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Música

O Forgotten Boys Voltou com um Álbum de Covers Para Resolver uma Questão Cármica

Após três anos sem gravar, os roqueiros lançam 'Outside of Society’. Ouça com exclusividade as faixas “Summertime Blues” e “All This and More”.

Em 2011, o Forgotten Boys lançou pela ST2 o álbum Taste It, segundo trampo da banda mixado pelo mestre Roy Cicala, que gravou lendas como John Lennon, Patti Smith, Lou Reed, AC/DC, Frank Sinatra – o primeiro foi o Louva-a-Deus (2008). Ainda que o álbum tenha saído um ótimo registro, com a adição de um tecladista e um novo guitarrista à formação e toda a experiência do Cicala na captação do som, a banda fez os shows de promoção e saiu de cena. “Ficamos um tempo parados, os integrantes se dedicando a outros projetos, eu fui morar fora. Foi necessário dar esse tempo pra vida de cada um, principalmente a minha”, explica o vocalista e guitarrista Gustavo Riviera.

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Findo o período sabático, os músicos retornam agora com Outside of Society, um álbum de versões para músicas de bandas essenciais na identidade do Forgotten. Tem Stooges, Ramones, MC5, Patti Smith, todas aquelas coisas que a gente percebe ecoando nas entrelinhas dos sons do grupo. Executadas com tanta intimidade, pegada e energia, parece até que os covers sempre pertenceram ao próprio Forgotten. Esse é um disco muito especial, tipo um interlúdio revigorante até a próxima fase, que virá em 2016 com um EP de inéditas autorais. Nas palavras do Gustavo, “é um disco quase não oficial do Forgotten, para aquecer a banda e resolver uma questão cármica com o Roy Cicala, que propôs a ideia desse disco, mas acabou morrendo antes da gravação.”

O trabalho é uma parceria dos Forgotten Boys com o selo argentino Rastrillo Records. No formato físico, estão disponíveis apenas 500 cópias, numeradas, com um encarte bem louco. “A Rastrilho dá suporte ao Forgotten Boys há muito tempo”, conta Gustavo, “todas as turnês que fazemos na Argentina e Uruguai são produzidas por eles, desde 2004. Quem nos apresentou o Pirulo, dono do selo, foi o pessoal do Killer Dolls, de Buenos Aires. Mas é a primeira vez que lançamos algo por eles”. Exclusivamente para o Noisey, a banda liberou o streaming de duas faixas do álbum, “Summertime Blues” (Eddie Cochran/Jerry Capehart), que tem participação do Hurtmold, e “All This and More”, dos Dead Boys. Curta enquanto lê a rápida entrevista que tive com o Gustavo:

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Noisey: Depois de uma cara sem gravar, o Forgotten surge com um álbum de covers. Isso significa que desde o lançamento do Taste It vocês não investem na composição de novos sons?
Gustavo Riviera: Temos algumas coisas que não foram gravadas, e que podemos gravar, mas nada sendo trabalhado com a banda ainda.

Sobre o repertório de Outside of Society, vocês escolheram covers que já costumavam tocar ao vivo nesses anos todos de banda? Como foi feita a peneira dessas músicas?
Já tocávamos “Rock’n’Roll Nigga”, da Patti Smith, e já chegamos a tocar, muito tempo atrás, talvez, “I Wanna Be Loved”, do Johnny Thunders. As duas faixas com o Hurtmold foram feitas em um show com eles antes da gravação, as duas bandas tocando juntas, bem legal. Tem bandas que não poderiam ficar de fora, como Stooges, MC5 e Ramones, pois são a base do Forgotten. Mas todas foram, de alguma maneira, influência para nós. Tem músicas que nos influenciaram não pela versão original, como “Summertime Blues” – foi mais pela do Blue Cheer. Apesar de eu amar Eddie Cocharan, a “Leaving Here” foi pela versão do Motörhead. E claro que várias ficaram de fora, mas acho que deu pra representar.

Diante das trocas de formação que já rolaram no Forgotten, você é o cara que resistiu e que sempre pareceu carregar a banda nas costas. Em algum momento você se sentiu sem rumo, preocupado com o lance de não encontrar a formação ideal para seguir em frente?
Sim, claro, sempre que sai alguém é um puta problemão. E quando entra, é outro. A banda sempre teve suas características bem marcadas de acordo com as diferentes formações. Todos os músicos que já passaram pelo Forgotten têm características muito próprias e isso foi essencial pra ter rolado da maneira que rolou, no que diz respeito às músicas, gravações, shows, relacionamento, etc. Todos marcaram muito bem seu território.

Esse disco ficou com uma sonoridade muito boa, potente, cristalina. Vocês sempre gravaram usando as mesmas técnicas/processos em estúdio? Teve alguma preocupação especial com timbragem ou qualquer outro lance pertinente para obter esse resultado?
Esse disco foi gravado e mixado no El Rocha, estúdio que sempre frequentamos e gravamos desde a demo do Forgotten, em 1998. E aí seguimos sempre lá. O debut, o Gimme More, os splits com o Killer Dolls e com o Motosierra, e o Stand by The D.A.N.C.E.. Sabíamos que o resultado no Rocha é garantido. O Fernando Sanches é mestre. O estúdio é muito bom, temos muita sorte e ter feito grande parte dos nossos discos lá. Esse disco gravamos todos juntos, ao vivo, coisa que não costumamos fazer. As músicas com o Hurtmold foram uns sete caras gravando juntos. Isso faz com que o registro fique mais natural. Foi bem simples, na verdade. A ideia era essa, gravar "valendo".

O que você acha da qualidade do rock nacional atualmente? Seja no âmbito alternativo ou no mainstream, alguma coisa surgida nos últimos tempos te empolga da mesma forma que as bandas clássicas que influenciam o Forgotten?
É difícil. Realmente não sinto aquela mesma empolgação que dá ao escutar um MC5, por exemplo. Não sei se falta qualidade, mas realmente não encontro algo que me deixe excitado no rock nacional hoje em dia. Eu não tenho escutado. No mainstream tenho certeza que não têm. Mas existem bandas boas, sim, várias. Tem várias fazendo coisas legais no circuito independente. Só preciso ir um pouco atrás delas, na real.

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