Os sons dos artistas provavelmente falsos do Spotify são uma merda

Matéria originalmente publicada no Noisey UK.

Você deve ter ouvido falar que no ano passado o Spotify foi acusado pela Music Business Worldwide de colocar artistas "falsos" na plataforma, para lucrar com os plays gerados ao colocá-las em playlists anódinas como "Piano Relaxante" (e faz sentido: muita gente não gosta de trabalhar ouvindo músicas com letras, então playlists como essa tem milhões de reproduções). Além do que, outro dia reportamos que o serviço supostamente permite às gravadoras que paguem para que seus artistas apareçam como "músicas patrocinadas" em playlists disponibilizadas apenas para usuários que não assinam uma conta premium. Em meio às negativas, porém, o Spotify resolveu comentar as acusações da MBW, que, aliás, já estavam para fazer aniversário:

Não criamos artistas "falsos" e colocamos nas playlists do Spotify. Isto é categoricamente inverdade e ponto final […] Pagamos royalties — para artistas e gravadoras — de todas as faixas no Spotify e tudo que colocamos em playlists. Não somos donos do direito de nada, não somos uma gravadora, todas nossas faixas são licenciadas dos detentores destes direitos e pagamos a eles — não pagamos para nós mesmos.

Ata. Como apontado pela MBW, porém, o Spotify não negou que a plataforma abrigue artistas falsos, apenas que não estão por trás desses. Até aí tudo bem, mas fica no ar a pergunta: quem diabos são esses fakes e será que a música deles presta? Parei pra ouvir alguns desses só pra ver se pareciam legítimos (e não pareciam). Eis aqui cinco análises dos cinco mais populares artistas possivelmente de mentirinha com base na lista de 50 (!!) identificados pela MBW em seu artigo.

Sei não, bicho. Esse negócio incomoda, parece que estou num filme de terror sinistrão em que um porta-joias assombrado é o personagem principal? Também parece algo que estaria na trilha de The Fall, especialmente nas cenas em que Gillian Anderson está no banco de trás de um carro indo até a mais recente cena de crime onde Jamie Dornan matou uma mulher bonita antes de cheirar seu sutiã e bater umazinha. Na maior parte do tempo é só piano e bad vibe, não me deixou muito bem não.

Fake ou não? Absolutamente falso OU obra de um sociopata.

Isso é o tipo de coisa que alguma personagem feminina porcamente escrita citaria como música favorita em algum filme tipo 500 Dias com Ela só que ainda pior e então ela tocaria durante uma cena de foco suave em que a personagem e o protagonista pau mole estariam deitados em uma cama muitíssimo bem arrumada olhando um pra cara do outro. Tem piano pra caramba, mais uma vez, e por mais que só dure três minutos, a introdução é tão tediosa que você vai querer avançar um tanto da faixa. Além do que, a foto do tal Charlie Key no Spotify parece ser uma versão editadaça de uma foto do David Bowie. Deu péssimo.

Fake ou não? A produção é um tanto quanto abrasiva para uma faixa neoclássica #sensível e isso me faz pensar que é fake mesmo.

Provavelmente a faixa que soa mais "verdadeira" das que ouvi. Tocaria facilmente durante o casamento de Sophie, 27 anos, monociclista com coroa de flores na cabeça e Jonas, 31 anos, ourives freelancer.

Fake ou não? Não soa tão falso, mas dentro desse contexto, certamente é mais falso que nota de 3 reais.

A coisa tá ficando chata agora porque todos os artistas soam iguais e isso me faz gritar FAAAAAAAAAAAAAAAAAAKE. E tem mais: essa aqui nem tem foto, é só a arte do disco e pronto. Estaríamos nos aproximando da verdade? Acabo de googlar Lo Mimieux e não encontrei nada fora do Spotify além de uma página no Genius para esta faixa em que só está escrito "[Instrumental]".

Fake ou não? Eu já nem ligo mais, MAS É FAKE.

É o tipo de coisa que tocaria numa montagem tosca de cenas de Crepúsculo no YouTube e consequentemente a melhor faixa que ouvi.

Fake ou não? Claro que é fake.

Basicamente, estas faixas no piano costumam ser muito curtas e chatas e soam praticamente iguais, o que significa que uma única pessoa poderia mesmo ter composto tudo. Acima de tudo, não consigo imaginar ninguém lançando isso mundão afora como Arte™, apesar de que se o futuro da música é ter esses serviços de streaming em cima de uma galinha dos ovos de ouro, tudo fica bem triste.

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