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Música

Ajoelha-te Perante o Grind com o Split entre Besta e O Cúmplice

As bandas paulistana e lisboeta saem em turnê pelo Brasil nesta sexta (9). Descolamos dois sons do split que motiva a série de shows.

Às vésperas da turnê do quarteto grind/crust/metal português Besta ao lado de seu equivalente paulistano, O Cúmplice, pelo Brasil, descolamos mais dois sons exclusivos do split entre eles. O álbum, como já demos a letra meses atrás, é afinal o motivo do rolê, em celebração à amizade e as antigas parcerias entre o punk/hc deste e do outro lado do Atlântico. A colaboração, dessa vez, é entre os selos Black Embers Records, daqui, e o Raging Planet, de lá. Quando o play ainda estava no forno, soltamos as faixas “Requiem Macabro” - Besta, e “Finitude”, d’O Cúmplice. Agora, é a vez de disponibilizar “Vermes” (Besta) e “Deicídio” (O Cúmplice). A turnê começa e termina no estado de São Paulo. O primeiro show rola nesta sexta (9), em Santos, e termina dia 8 de novembro, em Bragança Paulista. Mas o trem vai passar pelos estados de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Clique aqui para sacar todas as datas e outros detalhes.

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O Rick Chain, guitarrista do Besta, é um dos manos mais ativos da cena de Portugal, e isso já faz milianos. O cara tem banda desde 1992, fundou o Twentyinchburial, que foi uma importante banda hardcore/metal entre 2000 e 2007 por lá, e passou pelo Painstruck. Com o fim desses dois grupos, deu início aos projetos We Are The Damned, Besta e Sinistro, juntamente com o Paulo Lafaia (batera). Mais recentemente, ele lançou o primeiro álbum de sua investida solo, Voyager, uma parada que soa meio Hot Water Music, meio As Friends Rust. Aproveitei o contato e emendei a entrevista abaixo com o Rick. Se liga aí:

Noisey: Quais são os ideais e sons que justificam a união entre O Cúmplice e Besta num mesmo split? Como vocês conheceram e se deram bem com o Marcelo e o pessoal da Black Embers Records?
Rick Chain: Conhecemos o Marcelo através do Mário, dos Crushing Darkness, à altura nos The Black Coffins. Foi ele quem me introduziu à banda O Cúmplice e, consequentemente, passei a conhecer o Marcelo e a sua editora, a Black Embers Records. Imediatamente, entendi a paixão e a dedicação que ele tinha pelo movimento underground e isso significou bastante para mim, o que me fez querer aliar e trabalhar com ele, partilhar ideais de justiça e integridade, e, claro, lançar música em conjunto.

Para quem não conhece a Besta, o que é essencial que se saiba sobre a banda? Conta aí um pouco da trajetória e da proposta de vocês.
A banda formou-se de forma bem casual, numa conversa entre três amigos. Estávamos numa fase mais parada dos We Are The Damned, e resolvemos então dar início à Besta. No princípio, nem tínhamos nada delineado musicalmente, queríamos fazer algo brutalmente honesto e sincero, tanto musicalmente como liricamente… E acabou por dar lugar ao grindcore e ao punk, com uma mensagem politizada e bastante vincada em problemas sociais.

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Besta - Foto por: Pedro Almeida

Uma curiosidade: aquela galera da cena hardcore de Portugal, da época do X-Acto, ainda está na ativa? Você conhece esse pessoal?
Conheço muito bem esse pessoal, e sim, alguns deles estão em importantes bandas portuguesas. Inclusive o Pedro Mateus, baixista do X-Acto, chegou a integrar brevemente os Twentyinchburial, a banda que eu formei em 2000. Ainda toquei numa banda punk portuguesa chamada Subcaos juntamente com o guitarrista dos X-Acto, e o primeiro vocalista dos X-Acto andou comigo na escola. Portanto, sim, conheço esse pessoal, e alguns deles mantem-se na ativa.

Como anda a sua carreira solo, depois do lançamento de Voyager? Eu achei que o álbum tem algo de As Friends Rust. Estou viajando?
A minha carreira a solo para já é apenas uma espécie de capricho meu, não é algo que eu leve 100% a sério, já que tenho outras bandas e não disponho do tempo que gostaria para poder-me dedicar a tudo como desejaria. E não, não estás a viajar porque eu gosto bastante dos As Friends Rust, e há de fato uma espécie de influência do final dos anos 1990, da cena emocore/punk rock, no meu disco. Portanto essa comparação não é nada absurda e faz todo o sentido.

O que você conhece e mais curte de música brasileira atualmente? A julgar pela realização da coletânea Decreto 3.927, parece que as cenas extremas de ambos os países já trocam figurinha há algum tempo, não?
Bem, a coletânea serviu para poder mostrar um pouco do que se faz em ambos os países atualmente. A maior parte das bandas brasileiras foi me apresentada pelo Mário e pelo Vakka (Crushing Darkness e Jupiterian), e pelo Marcelo Fonseca. São bandas (à exceção do Flesh Grinder) de uma fornada mais jovem e recente que eu não conhecia tão bem e pela qual me interessei imediatamente. Conheço melhor a fase mais antiga metal/hardcore brasileira, como a cena de Minas Gerais, os Chakal, Overdose, Sarcófago, Holocausto, Sepultura, etc. E Krisiun e Ratos de Porão, claro. Se bem que conheço muito mais de música brasileira, sou um apreciador confesso do Vinicius de Moraes, por exemplo.

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Recentemente, vi um post no Facebook do Besta, com a música “Ao Som das Mentiras” de trilha, em que vocês criticam os “portugueses burros, sempre na vanguarda da idiotice”. O que está pegando?
Essa música fala concretamente da continua saga das trapalhadas políticas em Portugal nos últimos 40 anos, onde os mesmos partidos continuam a sua cruzada de mentiras de forma a estupidificar os cidadãos para os poder controlar por mais 40 anos. Estamos em 2015, já não se admite a falta de coerência das pessoas, e o tempo é de mudança.

Qual a expectativa de vocês para a turnê no Brasil? Os sons do split que já foram divulgados têm dado um bom feedback do público daqui para vocês pelas redes sociais?
O feedback tem sido excelente! Muita gente interessada em ver a banda, muita gente a identificar-se com a banda, e a expectativa é a mesma de sempre, mostrar a nossa música, fazer passar a nossa mensagem, nos divertirmos, e que toda a gente se divirta.

Fora a música, outras influências, como o cinema, inspiram o Besta?
Como gostamos muito de cinema, já conseguimos trazer o John Carpenter e o vosso Zé Do Caixão para o nosso mundo. O Carpenter tem uma carga política muito forte nos seus filmes, nomeadamente entre 1980 e 90, daí fazer todo o sentido. E o Zé, quisemos homenagear de alguma forma pelo modo brutal e honesto como atua, exatamente como nós na banda. E de resto, a nossa experiência de vida, o nosso dia a dia, e as coisas ao nosso redor é que norteiam o nosso caminho.

De que outras bandas vocês fazem parte no momento?
De momento e no ativo, eu e o baterista temos os Sinistro, e Are The Damned e Rick Chain. O nosso baixista faz parte de uma banda chamada If Lucy Fell, que toca de vez em quando atualmente, e o vocalista tem os Redemptus.

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