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Música

Será A$AP Ferg o próximo grande visionário da nossa geração?

Falamos com o rapper do Harlem sobre moda, confiança e a ideia por trás de seu último disco, ‘Always Strive and Prosper’.

Foto por Brook Bobbins

A$AP Ferg está instalado nos fundos do Crosby Bar, no Crosby Hotel, em Nova York, e não está se sentindo muito bem. Ele está vestindo um moletom pelo avesso com a palavra “PSYCHO” impressa no peito, feita por seu tio (o “Psycho” de seu disco mais recente), e também calças esportivas da Adidas, e um par dos tênis Trap Lord x Adi Ease, de sua coleção lançada pela Adidas. Uma agenda cheia de encontros com a mídia está dificultando que ele melhore, mas mostrou estar de bom humor enquanto comia salmão com quinoa e batata-doce, e bebericava uma taça de Riesling. Declamo informalmente o verso “beasting off the Riesling”, de Kanye West, e Ferg se anima um pouco. “Kanye é muito engraçado porque ficou ouvindo de fontes insanamente diferentes, tipo ele deve estar tocando as músicas que eu solto, porque ele foi no Twitter e disse que adora o meu disco”, diz ele, com um sorriso caloroso. “Uma pessoa que está trabalhando com ele na Alemanha me contou que Kanye disse que sou o artista favorito dele”. Apesar de hoje talvez se encontrar no auge da forma, coisas como essa ainda significam alguma coisa para o A$AP Ferg.

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Nascido Darold Ferguson Jr., Ferg foi criado na rua 143, entre Amsterdam e Broadway, no Hamilton Heights (“Hungry Ham”, é como ele chama), do Harlem. Seu pai foi o designer, entre outros, do logo da Bad Boy Records e do logo de Andre Harrell, coisa que injetou um gosto pela moda em Ferg desde pequeno. Sua startup de roupas Devoni Clothing contou com o prestígio de artistas como Chris Brown e Swizz Beatz muito antes que Ferg chegasse a encostar num microfone. Sua ascensão como parte da A$AP Mob foi veloz – alguns podem dizer que foi graças a ter sido levado nas costas por Rocky, embora Ferg agora tenha construído para si um nicho próprio nesse jogo.

A$AP Ferg é tipo um Kanye West sensato. Tem sonhos imensos, e fica animado ao discutir sua linha AGOLDE de jaquetas de brim com a Citizens For All Humanity, inspirada nos jeans de seu clipe “Work”. Ele quer se dedicar mais à moda e ao cinema, mas espera chegar a um ponto em que possa receber prontamente o capital para pôr tudo em prática (será que é a primeira vez que você ouve isso?). Ele diz que o brilho e o glamour da fama não o impressionam – e embora exiba o próprio nome em um anel incrustado de diamantes que ocupa o espaço de quatro dedos, ele o vê como uma obra de arte, e não como sinal de riqueza.

Mas há em A$AP Ferg uma consciência de si que lhe cai bem. Seu projeto mais recente, Always Strive and Prosper, tem como objetivo ser um dos melhores discos de 2016. O disco tem uma lista de colaboradores classe A, incluindo Chris Brown, Rick Ross, ScHoolboy Q, Chuck D, Missy Elliott e Frech Montana. “Eu já tinha quase concluído esse disco e me dei conta de que não tinha participações especiais”, brinca Ferg, explicando que os artistas, na maioria dos casos, eram ou amigos de infância (à lá ScHoolboy Q) ou mentores (à lá Rick Ross). Sua família também está presente em todo o disco. Do já mencionado Tio Psycho até a mãe e a avó. É um caso de família, salpicado com vislumbres profundos sobre a psique de Ferg. Ele é um “trap lord”, claro, mas acima de tudo é um artista que continua cautelosamente esperançoso de que as pessoas vão continuar fodendo com a sua arte. De modo a realmente concretizar o que ele tem de melhor, porém, ele teve que se livrar de parte dessa cautela.

