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Música

É claro que os black metaleiros trouxas estão mandando ameaças de morte pra Myrkur

A Amalie Bruun teve que bloquear as mensagens do seu Facebook porque, mais uma vez, alguns dos fãs de black metal se provaram uns cuzões machistas do caralho.

Foto cortesia da página de Facebook da Myrkur

Não é exatamente um segredo que alguns — alguns, certamente não todos ou sequer a maioria — dos fãs de metal extremo tem questões mal resolvidas com mulheres, e que uma boa porcentagem dessas pessoas gastam uma energia impressionante mostrando isso online em posts de blog, social media ou assédios focados. O último capítulo da crônica dos crianções raivosos odiando mulheres no metal focou na Myrkur, o alter ego metal vocalista do Ex-Xops e dinamarquesa Amalie Bruun.

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Como o blog de metal Toiletovhell reparou primeiro, na semana passada, Bruun fez o seguinte post na página da Myrkur no Facebook, explicando porque fãs não podem mais mandar mensagens para ela. Apesar do véu de anonimidade inicial do projeto (a identidade de Bruun foi inicialmente mantida em sigilo, uma prática comum o bastante em circulos do black metal), sua decisão de remover esse grau de acesso de seus fãs não foi um movimento de relações públicas nem uma tentativa de parecer “misteriosa”. É porque ela se cansou de receber ameaças de morte.

Como ela escreve na mensagem, “Eu sei que alguns de vocês notaram que não podem mais me mandar mensagens privadas. O motivo disso é que estou ficando cansada de ameaças de morte e hate mails. Acredite ou não, mas essa merda perde a graça depois de um tempo. Eu obviamente estou triste que não possa mais receber cartas pessoais de apoiadores ou fan-art em mensagens privadas, mas, por favor continuem postando seus lindos trabalhos nessa página ou para o meu instagram @myrkurmyrkur."

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I know that some of you have noticed you can no longer send me private messages. The reason for this is I am getting…

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Publicado por

Myrkur

em

Terça, 5 de janeiro de 2016

Seus fãs reagiram com surpresa, como pode-se imaginar; Myrkur atraíu muitos fãs de música que são novos ao metal, e não estão familiarizados com as nuances da cena política do metal extremo, que é um dos principais características negativas do filão metaleiro. É difícil entender porque uma musicista aparentemente tão inofensiva e acessível como Bruun seria afogada de ódio e abuso online — a não ser, é claro, que você conheça o black metal, e as atitudes que alguns de seus seguidores tem com quem é de fora.

Affable Fool: Cacete porque você receberia ameaças de morte?
Myrkur: Não pergunte para mim, eu só componho e lanço música. Pergunte pras pessoas que me enxergam como uma ameaça e vão tão longe a ponto de fazer isso praticamente todo dia.

Olha, eu nem sou um fã do Myrkur — sua música é um Bergtatt-light agradável, ela parece uma pessoa inteligente e boa pelo que eu pude captar através de entrevistas e redes sociais, mas não faz meu estilo — mas, puta merda, estou cansada de ver mulheres e músicos de metal não-binários (e promoters, donos de selo, roadies, artistas, escritores—especialmente escritores!) serem atacados, abusados verbalmente, ameaçados, intimidados e desrespeitados por metaleiros inseguros que aparentemente não tem nada melhor para fazer.

O fato de que a maioria dessas mensagens de ódio supostamente vem de metaleiros americanos é ainda mais deprimente, mas é um indicativo de como tantos idiotas nesse país estão com medo que feminazis venham atrás de seu black metal, da mesma forma que Obama definitivamente está definitivamente indo atrás de suas armas de fogo e Donald Trump é definitivamente uma escolha razoável para presidente. Mudar é assustador, eu sei.

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William Perfect: É uma vergonha quando isso acontece. A comunidade do metal está cheia de pessoas horríveis.
Myrkur: Absolutamente. Mas eu nunca culparia a comunidade do metal, já que em maioria são homens americanos. Ocasionalmente do Leste Europeu, mas só. O resto do mundo não se comporta como esses macacos, mesmo se eles me odeiam.

Eu falei com a Bruun para ver se ela tornaria alguma dessas ameaças públicas, e ela respondeu com uma declaração que resume a situação melhor do que qualquer screenshot poderia.

“Eu decidi há muito tempo não tornar público nenhum screenshot ou nome de pessoas que me ameaçaram, porque eu não quero alimentar ou dar 15 minutos de fama de hater para eles. Essa é a verdade, eu poderia tê-lo feito milhões de vezes, mas eles não merecem a atenção e muitos deles usam perfis falsos. A maioria dos que usam perfis verdadeiros muitas vezes fazem parte de uma banda, então se eu publicar qualquer coisa deles, eu também involuntariamente estaria promovendo suas bandas bosta. Outra razão para não fazer isso. Se alguém está interessado em mostrar o ódio que eu recebo, tem MUITA merda que falaram sobre mim na internet que poderiam encontrar. Videos de ódio no YouTube, veja os comentários de qualquer artigo sobre mim ou até mesmo meu Facebook etc. Tem bastante para ver! (e no Twitter, muitos mandam uns tweets passivo agressivos, ódio mal escondido, enquanto desmerecem meu talento como “é só marketing” ou “só porque ela é uma mulher em um gênero dominado por homens).”

Então é o seguinte. Se você odeia Myrkur, eis um jeito simples e eficaz de se isolar: não ouve a porra da música. Não estalqueie a página do Facebook da banda, ou o Twitter, ou o Instagram. Não leia os reviews, nem vá a shows, nem compre os discos. Furiosamente poste sobre como sua música é falsa e ruim, e como mulheres não deveriam tocar black metal e como o black metal é só para você e seus amigos e NINGUÉM MAIS ARGHHH no seu forum preferido até seus dedos caírem… Mas deixe ela fora disso, porque o único crime que Amalie Bruun cometeu é gostar da mesma música sombria, feia e distorcida que você, e interpretar ela de forma que as pessoas — mesmo pessoas que não tem a discografia inteira do Master’s Hammer ou gastam seu tempo ouvindo bootlegs LLN — apreciam. Ela não merece seu desprezo, ou seu abuso, e ninguém mais que encontra consolo e inspiração nessa música. É fraco, e uma coisa que o black metal nunca aceitou foi fraqueza.

Black metal é negativo, música contra a vida e a humanidade; é controverso, é sem remorso, é duro, não é politicamente correto e nunca será — essa é outra verdade simples, que qualquer fã do gênero precisa aceitar. Mas se você é o tipo de pessoa que acha que seu amor pela música o dá o direito de abusar de outras pessoas cuja história ou cor da pele ou sexo ou progressão de acordes o ofende, você não é digno do black metal. Você é só um nerd de merda com questões com a mamãe, e Deus (desculpa Satã) sabe que o mundo poderia ter muito menos desse tipo de gente.

Kim Kelly está de saco cheíssimo dessa merda. Ela está no Twitter.

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