FYI.

This story is over 5 years old.

Música

Drogas, sucesso e Ryan Adams acabaram com o Strokes, segundo novo livro

A tese é sustentada em nova publicação sobre o rock and roll nova-iorquino do começo dos anos 2000.
Lauren O'Neill
London, GB

Matéria originalmente publicada no Noisey US .

Para quem cresceu fora de Nova York (todos nós), a cidade parecia um celeiro místico musical durante a primeira década deste século. Esta união de lugar, época e música incrível é tema de um novo livro, o Meet Me in the Bathroom: Rebirth and Rock and Roll in New York City, 2001-2011, de autoria da escritora nova-iorquina Lizzy Goodman.

Hoje a Vulture disponiliza trecho da publicação (em inglês), referente à queda de uma talvez uma das mais seminais bandas do rock nova-iorquino, The Strokes. No formato de uma longa narrativa oral, o trecho revela os tropeços do grupo, incluindo o uso de heroína de Albert Hammond Jr., um sucesso estrondoso que não se refletiu em vendas e, veja só você, Ryan Adams:

Publicidade

Albert Hammond Jr.: Lembro de Julian ameaçando descer a porrada no Ryan [Adams] se ele desse rolê comigo, um lance meio protetor. Alguém falou pra ele que Ryan havia me dado heroína, então ele disse "Se você aparecer no meu apartamento com heroína mais uma vez, te desço o cacete". Eu não estava usando tanto a parada até Ryan aparecer, ele foi uma má influência, com certeza.

Aparentemente Adams, com quem a banda dividia um agente no começo, Ryan Gentles, não fazia lá muito bem para Hammond Jr. O músico discorda, é claro, e fez o seguinte comentário sobre sua saída forçada de cena:

Ryan Adams: Tudo aconteceu de forma bastante dramática. Me pediram para encontrar uma única pessoa num bar, quando cheguei lá estavam a banda e Ryan. Meio que me deram um sermão, um sermão hipócrita, então me disseram que não faria mais parte do rolê deles. Foi bem estranho, mas foi fácil me colocar ali como um problema. Suspeitava que logo descobririam que o problema não era eu. "Suspeitava que logo descobririam que o problema não era eu" provavelmente foi a coisa mais próxima daquele emoji passando esmalte na unha que Ryan Adams ou qualquer pessoa já disse na história do mundo.

Com Adams fora de cena, a história parece ter seguido como tantas outras do panteão roqueiro: sucesso e drogas levaram à queda final. Arruinada pelo terceiro disco, pouco reconhecimento comercial e um integrante viciado em heroína (Hammond Jr. chega a pedir desculpas em determinado momento da história: "Me desculpem por arruinar os sonhos de todos. Não sei se ainda estão putos comigo" e essa é a hora que em qualquer um lendo cai morto de tristeza, só avisando), a banda estava em um momento crítico:

Austin Scaggs (jornalista): Vi a bolha do Strokes estourar quando fui pra América do Sul e Brasil junto com Kings of Leon, Arcade Fire e Strokes para uma série de shows. "Ryan, eu levo a câmera e vou documentar isso, filmar tudo que puder e você fica com o que interessar. Eu pago minha passagem", disse. Sinceramente, achei que seria uma parada meio Led Zeppelin, quando você chega num quarto com a cama cheia de mulheres. Pensava que seria uma orgia depravada gigantesca de álcool e drogas. Foi bem o contrário. Sendo bem sincerão, os Strokes estavam ruindo diante dos meus olhos, bem ali diante da câmera. Rolava muito ressentimento e tensão. Quando voltei pra casa só conseguia pensar "Rapaz, não foi nada do que eu esperava". Não vi nenhuma garota pelada durante a viagem inteira.

Por mais que a banda nunca tenha terminado oficialmente, desde então os Strokes nunca mais foram os mesmos. Por isso eles são o exemplo perfeito do que acontece e como acontece quando lugar, hora e uma banda muito especial se juntam, criando ali algo icônico. O trecho liberado do livro de Goodman mostra bem isso.

Tradução: Thiago "Índio" Silva