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Música

Skinny É um Rapper Saudita que está Recebendo Ameaças de Morte por Causa de suas Músicas sobre Xoxota

E o pai dele também não curtiu muito suas tatuagens.

Foto por Adrian J

Opa, James na área. Sou o cara que escreveu a matéria sobre os rappers dos Emirados Arábes Unidos. Depois que escrevi isso, um monte de gente me mandou e-mails falando sobre a música deles –a maioria era uma bosta. PORÉM, recebi um email no dia seguinte do Skinny, um rapper nascido na Arábia Saudita que está morando em Los Angeles. E a real é que ele é bem bom.

O Skinny é um cara bem interessante. Ele é um muçulmano saudita cuja última música se chama “Pussy, Money, Kush”. Como você pode imaginar, essa música não recebe muitos comentários felizes dos compatriotas do Skinny que não concordam com o que ele está fazendo (“você vai queimar no inferno”, “você merece morrer”, esse tipo de coisa). Ele tem um estilo parecido com o Lil’ Wayne e parece ser gente fina, não alguém que deveria ser morto por fundamentalistas nervosos.

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Skinny nasceu e cresceu em Jeddah, conhecida por ser a cidade mais “aberta” da Arábia Saudita, o que é o equivalente a dizer “que é o jurado mais bacana do The Voice” ou o “ditador árabe mais bonito”. Lá, Skinny nasceu no mercado negro de fita cassetes. A Arábia Saudita não é muito conhecida pela troca de música rap.

Já rolaram alguns olhares de desdém para a cultura de hip-hop saudita. Qusai é um rapper de lá que é relativamente conhecido no mundo árabe como um artista de hip-hop e apresentador de TV, mas sua música sobre como ele ama seu pai (não confunda com a música do grupo saudita Desert Heat sobre suas mães) segue um caminho diferente do Skinny, que consegue se afastar da falsa profundidade que envolve o rap arábe. “Pussy, Money, Kusk” (por mais que soe como algo chupinhado do A$AP Rocky) tem um vídeo cheio de rabinos e sheikhs dentro de saunas, mulheres usando lingerie e balaclavas e um padre anão.

Foto por Mason Zain Qual é o conceito por trás dessa orgia de fé? “Eu só queria mostrar paras as pessoas que entendo que nós não nos damos bem politicamente, mas quando saímos do país, conhecemos as pessoas e damos um rolê com elas, todos nós curtimos as mesmas paradas”. Nesse caso, xoxotas, grana e maconha.

Com respostas assim não é uma surpresa que um artigo da Gazeta Saudita tenha chamado o Skinny de “brincalhão ambicioso”.

Mas ele é ambicioso de outras maneiras também. Ele foi chamado para fazer shows no Oriente Médio, e ele realmente quer fazer isso –mas não apenas uma turnê regional de rapper iniciante. “Quero fazer uma turnê gigante… não quero tocar em uma balada. Eu quero uma turnê em um estádio.”

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Parece que ele conseguiu um show em Dubai para o ano que vem. Ele adoraria fazer alguma coisa na Arábia Saudita, mas as chances são pequenas. “Talvez quando eu for maior” é tudo que ele fala.

Ele mora em Los Angeles agora, mas em seu país natal existem pessoas que prefeririam que Skinny não voltasse. “As pessoas dizem que irei cadeia quando voltar pra casa, que vou ser decapitado –alguns comentários malucos. É estranho, parece que estão empacados nisso –sem querer menosprezar ninguém, mas acho que eles não estão acostumados ainda, as pessoas não entendem. Não acho que vão entender até que role uma popularidade – “Olha só, ele está no E!, ele é legal agora.”

Foto por Adrian J

Skinny diz que, apesar da sua música hedionista, ainda é um bom garoto muçulmano. Se mantém longe do álcool, reza regularmente e é “muito próximo de Deus.” Mas ao fazer letras como “desculpe padre, eu pequei/acabei de falar pra essa gatinha vir aqui tirar minha roupa com sua irmã gêmea”, ele entende porque as pessoas estão questionando sua fé. “É uma expressão, é arte, não estou falando para usarem drogas, só estou contando minha vida… é apenas uma música, cara. E eles não compreendem o conceito de uma mixtape, é apenas –não sei- você tem que segurar a bronca, sobre o que mais eu posso fazer um rap? As outras coisas que eu vou lançar vão ser bem legais. Definitivamente quero fazer música mais pessoal, mais melódica e mais real. Mas eu não posso lançar isso agora, as pessoas não me conhecem. É como se um estranho aparecesse falando para você sobre os problemas dele e você fica tipo ‘Olha, eu nem te conheço, por que devo me importar?’ Tenho que lançar minhas músicas mais ignorantes primeiro para conseguir alguma atenção e aí falar ‘Aproveitando, escuta minhas músicas de verdade agora.’”

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Mas existem outras escolhas que o Skinny não pode esconder. Ele possui oito tatuagens permanentes, o que é considerado haram (sim, ”queimar no mármore do inferno” e aquela parada toda) pela maioria dos muçulmanos. “Eu tenho o Biggie, o Tupac, o Frankenstein e a Marilyn Monroe – não dá para ter beleza exterior sem ter beleza interior. Eu tenho também o Bob Marley, eu tenho o Elvis, Benjamin Franklin e minha mãe.”

Os pais deles sabem? “Vi que meus primos estavam curtindo minhas fotos no Facebook, mas eles nem sabem que eu sou o primo deles! Isso que é a coisa maluca. Mas sim, tive que ligar pro meu contar e contar. Ele falou “Você fez uma tatuagem?” e eu disse “Não, eu fiz um monte de tatuagens, você iria descobrir de qualquer forma, então é melhor ficar sabendo por mim primeiro.”

Enquanto o rap do Oriente Médio continua lutando contra sua própria identidade, preso entre um hip-hop falso que venera os pais e uma ostentação esquisita sobre uma riqueza não merecida, Skinny, apesar de sua atitude muito espontânea, está conquistando novos terrenos. Pelo menos, sua música é muito ouvível e seus vídeos realmente parecem que foram feitos por um rapper de verdade.

“Essa é minha mensagem para meu país natal. Espero que eu possa mostrar como um vídeo de música realmente deve parecer. Não tem uma Hummer, não tem correntes de ouro e nem tatuagens de canetinhas nos dedos.”

Reppin’ the Gulf.

Siga o James no Twitter: @duckytennent