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“Virei um artista melhor quando parei de me importar”, diz ele. Leia o entrevistão a seguir:

Noisey: O tamanho da fama de Kanye West é uma coisa que te deixa assustado? Ou empolgado?
A$AP Ferg: Não fico pensando nisso. Costumava pensar no assunto tipo, caralho, Michael Jackson não podia nem sair de casa porque ele era amado por muita gente, e provavelmente seria caçado se saísse pra rua. Costumava pensar nisso, tipo eu tenho que sair, tenho que estar perto das pessoas, para receber energia e inspiração. Não sou um desses artistas que ficam parados em casa – você pode me ver nessas ruas do Soho, nessas ruas do Harlem. Saca, estou em Nova Orleans, estou andando pela Baton Rouge; estou por aí. Quando eu costumava ver o DMX andando pelo bairro com os cachorros, e ele tinha acabado de aparecer em Rede de Corrupção, eu tinha acabado de vê-lo na televisão. Eu sou desse jeito. Poderia ser um artista famosíssimo, mas tenho que poder também andar pelas ruas. Costumava pensar nisso tipo caralho, será que eu não poderia mais andar pelas ruas? Dá pra tipo fazer uma curadoria da sua vida, do jeito que você quer que seja. Eu digo às pessoas que não fiquem viajando quando eu estiver perto delas. Elas ficam tipo “FERG!” Doido demais. E digo tipo, não precisa viajar, a gente pode ficar aqui na boa. Sem problema, é massa. Bora andar e conversar. Porque saca, isso deixa os meus nervos malucos. Eu sou um ser humano, bora tratar uns aos outros como humanos. Bora tratar uns aos outros com respeito. Não sou um alien.

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Sua carreira decolou bem rápido nesses últimos anos.
Sim, eu tava conversando sobre isso com o meu empresário. Fico enfatizando certos looks que quero ter, e quero ser quem já sou na minha cabeça. Quero só ter certeza de que a percepção é a correta, e que estou projetando o artista certo que quero ser. Às vezes a coisa anda lenta demais pra mim. Mas na real mesmo, esse é tipo o meu primeiro disco. Você tem que pensar no nível de produção da qualidade dos artistas que tenho nesse disco, desde o da Missy até o do Schoolboy Q, e também trabalhar com o DJ Khalil, e todo mundo que entende de música sabe que ele é tipo um guru. Acho que tô com um disco de qualidade, bem montado. A coisa só vai melhorar, mas acho que fiz o meu melhor nesse disco, e sinceramente só melhora a partir daí. Sinto que tô tipo num outro nível com esse novo disco. Sinto que ainda sou eu ali, mas criativamente, é isso, acho que estou um nível acima.

Quem você é na sua cabeça?
Acho que os artistas levam tempo, às vezes eras, pra realmente projetar quem eles são. É isso o que faz de mim um artista realmente fora de série. Tipo o Mark Rothko, virou uma coisa gigante porque conseguiu evocar emoções a partir de uma arte abstrata e mínima. Rothko pintava cores para evocar emoções. O Four Seasons, eles na real queriam que ele pintasse alguma coisa pro restaurante. Na época, a quantia em dólares teria pago tipo quatro milhões de dólares ou coisa do tipo. Ele recusou, porque sentiu que eles queriam a pintura pelos motivos errados, para fazer decoração de interiores com a arte dele, quando na verdade ele queria mudar a vida das pessoas com a arte. Ele se matou; ele cometeu suicídio. Acho que ele não estava satisfeito com o mundo. Hoje as pinturas dele valem milhões de dólares. É meio isso o que eu sou. Quero evocar emoções. Estou pouco me fudendo para o glamour, pras trivialidades. Quero mexer com as pessoas. Esqueci qual era a pergunta…

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Como você se vê na sua cabeça?
Ah, certo. Acho que o que faz um grande artista é aquele que se projeta exatamente como ele é na cabeça dele. Sinto que ainda não consegui fazer isso. Acho que ainda estou criando; ainda estou evoluindo. Acho que o Drake dominou essa arte. Ele consegue fazer você sentir como se ele estivesse num quarto conversando contigo. Acho que o Kanye fala com o mundo como se só existissem você e ele. Ele dominou isso de se projetar; ele não pede desculpas por nada. Acho que o DJ Khaled está se projetando. O DJ Khaled passou anos e anos e anos até chegar nesse ponto, acho que as pessoas finalmente estão sacando. Talvez seja a época, mas acho que ele dominou a coisa, saca? Acho que ainda estou testando e criando. O que é a parte mais divertida de tudo. Ainda estou me encontrando nesse mundo. A minha voz. Acho que com certeza sou um palestrante motivacional nesse momento. Adoro motivar as pessoas e inspirar as pessoas. Ser aquela pessoa é uma coisa, mas colocar isso na sua música é outra. É nesse ponto que estou agora. Acho que com Trap Lord, o disco, eu dei a estética: aquilo que tinha uma sensação legal, que tinha uma aparência legal, mas ali o que importava não eram as palavras. Nesse disco Always Strive and Prosper o lance são as palavras. É muito importante que eu faça as pessoas entenderem as palavras que estou dizendo.

