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Música

O fim da Peligro (“lembra quando a gente era tudo amigo?”)

Gui Barrela, o criador da loja virtual de discos que acabou virando festa, fala sobre a história e o legado do Santo Graal da cena que hoje chamamos de indie paulistano.

Lá pelas nove da noite chegamos no número 203 da rua Minas Gerais, em São Paulo, próximo da estação consolação do metrô. Se fosse hoje, a estação Paulista do metrô seria ainda mais próxima, mas isso foi no dia 28 de agosto de 2008 (e a nova estação da linha amarela só seria inaugurada em 2010), dia da última Peligro no antigo Milo Garage. Nós passamos o som, iríamos tocar mais tarde naquela noite. A discotecagem teve tudo o que costumava acontecer nas quintas-feiras do Milo Garage: indie esquisito, um noise violento que vinha do nada, alguma música brasileira dos anos setenta mais obscura, alguma música brasileira dos anos oitenta mais renegada, hits alternativos e coisas desconhecidas escolhidas pelo DJ Dago Donato. O cheiro de cigarro preenchia todos os espaços na pista, numa época que ainda se podia fumar dentro dos lugares então, o chão virava um tapete uniforme de uma leve lama feita de partes iguais de sujeira e Skol big neck, à época chamada de Cicarelli por causa da bocona que nos fazia beber mais e babar a cerveja barata roupa abaixo na mesma medida. Essa foi a época da minha vida descrita pelo Caxabaxa aqui. Naquele dia, por volta da meia noite, comecei a tocar com a minha banda da época, O Departamento Celeste, era um especial de covers do Pavement, a plateia cantava todas as músicas acertando toda a letra, entre as canções eu usava um sintetizador para emular os sons eletrônicos esquisitos que ligavam as músicas dos cinco discos da banda californiana.

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O DJ Dago Donato, residente da Peligro desde sempre, preparou essa lista com os maiores hits da festa.

***

A Peligro começou com Gui Barrella, o fundador e único funcionário do que um dia foi uma loja de discos: "Quando eu comecei era uma loja, só. Eu já tinha passado pela Slag [selo dos irmãos Ramos] e tive experiência como selo, e também pela Bizarre [loja de discos no centro de São Paulo responsável por importar muita música estranha dos EUA, Europa e Japão]", conta ele. O primeiro informativo por e-mail da Peligro, por exemplo, surgiu em 30 de junho de 2004, doze anos atrás. Com um catálogo rotativo de pouco menos de duzentos discos, a Peligro oferecia o melhor da música alternativa nacional e internacional. Naquele primeiro web-informativo enviado por Gu, dizia:

"A gente quer reunir toda a produção de música experimental independente no Brasil, gente cultuada por poucos, apenas por falta de informação. Além de informar, queremos oferecer. E mais, vender CD importado por preço justo. O catálogo da Peligro é selecionado a dedo, tudo pronta-entrega, nada de encomendas. A gente não é megastore, não tem site ou aceita cartão de crédito, mas com certeza temos o melhor preço."

O informativo, como todos os outros que vieram em seguida, trazia pequenos releases dos discos, escritos pelo próprio Gui, falando um pouco sobre cada disco. A maioria do material nacional era lançado por selos como Slag, Submarine, Fuzzy Nebulae, Midsummer Madness, labels que significam alguma coisa para as poucas pessoas que acompanhavam a música estranha no Brasil do começo do milênio. O primeiro dos chamados "discos da semana", CDs que a Peligro importava direto dos selos no exterior, foi Desperate Youth, Blood Thirsty Babes da banda novaiorquina TV on The Radio, o que dá uma noção não só do tipo de coisa que ia surgir na loja nos próximos anos como também o que era considerado mais "pop" dentro do seu catálogo.

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Gui Barella. Foto por Kátia Abreu.

"Com a Peligro eu tentava não ser muito obscuro, porque tinha que comprar em quantidade, mas também [tentava] não ser muito pop porque eu lidava com selo pequeno", diz Barrella sobre o catálogo da loja. "Eu tentava emplacar com os discos da semana, a maioria eram coisas que eu não escuto, mas que eu botava fé e tinham a ver com a Peligro. Eu tentava pegar algumas coisas desses selos que eram do meu gosto, aí dava pra vender um Arcade Fire e outra coisa. Da Thrill Jockey, por exemplo, eu pegava um Tortoise pra ser o disco da semana e outra coisa mais obscura. Eu falava 'me vê dois de cada desses quinze títulos.'"

Barella também fala sobre o equilíbrio entre discos obscuros e discos mais obscuros ainda. "Tinha uma fórmula que eu tentava seguir", conta ele: "O primeiro catálogo eu não paguei ninguém, eu fiz tudo consignado. Aí entrou o dinheiro eu paguei todo mundo. Depois foi o esquema normal, coisa que eu me interessava eu comprava, coisa que eu não tinha tanta certeza eu consignava. Mas o importante no começo foi que todo mundo me ajudou. Por isso eu consegui começar com zero reais", relembra o fundador sobre a aposta na música alternativa — que acabou dando certo.

A Peligro, inclusive, não deu apenas uma fonte de renda para Gui, mas uma direção de vida. "Quando eu comecei a Peligro eu estava numa encruzilhada: 'Vou procurar um emprego ou tentar fazer uma coisa minha? Se eu for fazer uma coisa minha, com que dinheiro?", lembra ele. "Foi quando surgiu esse plano de começar a Peligro só na base do cartão de crédito, e deu certo", diz ele lembrando que no seu primeiro mÊs o catálogo da loja era inteiramente consignado.

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OPEN FIELD

Antes mesmo da Peligro, Gui tinha uma banda que tocava suas composições, embora ele não tenha treinamento formal em música e não saiba tocar nenhum instrumento. Ainda tenho na memória a primeira vez que vi Blue Afternoon no Centro Cultural Vergueiro, Gui cantando seus tristes folks em inglês com seus óculos, cavanhaque, bermuda cargo, meião levantado e camiseta lisa. Se ele passasse ao seu lado no metrô você não olharia duas vezes, Gui nunca foi de querer chamar muita atenção para si mesmo, apesar de ter sido o vocalista da banda. O segundo disco da Blue Afternoon foi o primeiro álbum disponível no catálogo do seu próprio selo, que ele inaugurou para lançar música, independentemente de gênero. "O Open Field começou porque eu tava lá, trabalhando com isso. Já tinha os caminhos abertos, a oportunidade vem até você. No meu caso eu queria fazer um selo meu, todo mundo falava 'Ah, lança pela Peligro', mas eu queria separar", conta. "Eu achava que a Peligro era uma loja mesmo, não precisava ser um selo."

O resultado é que toda a edição do Radio Sessions do Blue Afternoon é especial, com uma capa feita com um design para colorir, que vinha com um giz de cera na lombada da caixa do CD. "Aí acabou sendo muito caro, a impressão era super bonita, não ficou parecendo que era CD-r. Aí eu vi que não dava pra lançar assim, se não eu não vou lançar nada, vou lançar um disco a cada dois, cinco anos. Foi então que mudei para um esquema do envelopinho, que era só o envelope com um adesivo, pra ser o mais barato possível e conseguia vender a metade do preço do outro. Aí eu lancei mais trinta e nove discos. Quarenta ao todo."

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O tipo de música que era lançada pelo Open Field era bem parecido com o que costumava rolar na festa da Peligro, que desde 2005 passou a acontecer às quintas-feiras no Milo Garage e apesar de serem bem diferentes entre si, pareciam fazer parte de um grupo maior. "Eu não queria que fosse um selo de tal gênero. Se você olhar o catálogo tem desde Tony da Gatorra, até três discos do Thomas Rohrer com Miguel Barella só de improvisação, tem o Bonifrate, tem a Lulina, eu acho bem diferente tudo isso. Uma coisa que posso falar da Peligro, da festa, que é uma coisa que sempre norteou o que a gente faz, o Neu depois também, é que a gente não ouve um tipo só de som. Então ou meu público é assim. Eu acho legal o Tony, o Thomas, acho legal a Lulina, e um monte de gente acha também. E esse é o meu público, essa era a galera que eu queria agregar, e hoje eu vejo que todo mundo é assim."

