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Música

A Orchestra Binária está de volta com o EP#02

Apesar das durezas da vida nos quatro anos desde o disco de estreia, o trio da Cidade de Deus carioca finalmente lança o seu segundo trabalho, com produção de Emygdio Costa (Sobre a Máquina e Fábrica).
Rafael Oliveira/Divulgação.

Foto: Rafael Oliveira/Divulgação.

Quando você ouve falar sobre a Cidade de Deus, o que vem na sua cabeça? O filme, o Dadinho (ou Zé Pequeno, porra!) ou uma imagem meio bosta que a galera cria sobre a periferia e o subúrbio carioca. E, talvez, você esteja se perguntando aí dentro da sua cabeça, cheia de neurônios, conexões esquisitas que a medicina jamais conseguirá entender, por que raios estamos falando disso aqui. É porque a Orchestra Binária vem de lá e esse misto de influências, sonoridades e texturas que integram o EP#02, lançado exclusivamente no Noisey nesta segunda (21), não poderia ter vindo de outro canto do Rio de Janeiro.

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O trio formado por Helder Dutra, Márcio Silva e Rafael Oliveira esperou um intervalo de quatro anos entre o lançamento do primeiro e o segundo EP, e se a gente acha que isso é demorar, o Rafael Oliveira discorda. "Eu acho que o disco não demorou para sair. Eu costumo pensar que somente suspendendo o tempo como um critério é que a Orchestra Binária pode ser possível. Eu digo isso porque, sob qualquer aspecto, é absolutamente impossível que ela exista. Eu afirmo isso porque cada conquista da gente custa muito. Para a gente não é fácil ter guitarra, placa de som, gravar em casa, órgãos, letras, melodias, enfim. Então, apenas com algum sentido de atemporalidade é que a gente pôde, e tem podido, ir arregimentando nossas coisas. Tipo, como no caso daquele personagem do Cheiro do Ralo do Lourenço Mutarelli, que precisava vender um jogo de talheres de prata bem antigo e se lamentava por ter que ser assim, é que a "a vida é dura", tá ligado? (risos)".

Produzido pela lenda carioca Emygdio Costa (Sobre a Máquina e Fábrica), o EP#02 marca uma evolução da Orchestra Binária, em termos de manipulação de instrumentos, conta Márcio Silva. "Eu diria que avançamos um pouco no sentido de 'acalmar as influências'. Acho que conseguimos um pouco mais de domínio técnico (dos instrumentos e nas construções). Acho que estamos mais centrados neste EP, exagerando menos. Acho que isso nos aproxima mais um pouco da identidade, do som, que almejamos desde o ínicio."

O trampo do Emygdio também foi fundamental. "Inicialmente, eu penso que ele foi central em termos técnicos, pois sem ele estaríamos ainda persistindo sobre nossas dificuldades no plano da produção de nossas músicas, e teríamos que lidar com isso. Mas não é apenas nesse plano que o Emygdio pode ser visto como peça decisiva na engrenagem desse EP. O fato é que ele foi capaz de levar as músicas para lugares que muito provavelmente elas não teriam ido, sem que deixássemos de nos ver nelas de algum modo. E isso é um mérito do gênio criativo que ele foi para nós", explica Rafael.

E se você parar e ficar olhando a capa do disco pode rolar a questão: "ela significa algo?", sim, significa. Criada pela artista plástica Carolina Ochotorena a arte é o símbolo do trabalho da Orchestra Binária, revela Márcio. "Quando começamos a entender a história dos pregos, começamos a entender que aquela figura, além da representação óbvia do 2, era também o símbolo de um trabalho/de construção. A idéia da cor fria do ferro, o fundo opaco, as sombras escuras e o clima inóspito que compõe a fotografia da capa - nos remete a idéia de fabrica, de trabalho e de força".

Ouça EP#02 abaixo e faça o download do disco clicando aqui.