Nesse projeto você se abriu muito.
Sim, nesse projeto me abri muito. É muito importante que eles entendam o que eu estou dizendo, e que tipo de mensagem estou tentando passar às pessoas, porque há uma mensagem ali. Só o título sozinho, Always Strive and Prosper (algo como Sempre Batalhar e Prosperar), é essa a mensagem em todo o disco. Como na faixa com a Missy, quando as pessoas ouvem pela primeira vez, é tipo uma gravação de house meio diferente, muito boa pra dançar. Mas, na verdade, é esse o tipo de artista que eu sou. Eu tive medo por muito tempo, enquanto estava criando Trap Lord. Com o Trap Lord eu estava confinado. Trap Lord é tipo, “Caralho, eu tenho medo de ir até lá porque vai ver as pessoas não entendem”. Com esse disco é tipo… Estou livre das prisões. Vou lá longe e não tô nem aí se você não entende. É essa a música que eu quero fazer. Esse é o verdadeiro artista que eu sou. Sou maior do que só um trap. Sou maior do que um rap. Sou um artista.

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Também parece que você está fazendo um esforço concentrado nesse projeto para mostrar o quanto a sua família é importante para você.
Com certeza. Pra mim, tudo começa com a família. Eles plantaram a semente. Eu sou a semente; eles são as raízes. Então é preciso estar ligado às suas raízes para crescer cada vez mais e mais alto, e ser a maior e mais forte árvore que você puder ser. Estou tentando criar uma árvore, um império que possa dar sustento para a minha família.

Com Trap Lord você soava muito autoconfiante, tipo “é isso aí, eu sou o fodão”. Nesse, porém, você parece mais vulnerável e preocupado com manter o seu sucesso.
Acho que até mesmo o nome Trap Lord, isso veio de eu tentar descobrir quem era, e qual era o meu lugar nessa coisa toda de música. Acho que Trap Lord era um personagem; era uma parte de mim que me permitia sentir à vontade em mostrar as caras na frente de milhões de pessoas e fazer rap. É como a parada toda de mudar de nome. Se eu só sou o Ferg ou o Darold, eu saio para o mundo pensando tipo, não quero que me vejam. Trap Lord é tipo, eu tô com os óculos e a armadura prontos para a guerra, tô pronto pra pirar. Foi essa a persona que criei com o Trap Lord. Por isso que nele tem uma versão mais agressiva de mim. Foi o que me deu a força de sair por aí e me apresentar, e lidar com a mídia e todo esse tipo de coisa. Era uma atitude. Era uma parte de mim. Always Strive and Prosper é Darold Ferguson antes do Trap Lord que há em mim. Tem um pouquinho do Trap Lord no disco – tem a “Hood Pope” no disco, que é tipo Trap Lord, mas mais consciente. “Hood Pope” viajou pelo mundo e voltou para pregar diante do seu povo. Mas [com Always Strive and Prosper] você tem o Ferg, tem o Darold de antes da música, trabalhando e sendo demitido. Quis me tornar humano de novo, para que as pessoas entendessem de onde veio o Trap Lord. Agora é tipo estamos voltando na história para entender o artista que você ama. Há um motivo para você amar esses hinos: “Work”, “Shabba”, “New Level”. Agora a gente desce mais fundo na história: de onde é que ele vem? De que tipo de tecido ele foi costurado? Como ele consegue fazer um hino que ainda é tocado no mundo inteiro até hoje e que ainda quebra as barreiras da língua? De onde vem esse tipo de pessoa? É por esses caminhos que eu ando nesse disco.