MILO

Em 2005, o Milo Garage era o melhor lugar para quem curtisse um som alternativo mais despretensioso na capital paulista. Tocava meio que de tudo nas diferentes festas por lá. Tinha o Mixtape do DJ Guab que tocava o que a meninada alternativa gostava de ouvir na época. Tinha o Chaka Hotnights que tocava várias nuances da música black e meio o que os caras queriam botar na hora também. Tinha uma boa gama pra quem quisesse dançar ou só ficar tomando uma cervejona no quintal do fundo. Isso sem falar que o espaço fugia dos padrões de balada eletrônica da época como o D-Edge, Lov.e e o AMP Galaxy, e também não tinha aquele padrão rua Augusta, bukowskiano, camiseta do Laranja Mecânica que rolava na Funhouse ou no DJ Club. As baladas em geral eram separadas por gêneros musicais, por estilos, por décadas, como era o caso das festas de maior sucesso do Atari Club, quando se ia pela música e não pela pouca vergonha que fez o Serra mandar fechar o clube.

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Gui, que tinha feito faculdade com o Milo, propôs continuar uma festa que tinha começado em outro lugar. "A festa na verdade foi natural, o Dago tinha uma loja de roupa na Vila Madalena chamada Generics. Nessa loja, toda quinta-feira, afastava-se todas as araras, colocava som e eles faziam uma festa. Isso em 2003 ou 2004. Na época que eu comecei a Peligro, como eu ia sempre na festa e ajudava eles a organizar, o pessoal começou a falar: 'Leva pra mim os discos lá!', aí eu já coloquei no informativo: 'Quem quiser eu posso levar as encomendas na Generics'", lembra Guia. "Então eu comecei a levar pedido pra caralho lá. E quando o Dago entregou a loja já existia o Milo Garage, mas não tinha festa fixa, foi quando lancei a ideia pro Milo de a gente fazer a festa lá às quintas-feiras, como era a noite da Generics junto com o Dago. Juntou tudo e virou a Peligro."

Dago Donatto e Gui Barella. Foto por Kátia Abreu.

A primeira festa foi em janeiro de 2005, e então a Peligro passou a acontecer toda quinta-feira, quase sempre com show de alguma banda, até a última edição no Milo, em 28 de agosto de 2008. A partir da festa, Gui e Dago começaram outra empreitada, a festa de música brasileira Brasa, que acontecia no finado clube Berlin, na Barra Funda, que fechou dois anos atrás. De 2007 a 2008, eu ia quase todas as semanas nas duas festas da dupla Gui e Dago. Quinta-feira eu ia ao Milo na Peligro e na sexta na Brasa no Berlin. Foi em 2007 também que eu comecei a vender os discos da Peligro na banquinha do Milo. Quando eu quebrei o meu fêmur em um ingrato acidente de skate que me fez passar por uma horrorosa cirurgia ortopédica que me deixou de cama três meses (três meses sem Peligro), eu liguei para o Gui da cama do hospital falando: "Não vai rolar de cuidar da banquinha de disco essa semana, mas eu tenho uma amiga que eu posso indicar." Peligro era compromisso pra caralho.

