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Música

Krisiun e Nervochaos escaparam por pouco de serem presos em Bangladesh

O governo local cancelou os shows da banda e expulsou os músicos do país. Ligamos pro guitarrista Moyses Kolesne, que segue confinado num hotel em Daca aguardando o próximo vôo para o Japão.

A clássica banda de death metal brasileira Krisiun quase foi levada presa na manhã desta sexta (9) em Bangladesh, quando aterrissaram em Daca para um show, com abertura do Nervochaos, no TCB Auditorium. O show não só foi cancelado por determinação do governo local como os grupos foram impedidos de sair do aeroporto. Existe uma cena metal por lá, mas bastante boicotada pelo fundamentalismo religioso local. O guitarrista do Krisiun, Moyses Kolesne, conta que em momento algum foi comunicado aos músicos o motivo da detenção.

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"Fomos abordados no aeroporto internacional Hazrat Shahjalal quando já estávamos pegando as malas. Eles não falavam nem em inglês e apenas deram a entender que deveríamos acompanhá-los. Já num ambiente retirado, acredito que começaram a pesquisar sobre a banda, e nos deixaram numa espera de dez horas", conta ao telefone.

Moyses fala direto de um hotel em Daca, onde as duas bandas brasileiras aguardam para embarcar ao amanhecer, considerando o fuso de 11 horas a mais de diferença, para o Japão e a Coreia do Sul, onde farão os próximos shows. A turnê seguirá até o dia 29 de julho, quando se encerra no Stonehenge Festival da Holanda.

"Não rolou violência física contra nós da parte dos oficiais, mas ficamos sabendo, por meio do Consulado Brasileiro de lá, que se o cônsul, sua equipe, o embaixador Maximiliano Arienzo e nossa agente de viagens, a Carla, não agissem depressa para interceder, não teria dado tempo de evitar a nossa prisão, pois a ordem era essa", revela o guitarrista. "Acusaram o produtor do show de não ter informado qual era o perfil da banda, apesar de ele ter conseguido agendar e divulgar normalmente o show."

Durante todo esse tempo de incerteza em solo Asiático, segundo ele um sentimento de insegurança total, bateu no momento em que foram confiscados os passaportes, que só foram devolvidos na liberação, e os vistos totalmente desconsiderados. "Largado sem passaporte num outro país você não é ninguém". Num país submetido ao domínio do radicalismo islâmico, o pentagrama na capa do álbum Black Force Domain não deve ter ajudado muito.

"O nosso visual já deixou os caras perplexos, porque ninguém lá anda assim na rua", completa Moyses. "Pensávamos que seria possível ao menos fazer um meet and greet com os fãs, mas nem isso foi permitido. Temos que sair do país o quanto antes", lamenta o artista, mas com a esperança de poder voltar a se aventurar por aquelas terras.