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Mas você consegue dizer qual foi o momento em que você se mudou do Harlem para Hollywood? A impressão foi de que você aleatoriamente começou a fazer amizades com supermodelos como Cara Delevingne.
Isso aconteceu quase que imediatamente. Do Harlem para Hollywood… você tem que entender que quando eu estava só desenhando cintos e o Chris Brown era só um cliente… eu não estava dando as coisas de graça para ele. Ele era um cliente. Chris Brown e Swizz Beatz, se eles estavam comprando meus cintos e as minhas roupas antes ainda de eu fazer rap foi por isso que a minha mãe acreditou na minha arte só um pouquinho. Minha mãe é uma trabalhadora. Ela é do tipo: faz faculdade, tira o diploma e arranja um emprego. Uma grande carreira. Eu sou uma pessoa artística, então quando ela começou a ver a minha arte tendo sucesso, e eu comecei a levar dinheiro físico mesmo pra ela ver, Chris Brown e Swizz Beatz foram o motivo de ela acreditar na minha arte um pouquinho só, porque estava me trazendo dinheiro.

Como foi que os seus cintos e roupas chegaram a gente como o Chris Brown?
Bom, eu nunca contei isso ao Chris Brown, mas eu procurava os estilistas deles. Para os artistas, em se tratando de um estilista ou de um shopper pessoal, eles têm orçamentos para roupas. Então o estilista dele é meu parça, e falei tipo: “Ei, se o Chris Brown tem um orçamento de US$30.000 para as compras, dá um jeito de pelo menos US$1.000 desse orçamento vir pra mim”.

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Ha! Muito esperto.
[Risos] MAS! Ele sabia o que estava comprando, porque via antes o produto. Ele sabia quem estava fazendo os cintos, porque a gente tinha se topado. E ele tirou fotos para que eu postasse no MySpace ou sei lá onde. Gravei o nome dele na parte de dentro pra que fosse uma coisa extra especial e sob medida. Mas sim, eu ia falar com o estilista. De que outro jeito eu chegaria nas celebridades?

Como você lida com os jovens designers que hoje procuram você para promover as próprias roupas?
É muito engraçado, porque acho questionável. Vou criticar, porque se você quiser entregar alguma coisa a um designer, é melhor que seja a coisa certa. Espero que você tenha pensado na coisa por bastante tempo. Se eu estivesse fazendo o design de alguma coisa para o Ralph Lauren, era capaz de eu gastar um ou dois anos inteiros no projeto antes de me ocorrer a ideia de entregar a esse cara uma coisa que eu fiz, e que tem o meu nome. Quero que as pessoas me tratem da mesma forma. Consigo perceber se você pintou alguma coisa em cinco minutos só para entregar algo nas minhas mãos. Percebo se você só abriu uns buracos numa blusa e sai dizendo que aquilo é a sua “visão”, quando na verdade você fez a coisa em dois segundos. E mesmo que você só tivesse levado dois segundos para criar a parada, permita-se refletir por mais algum tempo. Quando você me entrega alguma coisa, vou ter a minha primeira impressão e é isso aí. É essa mesmo a melhor impressão que você quer passar de si mesmo para mim? Acho que não. É por isso que é bom eles pensarem bastante antes de me entregar pinturas ou roupas. Você não tem nem que me entregar uma obra de arte; é só dizer que curte a minha música. Mesmo que nunca tenha ouvido, diga: “Mano, ouvi dizer que você tava por aqui e quero saber mais sobre você”. É só mandar a real.

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Mas você dá essa abertura toda aos fãs?
Às vezes eu topo com uns fãs que estão só no nível superficial, e não curtem nada além das “Shabbas” e das “Works” da vida. Minha impressão é de que todo mundo conhece essas. Isso não faz com que eu me sinta especial; não faz com que eu sinta que você é especial. Conheça algumas das faixas mais obscuras, alguns dos clipes antes deles estourarem.

Então quando você virou músico e teve que dar sua música para os outros sem ganhar nada, foi difícil se ajustar a isso de não obter retorno pela sua arte?
Mas para mim ainda existia um retorno, porque eu podia sair e cantar aquelas músicas nos meus shows, pelos quais sou pago. Entendo que isso é marketing, é propaganda. Nesse jogo você precisa dar para receber.