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O SET LIST

Na prévia da derradeira Peligro, Dago postou no evento da festa no Facebook uma lista de Spotify com 50 "Peligro Hits", uma seleção que dá uma ideia geral do que costumava tocar por lá. Tem Squarepusher, Gang of Four, Gwen Stefani, Faust, M.I.A, Four Tet, Diplo, Born Ruffians, Bonde do Rolê, Tony da Gatorra, Elton John… É uma lista de hits um pouco curiosa, que o próprio Dago descreve melhor: "Enfiava na mesma noite a eletrônica global que eu estava descobrindo, pós-punk, pop, resgates de Miami bass e acid house, novidades e velharias indie, eletrônica esquisita, baile funk, soul, música jamaicana, hip-hop, funk psicodélico global e o que mais desse na cabeça". Poucos anos depois do início da Peligro, Dago ficou conhecido como um DJ pesquisador dos ritmos globais e da troca entre as culturas eletrônicas e tradicionais, mas pra ele, como Gui Barrella, tudo começou de fato na Peligro: "Comecei a discotecar 'à sério' nas festas da Generics, mas lá o esquema era tão precário (dois discmen e um Tascam) que nem conta", lembra o Dago. "Foi na Peligro que, semanalmente, tive liberdade de experimentar, errar feio, estourar PA, aprender a virar, desenvolver meu estilo".

Juntos, Dago, Gui e seu irmão Luís Felipe, que trabalhava como gerente no Milo Garage, decidiram abrir a sua própria casa em 2008, o Neu Club. "A Neu começou meio pronta, já com três festas, a Brasa que trocou de dia com a Peligro. E aos sábados, rolava a festa do Guab, que mudou de nome pra Memetics", conta Gui Barrella. Apesar de realizado o sonho da casa própria, a abertura da Neu parece que não teve só pontos positivos. "Com a mudança da Peligro pra sexta você muda o público, você pega o público de fim de semana…", conta Gui. "Tinha gente que perguntava na porta se ia ter banda, e ia embora se tivesse. Ficavam perguntando 'quando a banda vai acabar?', aí deu uma desanimada, a gente chamava o pessoal para tocar e ficavam cinco pessoas pra ver o show, o resto no quintal", lembra.

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Com a mudança da frequência do público, não foi só a Peligro que sofreu. "A Neu deu um puta trabalho no começo, a gente teve que aprender a fazer tudo, aí a loja ficou meio de lado", conta Gui. "Aí pensando em como retomar legal a Peligro [loja] eu pensei em migrar 100% para o vinil. Mas como era vinil, eu tive que mudar a conversa com os selos. 'Cara, dá pra fazer o mesmo esquema mas ao invés de comprar 100 do mesmo eu vou comprar 100 ao todo? Um de cada? Dá pra fazer um esquema legal?'".

INÍCIO DO FIM

Gui diz que nessa mudança de CD pra vinil conseguiu um bom desconto, ainda que não fosse tão camarada quanto o desconto dos CDs com os quais começou a loja. Com isso, toda a ideia da curadoria dos informativos, que sempre foi o norte da Peligro, começou a ficar abalada com isso. "Como eu pegava um disco de cada, não valia a pena escrever review pra uma unidade. Aí eu fiz uma loja virtual com tudo exposto e mudou tudo, não tinha informativo, não tinha recomendação, não tinha uma conversa, uma curadoria clara pro cliente final", relembra o fundador sobre o início do fim da Peligro como loja. "Eu deixava o site parado, se tinha venda eu ia no correio, quando tinha feira de vinil eu ia e fazia a banquinha, não tinha mais aquele contato próximo com quem comprava. Eu não queria fazer aquilo daquele jeito".

Quando perguntei por que ele resolveu fazer essa festa final da Peligro, Gui contou "Eu costumo deixar as coisas morrerem… Acabou? Sei lá, se eu quiser eu volto, mas deixa morrer. Foi assim com o Blue Afternoon, foi assim com a Open Field, que meio que acabou porque era muito dependente do informativo, era ou eu ou o artista que vendia, e eu tinha que recomendar de uma maneira legal. O último disco nem saiu com informativo. Isso foi em 2009, depois teve o negócio do vinil, durou mais um pouquinho, mas agora nós estamos em 2016, sabe?".

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No somatória da história da Peligro, Barrella diz que a loja ficou na ativa mesmo durante seis anos, apesar da versão online ter funcionado até esse ano. "Eu tinha falado que eu ia deixar morrer."

