida.

Fato bônus: o filme quase não foi produzido pois seu diretor Edgar Wright teve a ideia do argumento ao dirigir o clipe de uma banda de Manchester chamada Mint Royale, lá no começo dos anos 2000.
Em entrevista à GQ, Wright explicou que usou o conceito do filme em um momento de pânico e bloqueio criativo. "De cara, fiquei puto comigo mesmo. Gastei a ideia de um filme genial com um clipe", disse. "Mas aí poderia ser algo que poderia apontar e as pessoas comentarem 'Ah, seu filme parece Drive ou seu filme parece com Guardian' e então lhes diria 'deixa eu te mostrar esse clipe que fiz em 2003'."

E aqui, senhoras e senhrores, procrastinadores de escritório e estudantes, eis o clipe de "Blue Song", do Mint Royale.

Você tem olhos, é claro. Mas caso você seja aquele tipo de pessoa que lê antes de assistir algo, o clipe conta com Noel Fielding, Julian Barratt e os parceiros frequentes de Wright, Nick Frost e Michael Smiley — que também apareceram em Chumbo Grosso e Spaced, respectivamente. Desde o início dá pra sacar como esse clipe é meio que a base de Baby Driver.

Se você viu o filme, não quer nem saber (por que você está aqui?) ou não liga pra spoilers, dá pra traçar paralelos entre "Blue Song" e a cena inicial de Baby Driver. De uma forma ou de outra, a única diferença mesmo é a existência do personagem interpretado por Noel Fielding numa época em que o iPod era pouco mais que um devaneio de Steve Jobs. Isso e o fato de que o longa se passa em Atlanta, já o clipe retrata o personagem Fielding como alguém que possivelmente está tentando arrumar drogas em alguma boca de Clerkenwell.

Tendo assistido Baby Driver, é legal ver o ciclo se fechar, já que há uma cena do filme em que Baby passa por vários canais de TV e para por um instante ao assistir trechos de "Blue Song". Para quaisquer aspirantes a diretor ou criativos por aí, a existência de "Blue Song" e Baby Driver é uma lição de quanto pode demorar até criar sua obra dos sonhos, o que sinceramente deveria te inspirar a não desistir de tudo após três semanas comendo miojo, como algumas pessoas acabam fazendo — ou de abrir mão de uma ideia mesmo quando partes dela já foram usadas por aí.

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