Como foram as sessões no estúdio para esse disco?
Essas sessões de estúdio foram tipo jam sessions de estúdio. Gravei a maior parte do meu disco em LA, com o DJ Khalil. Não queria levar minas para a gravação, nenhum dos meus parças. Queria extrair dele a melhor arte possível. Clams Casino vinha, sentava e gravava a sessão inteira na sala mesmo, não por meio do computador, e sim na sala. Então você pode ouvir a gente dizendo “Ah, essa ficou quente!” e outras vozes no fundo. Ele está pegando essas sessões e loopando elas, então nesse ponto estamos sampleando o nosso próprio material. Quando cheguei a Nova York, minha família tava por aqui, e não costumo ter muitas oportunidades de estar com eles, então levava eles para o estúdio. A mãe do Yams ou a minha, tipo a minha mãe tava no estúdio com o Skrillex. As justaposições eram insanas. Queria só que ela curtisse a vibe da música, porque se a minha mãe conseguisse amar esse disco, se meu irmão conseguisse amar esse disco, então o que eu tenho é um disco universal.

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Vocês todos trabalham muito pelo…
Pelo legado?

Sim, do Yams. E pela mãe dele. Vocês não deixam que ela esqueça que ainda tem filhos.
Nós somos os filhos dela. Ela diz isso pra gente o tempo inteiro.

Isso é uma coisa linda.
É uma coisa natural. Concordo que seria ruim se a gente não fizesse isso, mas para mim é uma coisa natural manter os laços com a mãe dele. Faz com que eu entenda melhor que tipo de pessoa ele era. Assim consigo ver quais eram as raízes dele, na medida em que continuamos a ampliar esse império do jeito certo, porque tudo que ela não pode mais dizer ao filho, pode dizer para a gente. Ela pode nos dar algum tipo de direção.

Sinto que você e o Rocky são o Jay Z e o Kanye West desse espaço.
Senti isso muito tempo atrás. Tinha a imagem na minha cabeça. Foi assim que eu sempre senti. Ainda que o Rocky seja só alguns dias mais velho que eu, sinto como se ele fosse meu irmão mais velho nesse ramo, em termos de experiência. Ele comprou uma casa antes de mim; muita coisa ele fez antes de mim. Teve a chance dele antes de eu ter a minha. Ele estourou pelo mundo antes de mim, então eu meio que estudei o caso dele. Fiquei no banco do carona, como era pra ser, e ele era o meu modelo. Tudo que eu via ele fazer, já ficava sabendo o que eu faria a seguir, e o que não deveria fazer. Minha impressão é que Jay e Kanye eram desse jeito.

E bem como no caso do Kanye, você está se abrindo para os fãs agora.
Sim, a missão era fazer com que todo mundo soubesse quem era o Ferg. Meus fãs não entendiam o motivo de eu fazer certas coisas. Por que fiz uma música com a Ariana Grande? Por que você está fazendo esse tipo de turnê? Tipo, “Ah, o Ferg agora tá ficando artístico no Instagram”. Ferg fez curso de arte! Eu frequentei a High School of Art & Design, caras! Tranquilo, vou pegar e criar um projeto para que vocês possam investigar essa parte da minha vida. Foi isso o que dei aos meus fãs. Antes eu estava muito acostumado a guardar tudo a sete chaves, porque não estava acostumado a ser celebridade. Meio que fui jogado no fogo e obrigado a dançar, porque sou um grande dançarino [risos]. Sou um rapper de primeira; eu brilho. Sou uma estrela. Mas sou um designer e um artista, e não estou acostumado a estar diante das câmeras. O meu normal era manter a minha privacidade na maior parte do tempo. Saca, os designers aparecem no fim dos shows, todos vestidos de preto. Não se importam com os holofotes. Então o fato de que as pessoas querem me ver, isso muda toda a dinâmica. Agora não posso mais ter tanta privacidade. Sendo o tipo de artista que sou, agora não sou mais o designer. Sou o rapper; sou o entertainer. Tenho que me abrir para as pessoas.

Kathy Iandoli infelizmente não tem um $ no nome. Siga-a no Twitter.

Tradução: Marcio Stockler

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