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Música

A História Visual do Underground Paulistano nos Flyers do MZK

Combinando HQ’s, filmes de terror, desenhos animados, máscaras primitivas, mapas, robôs, tambores e outros fragmentos, o trampo do artista ilustra 25 anos de rolê alternativo.

Nem só de músicos vive a música. Na coluna A Cor do Som, vamos atrás dos artistas visuais que contribuíram para a cena musical brasileira, caçando os ouros do baú de cartazistas donos de abrangentes portfólios para contar as suas histórias.

Desde os anos 1960, em diversos guetos do mundo, a cultura dos cartazes e flyers de shows caminha em expressão paralela à música. É um lance que remonta aos tempos dos hippiezeras, dos primórdios do punk, do reggae, do rap, do techno, das raves e outras tantas manifestações que nasceram da inquietude. Inúmeros artistas construíram seu legado e identidade elaborando artes e colagens para tais plataformas – o MZK é um desses nomes, cuja evolução estética traça uma linha do tempo da própria metamorfose sofrida pelo cenário local ao longo dos últimos 25 anos.

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Mauricio Zuffo Kuhlmann é um conhecido ilustrador, artista gráfico e visual e DJ para quem acompanha o underground paulistano das festas, clubes e shows independentes. Ele começou a trampar com desenhos e artes gráficas no começo dos anos 1990, mesmo período em que já frequentava os eventos do circuito.

“Nos locais que eu frequentava tinha muito flyer com estética punk e psicodélica, a maioria feita em xerox ou offset com uma cor sobre papel colorido, em geral com influência gringa”, conta o artista. “A maioria dos flyers que fiz foi pra festas em que discotequei, por isso tenho mais artes ligadas à cena de groove, mas esse é um recorte pequeno dentro do que acontece na cena de São Paulo, que é bem grande”. Os clubes para os quais ele mais produziu flyers foram o Jive, Matilha Cultural e Boteco Prato do Dia. Entre as festas frequentemente contempladas, destacam-se a Jive Nite, Mondo Cane, Virado à Paulista, Safári e Festa Fela, além do grupo de música instrumental Bixiga 70.

“Gostei muito de ter feito cartazes para a Velvet Underground e Hell's Club. E também para um show que o Los Sea Dux, banda em que eu toquei, fez com Thaíde & DJ Hum”. MZK começou como editor do fanzine Tattoo Comics em 1989, aventurando-se numas histórias em quadrinhos e ilustrações que mais tarde migraram para outras plataformas: papelão, placas de Eucatex, tecido, tela e, naturalmente, os muros e paredes. “No começo trabalhei com paste-up, letraset e desenho, depois comecei a escanear os desenhos e a diagramar o texto no computador. Hoje, além do digital, também tenho feito pôsteres artezanais estilo xilogravura com matrizes de E.V.A.”, detalha.

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Seu estilo combina uma pá de referências tiradas de HQ’s, filmes de terror, desenhos animados, máscaras primitivas, mapas, robôs, tambores africanos e fragmentos da cultura pop em geral. Nesta semana, entrou em cartaz na Matilha Cultural a exposição Voadores, que vai até o dia 29 de maio e faz um apanhado justamente desse rolê gráfico do MZK pelos shows e festas da cidade. Tem um monte de coisas raras por lá que você bate o olho e comenta involuntariamente com quem estiver do lado: “Caraca, essa época era foda!”. E rolava mesmo muito pogo, bate-cabeça e fritação. Columbia, Retrô, Aeroanta, Der Tempel… Só picos crássicos!

Daí que eu entrei em contato com o MZK e pedi para que ele escolhesse alguns flyers do seu arquivo. Assim, que não fossem necessariamente os mais primorosos, mas aqueles que conservam um valor histórico ou afetivo mesmo. Ele levou alguns dias e apareceu com a seleção abaixo. Sente a brisa:

Pavilhão 9

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