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Música

Por Favor, Parem de Usar o Rosto do Bob Marley Para Vender Coisas Horrendas

Seria massa se a familiaridade do rosto de Bob Marley se resumisse em sua imortal associação com música, paz e direitos civis, porém, não é isso que acontece.
Ryan Bassil
London, GB

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Seria massa se a familiaridade do rosto de Bob Marley se resumisse em sua imortal associação com música, paz e direitos civis, mas infelizmente, desde sua morte, cada vez mais é sinônimo de camisetas sem manga, pôsteres na porta de quartos de adolescentes, capas de celular e isqueiros coloridos, em vez de ativismo incansável.

No dia 22 de fevereiro, os responsáveis pela imagem de Bob ganharam uma briga judicial que se arrastava há sete anos e que pode mudar a famosa indústria de enfiar-caras-de-gente-em-coisas: a vitória sobre a A.V.E.L.A, que tem vendido camisetas com o rosto de Marley por todo os EUA em redes como Walmart, Target, e outras grandes varejistas. E pegando carona na vitória de Rihanna sobre a Topshop no mês passado, o falso aval de produtos está prestes a se tornar um problemão.

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Mas se você acha que camisetas terríveis que encolhem e desbotam são de péssimo gosto, então seu conhecimento sobre produtos não-oficiais de Bob Marley está só na ponta do iceberg. De perfumes abstratos a perucas horríveis, existe toda uma máquina aí fora colocando a cara de Bob em tudo que se possa imaginar. Abaixo, listamos os piores. Vamos parar com isso!

DICHAVADORES BOB MARLEY

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Assim que você compra um desses, já está no esquema para bolar seus próprios baseados porcamente no conforto de sua caminha toda emporcalhada por Doritos. É um item básico de todo bom maconheiro. Mas quem opta por um dichavador com a cara do Bob não só está entrando numas de fumar unzinho, e sim dando continuidade à terrível crença de que fazem parte de um paradigma deboinha em que estão acima de todos os outros entusiastas do matinho por curtirem uma com “A Erva” ao invés de só chaparem o coco, porque, sabe como é, é uma puta antídoto pra não ficar se sentindo feito lixo. Dichavadores Marley são ridiculamente clichê – o equivalente maconhista de tatuar as barrinhas do Black Flag ou um boné Obey de aba reta. Se você encontrar uma pessoa que tenha os três, a parabenize por ser tão imbecil.

ABAJURES DE LAVA BOB MARLEY

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O abajur de lava, uma inovação decorativa inventada pelo contador britânico Edward Craven Walker em 1963, é conhecida como uma das formas mais imaturas de se iluminar um cômodo – então não estou lá muito certo de que qualquer um com um cartão de débito iria querer um negócio desses, e menos ainda porque esta mesma pessoa escolheria uma peça que foi inexplicavelmente adornada com o rosto de um músico internacional. Mas tudo bem. Como os japoneses provaram com a água diet, as pessoas compram qualquer coisa. Diferentemente de seu abajur de lava comum, a versão Bob Marley permite que o usuário crie “um clima Rasta” porque, como todos sabemos, Haile Selassie era um grande fã de cera incandescente mutante.

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PERUCAS BOB MARLEY

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Se fantasiar é a forma mais laboriosa de se encher a cara e se divertir. Por que gastar a grana da cana com uma fantasia? Assim como calouros se abespinham em repúblicas como lemingues no mar, festas à fantasia continuam a ser forma mais corriqueira de diversão organizada. Algumas pessoas recorrem a lojas especializadas e outras escolhem algo mais simples – tipo um gorrinho com dreads à la Bob. Como o cocar de índio americano ou bindis indianos, as pessoas que usam estas coisas dificilmente conhecem a cultura por trás da fantasia que escolheram. Caso você veja alguém com uma peruca dessas, pergunte o que essa pessoa sabe sobre o Movimento Rastafári. Possivelmente a resposta se limitará à maconha, Bob Marley e Jamaica, e nada da crença de que a Etiópia é o paraíso. Além fazer com que a pessoa pareça ignorante, a peruca só faz o indivíduo parecer um tiozão perdido na volta de uma despedida de solteiro no Lollapalooza.

MELLOW MOOD

Vendem este troço na rede Tesco de supermercados e tô aqui pra te avisar que é, ó, uma bosta e deve ser evitado a qualquer custo. Surpreendentemente, este é um produto licenciado e tido como oficial.

MACONHA BOB MARLEY

No ano passado, uma empresa de capital privado liderada por brancos empreendedores que se formaram em Yale anunciou o lançamento da Marley Natural – a primeira marca de maconha do mundo, com o rostinho simpático de Marley estampando o produto – basicamente deixando claro pra todo mundo que os caras não manjam nada de cannabis. Bizarramente, apesar do fato de que a erva será cultivada e vendida nos EUA – um país ao qual Bob se referia como “diabismo puro” – a família Marley na real aprovou a decisão da empresa que criou aquela marca da Sereia do Starbucks de transformar Marley no homem-Marlboro da maconha, o que prova que eles tão sussa de vender a imagem do cara contanto que ganhem um troco. Mas maconha não combina com lucros e aval, e sim ficar chapadaço sem a aprovação de organizações globais de mercado de massa TAMBÉM CONHECIDAS COMO o Sistema, certo?

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MOUSEPADS BOB MARLEY

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Quando foi a última vez que você viu um mousepad em seu habitat natural? Eu não vejo um desde a internet discada.

MEIAS BOB MARLEY

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O pé é uma das piores partes do corpo. Cheira mal, é temido por muitos e muitas vezes é necessário dar aquela aparada nas unhas. Logo, esta pergunta se faz necessária – por que relegar a estrela do reggae mais icônica do mundo a uma nota de rodapé em suas meias? Ele merece brilhar, não ficar suado e ser deixado para trás na máquina de levar. Fora que, porra, são feias pra cacete. Todo mundo sabe que meia colorida é coisa de otário e de criança.

PERFUMES BOB MARLEY

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Em 2011, a joalheria e perfumaria francesa Renassaince lançou o Jammin’ Vibration, um perfume “inspirado em Bob Marley e nos ritmos do reggae”. Caso você esteja pensando em qual é o cheiro dos ritmos do reggae: “notas de cabeça cítricas de toranja da Flórida, botão de groselha, cardamomo picante do Ceilão, pimenta rosa de Réunion. As notas de base são deliciosas com baunilha de Madagascar, cumaru argentino, e almiscaradas, com o toque do almíscar branco”. Não tem como não amar aquele cheirinho de pimenta rosa de reggae fresco pela manhã!

Siga Ryan Bassil no Twitter: @RyanBassil

Tradução: Thiago “Índio” Silva