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Música

Na onda do Charme Chulo, Pedro Flores estreia misturando rock com moda de viola

Para o mais recente membro da Geração Perdida, uma viola caipira é o suficiente para discursar sobre as mazelas da vida e constatar que “Belo Horizonte é um ovo podre”.

Tá pra sair um selo que una todas as tribos como está sendo a Geração Perdida. Depois da famigerada Lupe de Lupe, dos românticos Jonathan Tadeu e Fernando Motta, dos ruídos organizados de Paola Rodrigues e Sentidor e da inclassificável buena onda do Fábio de Carvalho, o coletivo mais versátil de Belo Horizonte desponta com outra novidade: a viola caipira de Pedro Flores, cujo disco de estreia homônimo você ouve em primeira-mão no Noisey nesta quinta (10).

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Pedro Flores é um jovem belorizontino que sempre teve um pé no mato e o outro no rock: "Aqui em Minas a gente acaba sempre pegando rabeira na música caipira. A família do meu pai é do interior e tal, então sempre tive meio que um contato, mesmo que superficialmente. Mas assim, na época de moleque eu tocava guitarra e tinha banda barulhenta, não dava muita moral pra viola, nem ouvia muito música caipira."

Ironicamente, o interesse pela música caipira começou em 2007, quando Pedro conheceu o Charme Chulo, a clássica banda de Curitiba que é basicamente a mistura de Smiths com Trio Parada Dura. "A primeira música deles que eu ouvi foi 'Polaca Azeda', e depois de sacar aquela introdução eu decidi que ia comprar uma viola". E com a cabeça voltada para o folk, não foi difícil se encontrar no modão. "Eu ouvia muito Bob Dylan, Leonard Cohen, Guy Clarke, John Prine, essa turma, mas quando eu conheci a fundo o Tião Carreiro foi cabuloso! É um puta compositor, contador de história pra caralho, e grande tocador de viola."

O disco é uma breve apresentação de Pedro, que viaja entre devaneios e histórias de sua vida em oito faixas gravadas ao vivo, só com voz e viola. Ao mesmo tempo em que Flores faz todas as referências ao modo de tocar tradicional, também não perde a oportunidade de trazer mais autenticidade ao som, como seus ídolos: "Vendo o Charme Chulo, percebi que a viola é um instrumento bonito demais pra ficar preso nessa nostalgia saca? É muito rico, muito brasileiro e muito versátil. Acho que tem mais é que aproveitar o que ela tem pra oferecer mesmo"

O compositor, porém, não almeja ser um tocador de viola tradicional, pois acredita que não se encaixa nos moldes da cultura tradicional: "Não tenho a pretensão de tocar como o Tião Carreiro tocava. Essa escola tradicional da viola é um negócio muito próprio, ligado com essa origem rural do som e tudo mais. E como nunca estive inserido nesse contexto acho que seria falso demais se eu tentasse buscar isso". Por isso, acredita na ressignificação da música: "Acho que é importante ressignificar no sentido de mostrar que é um instrumento que tem que ser valorizado e que pode (e deve) ser usado pra fazer coisas novas também".

Ouça o disco de estreia do Pedro Flores no player abaixo: