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Música

As 20 melhores faixas de k-pop de 2015

Este foi um ano importante para a música pop coreana.

Este ano foi particularmente importante para a música pop coreana, uma vez que a indústria começou a se livrar de alguns demônios cabulosos, mas a maior força da indústria fonográfica sul-coreana está mesmo nos singles — especialmente naqueles acompanhados por vídeos, coreografia e direção de arte opulentos, muito típico do país. Esta lista traz 20 dos mais marcantes singles, b-sides e faixas de álbum que brilharam no centro do pop asiático neste ano. Confira:

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20. PRIMARY x OH HYUK – “ISLAND”

Depois de ser acusado injustamente de plágio, Primary, um dos maiores produtores sul-coreanos, passou por um período sombrio. Mas 2015 foi o ano que marcou sua redenção, com hits produzidos para si mesmo, como “Don’t Be Shy” e “Mannequin” (confira a nossa entrevista) e para outros, como “Awoo”, da Lil Kim (logo abaixo). Felizmente, antes de sair do marasmo, ele fez uma parceria com o prodígio do indie Oh Hyuk para produzir esta faixa soturna. Muito provavelmente regada a um bom soju.

19. EXO – “PLAYBOY”

Os ganchos dramáticos intermináveis de “Call Me Baby” merecem ser mencionados, mas o maior destaque do álbum Exodus, do EXO, foi “Playboy”. Mesmo para os parâmetros do k-pop, a linha vocal dessa música é impressionantemente luxuosa e se estende com facilidade sobre a sensualidade e maciez do piano elétrico.

18. UGLY DUCK x Reddy x JJJ – “ASIA”

Foi Keith Ape que chamou atenção da mídia, mas Reddy (também da Underwater Squad) e seus parceiros cobriram a aposta — e sem nenhuma carta na manga. Alternando entre rimas em coreano e japonês, acompanhado pela produção demente de JJJ e do nova-iorquino DJ Scratch Nice — que incluem menções a Nas, Mobb Deep e Planet Asia —, esse rap foi a peça mais memorável da Cultura da Convergência.

17. SO HEE SONG – “GOONBAM FUNKY”

Com o título de “Maior coreana do ano” entregue pelo governo, essa jovem cantora é mais uma celebridade da TV do que uma artista das paradas de sucesso — o que tem tudo a ver com sua especialidade, que é a música minyo, gênero das antigas de cantigas folclóricas. Mas esta produção retrô do pop sul-coreano dos anos 70 mereceria destaque mesmo que todas as gravadoras estivessem lançando músicas do mesmo estilo, em vez da próxima versão do grupo Girls’ Generation.

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16. RAINBOW – “PIERRROT”

Os singles do álbum Innocent foram bons, mas podiam ter sido escolhidos por sorteio. Tem o clima relaxado de “Bad Man Crying”, o electro-funk nóia de “Privacy” e — talvez a melhor de todas — esta prova matemática de que o dancehall e o europop dos anos 90 podem caminhar juntos.

15. BIG BANG – “BAE BAE”

A mais famosa boy band oriental tomou uns negocinhos e fez um dos clipes mais malucos da história do k-pop. Não dá pra falar a mesma coisa da música em si, que é surpreendentemente refinada, com chimbau de trap, rimas de jamrock, guitarra de country pop, reggae universitário e improvisos bem ghetto.

14. STELLAR – “VIBRATO”

A imagem dessa girl band foi ficando tão indecente com o tempo, beirando o desespero, que a gravadora aconselhou as integrantes a fingir timidez nas entrevistas. E a gente tolera essa baboseira, desde que as músicas delas continuem cada vez mais ousadas. “Vibrato” começa como um excelente revival do blog-house, e depois acerta na ponte mais arrojada do ano.

13. LIM KIM – “AWOO”

2015 mostrou que praticamente todo mundo ama o som do “pop futurista” do Purity Ring, do Chvrches e da Lorde. E também que praticamente todo mundo ama a versão coreana desse som.

12. B2ST – “YEY”

“Destrua todos os sentimentos desnecessários”. “Eu não dou a mínima se eu for usada e rasgada por dentro”. “É preciso ser louco para viver”. A letra por si só já é muito sombria, mas o aspecto mais niilista de toda essa violência é a maneira como o refrão briga contra si mesmo: um jato desorientador de ruído pendendo à dissonância. É o som do próprio inferno transformado em algo muito massa de se ouvir.

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11. JONGHYUN – “NEON”

O ápice criativo da estreia do vocalista do SHINee no R&B como cantor solo (e compositor; vide a faixa “Playboy” logo acima) está nesta elusiva e gradual peça de abstração. A faixa tem muitas surpresas, mas talvez a maior delas seja o breque de J Dilla na ponte. (A faixa-bônus “Fortune Cookie” é ainda melhor e é item obrigatório na sua listinha de compras, porque a única versão online é um edit que corta a melhor parte da música).

10. EXID – “HOT PINK”

As músicas mais inovadoras do k-pop sempre precisam de um tempinho para serem digeridas. O segundo grande sucesso do EXID no ano é cheio de detalhes estranhos, e o maior deles é o breque onírico no meio da música, logo antes da segunda estrofe. Mas os executivos do mercado fonográfico ocidental ficariam chocados em saber quão rápido os ouvidos se ajustam à diferença. É uma música que agrada todos os seus anseios pop, mas que também desafia um pouco — e isso vem de um país inteiro repleto de produções assim.

9. WONDER GIRLS – “I FEEL YOU”

Um ano atrás, a ideia de que a Coreia do Sul faria um revival do freestyle de Miami pareceria ridícula — assim como a ideia do Wonder Girls virar uma banda de synthpop. Mas o que é que o k-pop não é capaz de conciliar, não é mesmo?

8. NEON BUNNY – “ROMANCE IN SEOUL”

No começo da década, quando a Neon Bunny era só uma garota desajustada de Seoul, influenciada por Ed Banger e outros rolês franceses, a música dela já valia muito a pena. Mas conforme ela foi se aproximando de uma coisa mais “Manhattan”, Ella Fitzgerald e da era do jazz — além de sua típica instrumentação caseira, como o kayageum sampleado aqui —, ela se tornou ainda mais especial.

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7. SHINEE – “VIEW”

Tanto o clipe quanto a coreografia de “Married to the Music” são melhores, mas às vezes é a música que fala mais alto. E poucas têm a graciosidade e a leveza da melhor do ano do SHINee, um dos crossovers mais refinados do house-pop deste ou de qualquer outro ano.

6. SURAN – “CALLING IN LOVE (FEAT. BEENZINO)

A breve carreira de Suran teve muitas surpresas. Ela fez sua estreia solo com “I Feel”, uma das melhores produções de R&B do ano passado, com uma voz muito diferente da de qualquer outra estrela coreana. Depois, transformou “Mannequin”, do Primary, em talvez uma das maiores críticas sociais da identidade consumista e artificial que chegou nos rankings. E ainda encontrou tempo para compor “Awoo”, também nesta lista (confira nossa entrevista dupla aqui). Agora, para a estreia de verdade, ela produziu um dos singles mais elegantes do ano, e de alguma forma igualmente adequado para o sol de Los Angeles e para a neve de Seoul. E além disso tudo, ela ainda compõe, produz e toca todo seu material próprio, o que faz dela talvez o talento mais singular na música sul-coreana de hoje em dia.

5. OH MY GIRL – “CLOSER”

A música k-pop é ótima, mas seu efeito só pode ser apreciado por completo quando acompanhado pelas coreografias, clipes e narrativas conceituais. O melhor exemplo do ano foi “Closer”: o dream-pop é hipnotizante por si só, mas muito de sua ressonância se deve à letra, ao clipe e às constelações zodiacais da coreografia, além da história contada por todos esses elementos. Você não assistiria um filme de olho fechado, assistiria?

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4. GA-IN – “PARADISE LOST”

“Paradise Lost” é a peça central de Hawwah, um álbum conceitual do Ga-In que questiona tudo: misoginia bíblica, a vontade humana sob o persistente jugo da religião, a culpa pela inocência perdida e a figuração anglocêntrica de Eva enquanto mulher branca. Nada mais adequado que a música dessa visão moderna seja o melhor grind industrial desde Year Zero, do Nin Inch Nails.

3. GOT7 – “JUST RIGHT”

Não tem como não sorrir diante do break desajeitado todo fofo desse clipe. Ou diante da ingenuidade impaciente da música, alternando entre rap sulista e floreios orquestrais grandiosos — que compõem parte do maior pré-refrão da história da música. Ou diante do desconcertante refrão de uma palavra só. Mas o maior sorriso vem no fim desse singelo vídeo: depois de esperar o tempo inteiro pela transformação da garota de nerd para sexy, ela simplesmente não se transforma.

2. RED VELVET – “DUMB DUMB”

A brilhante “Ice Cream Cake” poderia ter uma posição perto do topo desta lista, mas “Dumb Dumb” vence por sua qualidade constante — sustentada por um breque de rap em homenagem a Michael Jackson, uma ponte que veio de outra dimensão sônica e um refrão que interrompe a si mesmo para rir de tanta coisa incrível acontecendo. A cereja do bolo do clipe e da coreografia rola quando SM Entertainment brinca com o pop “linha de montagem” que eles inventaram 20 anos atrás e foram aperfeiçoando desde então. Se é uma fábrica, só pode ser uma do Andy Warhol.

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1. F(X) – “4 WALLS”

A ansiedade que permeia cada cena, cada passo de dança, cada toque de synth e cada frase vocal nesta reinvenção brilhante, é tudo real: o número quatro, afinal de contas, é sinônimo de morte no extremo oriente. E depois de perder seu quinto membro fundador, no ano passado, os quatro membros restantes do F(X) ficaram frente a frente com a morte da banda. Assim, mesmo que essa música tenha todos os elementos típicos do k-pop — refrões de peso, micromelodias sutis, (muitas) pontes surpreendentes e um breque de rap que chega antes de você achar que seria necessário —, desta vez dá pra sentir o lamento genuíno na música. O apelo do k-pop está em esculpir as falhas humanas em pura perfeição, e é assim que a gente gosta — mas arte realmente boa não é concebida sem um pouquinho de sangue.

Jakob Darof é escritor em Seoul, onde ele mantém o K-Pendium — um blog maravilhoso sobre k-pop. Ah, ele também tuita.

Tradução: Stefania Cannone

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