Os capixabas do Mukeka di Rato continuam a saga de promoção do álbum Atletas de Fristo (2011) lançando clipes engraçados - ou, tragicômicos, como prefiram. Depois de "Pedra", "Croca" e do vídeo para a faixa-título, o Noisey te oferece em primeira mão o resultado da transposição audiovisual da música "Lua Cheia". A missão caiu no colo do pessoal da Camarão Filmes & Ideias Caóticas, que já tinham um trampo para o Mukeka no currículo e cuja estética você deve conhecer de outros clipes feitos para bandas conterrâneas como o Merda e Morto Pela Escola .A letra da música, que fala da ameaça representada por um lobisomem a uma certa comunidade, diz, numa das mais inspiradas passagens: "O contato com esse bicho tem alta periculosidade. Nunca se sabe o que está por trás de sua aparente bondade. Como será o fim? Pra você ou pra mim, se não exterminamos o homem não haverá final feliz". E é o que de fato acontece no desenrolar do clipe, os caras não só matam o lobisomem como fazem de sua carcaça um puta banquete… O resultado é tipo um curta musicado.A Camarão hoje é formada por três figuras: o Alex Vieira, o Raphael Genuíno e o Alexandre Brunoro, com quem conversei para a entrevista a seguir. O foco do trabalho deles, desde quando começaram, em meados de 2001, é a ficção independente. Naquela época, a produtora era formada por um grupo de moleques que juntavam-se nas férias para rodar filmes contextualizados na cidade de Vila Velha. O equipo era basicamente uma câmera VHS do pai do Alex e o sistema de edição compunha-se de dois videocassetes.Eles fizeram três curtas assim: O Homem que Caga Sangue (2001), o clássico Trash Master: O Mestre dos Lixos (2002) e Baralho é o Caralho (2003). Depois os caras começaram a se ocupar com outros projetos, como trabalhar, namorar e fazer faculdade, e a empreitada da Camarão ficou de lado. Mas em 2011 eles voltaram cheios de gás, e a parada segue rendendo frutos. Acompanhe o papo que tive com o Alexandre:Passado aquele hiato nos trabalhos de vocês, como foi a retomada das produções, já no esquema digital e com mais recursos?
Voltamos a nos reagrupar em torno do filme Confinópolis: A Terra dos Sem-chave, rodado já num esquema digital no qual utilizamos os conhecimentos e experiências adquiridas durante esse intervalo com a Camarão. Todo o grupo acabou desenvolvendo pesquisas relacionadas às artes. Nós três [Alex Vieira, Raphael Genuíno e Alexandre Brunoro] cursamos artes visuais e plásticas na universidade e participamos de outras produções audiovisuais. Guido Imbroisi cursa arquitetura e produz ilustrações e quadrinhos.Vocês ganharam uma grana nessa empreitada do clipe novo do Mukeka di Rato ou o lance foi feito na camaradagem?
Não ganhamos nenhuma grana para o clipe de "Lua Cheia". O trabalho foi uma parceria entre a Camarão Filmes e o Mukeka. A Camarão acreditou na ideia, no argumento do clipe e viu ali uma possibilidade bacana para desenvolver um trabalho audiovisual. Entramos com todo o trabalho de produção e execução, e o Mukeka entrou com a verba para os custos dessa produção, que não incluiu nenhum pró-labore.Em termos de produção/edição, o processo foi demorado ou trabalhoso?
A produção e edição de vídeo são naturalmente processos demorados e trabalhosos. A falta de recursos materiais e financeiros dificulta ainda mais essas etapas, pois não são permitidos erros. O planejamento é feito exatamente para que não haja nenhum gasto além do que foi previsto. A pré-produção durou cerca de dois meses. A fotografia foi toda pensada de acordo com nossas possibilidades, utilizando recursos baratos e que dessem um bom efeito no vídeo e estivessem de acordo com a proposta do roteiro.A fotografia e a iluminação ficaram muito legais, foi usado que tipo de equipamento na captação das cenas?
Na iluminação foi usada bastante a luz do fogo, de lanternas, farol do carro, spots de jardim, pisca-piscas e um LED emprestados. Geralmente rola muita improvisação nessa parte. Os equipamentos de que dispomos para captação são simples, da própria Camarão ou de amigos e pessoas próximas. Nessa produção foi utilizada uma câmera DSLR Canon t3i e um gravador de áudio Zoom H4n. Outro ponto importante, e que merece ser falado, é sobre toda a boa vontade dos amigos e parceiros que abraçaram a causa, se dispondo a fazer o clipe sem receber, apenas por acreditarem na ideia e por serem pessoas realmente sensacionais. Deixamos aqui um abraço apertado para todos que participaram dessa produção, para a equipe e grupos parceiros, como a Editora Intuitiva e Ethos Diálogos Visuais.Vocês partiram de um roteiro para ilustrar a história ou pegaram a própria letra como referência e saíram experimentando situações?
O Fábio Mozine, baixista do grupo e dono da Läjä Records, chegou até nós com um argumento pronto para o clipe. A partir disso e da música/letra de "Lua Cheia" fomos roteirizando e pensando nas cenas e situações para a execução do vídeo.Como que rolou essa parceria pra fazer o clipe novo do Mukeka? Sei que vocês já assinaram aquele clipe pra faixa "Atletas de Fristo". Tem outros trampos que já rolaram para a banda? Ou para outras bandas da cena local?
