O primeiro EP do Sain é uma crônica da nova geração do Catete
Foto: Larissa Zaidan/VICE

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O primeiro EP do Sain é uma crônica da nova geração do Catete

'Dose de Adrenalina', estreia solo oficial do "filho do D2", mistura boom-baps, traps, slow jams e gangstas, com participação em peso da crew Pirâmide Perdida.

O PICO, galeria de arte urbana que fica mocada nas ruelas da Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, lotou de gente na noite da última segunda-feira (7). Fãs, amigos e parte da imprensa se reuniram no lugar para ouvir pela primeira vez disco de estreia da carreira solo do rapper de 25 anos Stephan Peixoto, o Sain, Dose de Adrenalina, álbum que sai oficialmente nesta sexta-feira (11) em todas as plataformas digitais.

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Dentre a galera que marcou presença, estavam vários amigos rappers como o cearense Don L, o mineiro Djonga e, claro, o carioca — recém radicado na capital paulista — Luccas Carlos, parceiro de longa de milianos do Sain que faz participação em duas faixas do álbum, "Dose de Adrenalina" e "Desliga". "Além disso, ele ainda faz os vocais de mais umas cinco faixas do disco. E participou da composição", contou Sain por telefone. "Acompanho o Luccas desde o comecinho da carreira dele e ele é muito meu irmão mesmo."

O intenso envolvimento de Luccas Carlos — que, assim como Sain, também faz parte do selo carioca Pirâmide Perdida — no disco é um reflexo de o que é Dose de Adrenalina: um álbum que, apesar de ser fundamentalmente a estreia solo do Sain e contar com vários beats de autoria do próprio rapper, foi feito inteiro com uma massiva colaboração dos parceiros de vida (e de selo) do Stephan: Bk' aparece rimando em "Quem É da Área", um boombap que manda um "salve para os amigos encarcerados"; El Lif Beatz fez o instrumental de várias faixas, além de aparecer nos vocais de "Agradecimentos" e "Ambiente", com Akira Presidente. A faixa que sintetiza e deixa mais explícito esse clima de "família Pirâmide Perdida" no decorrer do álbum é "Notas (Remix)", na qual participam Bril, CHS, Bk' e Luccas Carlos.

Foto: Larissa Zaidan/VICE

Mas mais do que meras participações de amigos, Dose de Adrenalina traz a visão de toda essa galera sobre o Catete — bairro no qual Sain cresceu —, a zona sul não abastada do Rio de Janeiro, a criminalidade que os cercou desde pequenos e a relação deles com drogas e sexo. "É como se fosse uma crônica do meu bairro, de onde eu cresci. Dos rolés que eu dei, sabe coé?", disse Sain. "Mas também não é só o que eu acho [sobre a região]. Peguei muito também a visão dos meus parceiros de vida pra fazer esse disco. É um retrato da área."

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O disco se divide em duas partes, quanto à produção: da primeira faixa, "Prato do Dia", até a sétima, o interlúdio "Mais Jazz Menos Papo" (com baixo de Tim Lisandro, padrasto do Sain), os beats vão mais pro boombap. Sain explica que essas músicas são as mais antigas, que ele foi fazendo antes de pensar em elaborar um disco. "Era o que eu mais ouvia na época, por isso tem mais essa pegada. Mas o tempo foi passando e fui incrementando com uns bagulhos mais novos."

Foto: Larissa Zaidan/VICE

A segunda metade, que começa com "Eu Sei Bem", chega carregada com batidas mais atuais de trap. "Nessa faixa ['Eu Sei Bem'], que é o primeiro trap do disco, eu faço uma citação a Jorge Ben, que foi meio de brincar. Tentei entrar nessa onda mais eletrônica, mas sem perder a essência", explicou o rapper. "Fazer trap também tem a ver — não diretamente, mas tem a ver — com fazer funk, que foi o ritmo que eu mais escutei desde pequeno, junto com boombap."

Quanto à temática, as músicas se intercalam entre slow jams sobre sexo, relacionamentos, festas e "rolés", como "Sussurros na Fumaça" (que já ganhou o clipe do player abaixo), e músicas de rua e crime, numa pegada mais gangsta-rap, como "Quem É da Área" e "Prato do Dia".

Além do pai Marcelo D2, figura lendária dentro da cena do Catete, outro rapper que serviu de muita influência para o Sain foi o Don L, que até é citado no disco. "O Don L é um dos artistas no qual eu mais me amarro. Acompanho ele há bastante tempo e acho ele muito foda, então acabou aparecendo a referência."

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Junto com a audição, rolou uma exposição de fotos da região do Catete de Marco P. Grillo, fotógrafo responsável pela capa do disco do Sain. "Eu expliquei pra ele a ideia do disco e a gente saiu pelo bairro, tirando foto. E foi mais ou menos isso", disse Sain. "Por incrível que pareça, só a da capa que é de uma casa que fica numa região mais afastada daqui."

Foto: Larissa Zaidan/VICE

Pro Stephan, o título Dose de Adrenalina tem a ver com fazer música. "É o que me move e me motiva", explicou. "Pode até me deixar nervoso e com medo às vezes, mas é o que eu preciso pra me sentir vivo. Então acho que é mais ou menos isso que eu quis dizer com esse nome".

Ouça Dose de Adrenalina no player abaixo:

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