Acontece que esse ano duas outras lojas de disco também fecharam, e foram as duas lojas que serviram de modelo para Gui começar a Peligro, as lojas americanas Aquarius e a Other Music. "Eu fiquei chateado com o fechamento da Aquarius e da Other Music, de verdade. Eu não sou de ficar chateado com essas coisas de acabar banda, ou morrer tal artista. Mas com isso eu fiquei muito chateado, aí eu pensei 'eu também mereço'".

As duas lojas gringas vendiam pelo correio, a Aquarius que ficava em São Francisco e a Other Music em Nova York, mas não era só o catálogo de discos que atraiu Gui Barrella a elas. "Principalmente a Aquarius, que é de São Francisco, era o que eu queria que fosse a Peligro. Eles vendem tudo o que querem, as coisas mais obscuras. Coisas que só tem dois discos, duas cópias, eles faziam resenha do disco. A Other Music também fazia resenha, umas puta resenhas. Quando eu conheci essas lojas eu parei de assinar todas as revistas de música que eu assinava", diz Gui em um momento de clareza.

E era essa recomendação, esse cuidado com a curadoria que Barella buscava na Peligro. "Foi assim que eu conheci um monte de coisa, depois eu fui trabalhar na Bizarre, e é uma experiência trabalhar em loja de disco, pra quem gosta de música é brutal. Você tem à disposição praticamente todos os discos do mundo que você quiser, principalmente porque a loja trabalhava com encomenda, então realmente podia ter o disco que eu quisesse. Comprava a preço de custo e praticamente não tinha salário, chegava o fim do mês eu já tinha sido pago, de tanto disco que eu tinha pego."

Para Gui uma loja de discos não era só uma loja. "Eu formei o meu gosto muito através do que eu conheci através deles, das coisas mais lado B, conheci quase tudo através dessas lojas, principalmente da Aquarius, eles eram extremos. Lá era só o lado Z. A Other Music era um pouco mais equilibrada mais ou menos como era a Peligro, tinha que pesar mais o que vendia. A Aquarius estava pouco se fodendo, eles existiam desde os anos 70, não vai fechar! Só que fechou."

E foi a partir dessa noção, desse choque ao ver a Aquarius fechar de um dia pro outro, que Gui resolveu dar um fim digno à sua oja fazendo uma última festa da Peligro. Na sexta-feira, dia 29, irá acontecer no Neu Club a partir das 22h o "Fim da Peligro", o evento que encerra de vez as atividades da loja e da festa. Vai ter banda, vai ter muito saudodismo e sim, vai ter banquinha de disco e eu mesmo vou estar lá vendendo os últimos LPs da Peligro, como eu costumava fazer quase dez anos atrás. Vai ter música ao vivo também, com show da Lulina pra inaugurar o fim de tudo. "Ao invés do povo falar 'lembra de como era?' não, lembra agora de quando acabou. Acabou o negócio! Já fiz, começo, meio e fim. Acabou, eu não deixei morrer", diz Gui.

Terminei a entrevista de quase uma hora com Gui com a pergunta simbólica. "O que a Peligro foi pra você?", ao que ele respondeu com uma emoção que não costuma mostrar: "Me deu uma direção de vida e me ocupou pra caralho. Foi com esse dinheiro da Peligro, e com a festa, e com a Brasa, que eu abri o Neu. Não foi com dinheiro de empréstimo, dinheiro do meu pai, foi com dinheiro desses trabalhos. Aí eu abri o Kraut [bar que Gui acaba de inaugurar algumas semanas atrás] com o dinheiro do meu trabalho no Neu. Se não fosse a Peligro eu não ia construir nada. Eu não sei se eu ia conseguir construir alguma coisa, ou melhor, a Peligro me possibilitou construir tudo isso. Isso tudo é graças à Peligro. Se não fosse a Peligro eu podia ser assalariado até hoje, ter um emprego e é isso. Podia ter um hobby que era ter um selo, não ia viver disso. Qual a importância da Peligro? Pra mim tudo, tudo o que eu construi veio dali."

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