A parceria se deu principalmente pelo Mozine, com quem estamos em constante contato. Para o Mukeka di Rato, fizemos apenas esses dois trabalhos, mas no fim de 2011 e começo de 2012, gravamos três clipes para o Merda, respectivamente " Choripan", "Change My Way" e "Índio Cocalero", do disco homônimo de 2012. Antes, havíamos feito alguns clipes do Morto Pela Escola ( "Eu Odeio o Sistema de Transporte Coletivo", de 2006; "Homem Sorriso", de 2010; e "Marky Ramone", de 2011). Também fizemos o clipe da banda ERRO ( "Asa Martelo", 2013) e para a banda gaúcha Ornitorrincos ( "Seguridad vs Inseguridad", 2013), ainda inédito.Os caras da banda opinaram muito na produção do clipe? Teve alguma passagem que pediram para refazer ou abordar de outro jeito?
O cara da banda que mais opinou foi o Mozine, mas apenas fez alguns comentários, nada impositivo. Outros amigos que possuem uma vivência e um olhar mais técnico nos ajudaram também dando alguns toques. Mas no geral ficou tudo em nossas mãos mesmo.
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Voltamos a nos reagrupar em torno do filme Confinópolis: A Terra dos Sem-chave, rodado já num esquema digital no qual utilizamos os conhecimentos e experiências adquiridas durante esse intervalo com a Camarão. Todo o grupo acabou desenvolvendo pesquisas relacionadas às artes. Nós três [Alex Vieira, Raphael Genuíno e Alexandre Brunoro] cursamos artes visuais e plásticas na universidade e participamos de outras produções audiovisuais. Guido Imbroisi cursa arquitetura e produz ilustrações e quadrinhos.Vocês ganharam uma grana nessa empreitada do clipe novo do Mukeka di Rato ou o lance foi feito na camaradagem?
Não ganhamos nenhuma grana para o clipe de "Lua Cheia". O trabalho foi uma parceria entre a Camarão Filmes e o Mukeka. A Camarão acreditou na ideia, no argumento do clipe e viu ali uma possibilidade bacana para desenvolver um trabalho audiovisual. Entramos com todo o trabalho de produção e execução, e o Mukeka entrou com a verba para os custos dessa produção, que não incluiu nenhum pró-labore.Em termos de produção/edição, o processo foi demorado ou trabalhoso?
A produção e edição de vídeo são naturalmente processos demorados e trabalhosos. A falta de recursos materiais e financeiros dificulta ainda mais essas etapas, pois não são permitidos erros. O planejamento é feito exatamente para que não haja nenhum gasto além do que foi previsto. A pré-produção durou cerca de dois meses. A fotografia foi toda pensada de acordo com nossas possibilidades, utilizando recursos baratos e que dessem um bom efeito no vídeo e estivessem de acordo com a proposta do roteiro.A fotografia e a iluminação ficaram muito legais, foi usado que tipo de equipamento na captação das cenas?
Na iluminação foi usada bastante a luz do fogo, de lanternas, farol do carro, spots de jardim, pisca-piscas e um LED emprestados. Geralmente rola muita improvisação nessa parte. Os equipamentos de que dispomos para captação são simples, da própria Camarão ou de amigos e pessoas próximas. Nessa produção foi utilizada uma câmera DSLR Canon t3i e um gravador de áudio Zoom H4n. Outro ponto importante, e que merece ser falado, é sobre toda a boa vontade dos amigos e parceiros que abraçaram a causa, se dispondo a fazer o clipe sem receber, apenas por acreditarem na ideia e por serem pessoas realmente sensacionais. Deixamos aqui um abraço apertado para todos que participaram dessa produção, para a equipe e grupos parceiros, como a Editora Intuitiva e Ethos Diálogos Visuais.Vocês partiram de um roteiro para ilustrar a história ou pegaram a própria letra como referência e saíram experimentando situações?
O Fábio Mozine, baixista do grupo e dono da Läjä Records, chegou até nós com um argumento pronto para o clipe. A partir disso e da música/letra de "Lua Cheia" fomos roteirizando e pensando nas cenas e situações para a execução do vídeo.Como que rolou essa parceria pra fazer o clipe novo do Mukeka? Sei que vocês já assinaram aquele clipe pra faixa "Atletas de Fristo". Tem outros trampos que já rolaram para a banda? Ou para outras bandas da cena local?
A parceria se deu principalmente pelo Mozine, com quem estamos em constante contato. Para o Mukeka di Rato, fizemos apenas esses dois trabalhos, mas no fim de 2011 e começo de 2012, gravamos três clipes para o Merda, respectivamente " Choripan", "Change My Way" e "Índio Cocalero", do disco homônimo de 2012. Antes, havíamos feito alguns clipes do Morto Pela Escola ( "Eu Odeio o Sistema de Transporte Coletivo", de 2006; "Homem Sorriso", de 2010; e "Marky Ramone", de 2011). Também fizemos o clipe da banda ERRO ( "Asa Martelo", 2013) e para a banda gaúcha Ornitorrincos ( "Seguridad vs Inseguridad", 2013), ainda inédito.Os caras da banda opinaram muito na produção do clipe? Teve alguma passagem que pediram para refazer ou abordar de outro jeito?
O cara da banda que mais opinou foi o Mozine, mas apenas fez alguns comentários, nada impositivo. Outros amigos que possuem uma vivência e um olhar mais técnico nos ajudaram também dando alguns toques. Mas no geral ficou tudo em nossas mãos mesmo.