FYI.

This story is over 5 years old.

Música

O grind faz a força no novo split entre o Desalmado e o Homicide

Eles já tinham o som pesado, a amizade e uma visão niilista da sociedade como denominador comum. Agora, os laços se fortificam com o lançamento de ‘In Grind We Trust’, pela Black Hole.

Desalmado. Foto: divulgação

A identificação entre o Desalmado e o Homicide foi descoberta por seus integrantes em 2012, quando as bandas tocaram juntas em São Paulo. “Desde então nos tornamos fãs uns dos outros”, comenta Marlon Joy, batera do Homicide. A ideia de um split para representar o parentesco de som e de ideias veio em meados do ano passado, a partir de uma conversa entre os vocalistas Caio Augusttus e William Longen, respectivamente. “De início ficou só na ideia, mas no fim de 2015 retomamos o projeto com foça total e demos um gás para finalizar as gravações”, conta o baterista. O produto desse esforço é o split In Grind We Trust, que tem lançamento pela Black Hole Productions.

Publicidade

A parte do Desalmado foi gravada semi ao vivo no estúdio Family Mob. “Na tora”, como descreve o Caio, com o registro somente dos vocais em separado. Já o Homicide captou tudo em um estúdio caseiro, com seus próprios equipamentos. Uma prática do conjunto desde o EP Destrutivo (2014). “Com o aprendizado que tivemos na gravação do EP, também adquirimos um equipamento melhor para gravar em casa”, diz Marlon. “Então, chegamos hoje ao nosso melhor resultado para uma gravação DIY. Depois de alguns testes, conseguimos realizar todo o processo de gravação em torno de um mês.”

In Grind We Trust transmite uma perceptível evolução na música dos dois grupos. O som do Desalmado avançou um bocado desde Hereditas (2008). Há coisas que remetem à primeira fase da banda, quando se chamava El Fuego (2004), mas o lance agora é outro. As referências sempre trafegarem entre Napalm Death, Sepultura e Terrorizer. Nota-se atualmente, porém, muita ressonância do crust e de nomes como Trap Them e Disfear. “Assimilamos essas influências como parte da nossa identidade, lógico”, assume Caio, direto da fila de embarque para uma turnê europeia. “Mas não tem como deixarmos de lado o thrash, porque o Estevam [Romero, guitarrista] é fritado nos riffs da época boa do Metallica.”

Homicide. Foto: divulgação

No caso do Homicide, a essência thrash também consta. Veio de um acasalamento com o hardcore. Em dez anos de formação, a estética inicial só tomou contornos ainda mais agressivos, até chegar na presente fase, marcada pelo grindcore com ingredientes de hardcore, crust e death metal. Essa mistura é o que se encontra, em sua melhor forma, nas novas composições. As influências que vêm à luz passam por expoentes do barulho nacional, como Facada, Hutt, Test, Ratos de Porão, Expurgo, Rot e Life is a Lie; e gringos, como Napalm Death, Magrudergrind, Extreme Noise Terror, Cripple Bastards, Nasum, Agathocles e Disrupt.

O pensamento niilista está fortemente representado nas letras das duas bandas, sendo este outro laço, talvez mais sólido até do que o extremismo sonoro, entre elas. “Não acreditamos em nenhuma religião e consideramos que isso é destrutivo aos seres humanos. Não acreditamos em deuses, governos ou líderes”, critica Marlon. Na visão do Caio, o niilismo surge mais como uma forma de contestar “o sistema vigente que determina os rumos da sociedade”. Ele assume que o espírito de coletividade promovido pelo Desalmado se opõe ao aspecto-chave do niilismo. Mas defende o discurso: “Nosso som é feito para os oprimidos. O sistema nos coloca em competição uns com os outros e precisamos reverter essa direção.”

O Desalmado está no Bandcamp e no Facebook

O Homicide também tem Bandcamp e Facebook

Siga o Noisey nas redes: Facebook | Soundcloud | Twitter