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Por mais longe que vá a nossa imaginação ao pensarmos que somos o resultado de "lunáticos", "histéricos" e "imbecis" do século XIX, ou os "spazzes" e os "spackers" dos tempos mais recentes, podemos ver que não é preciso ir tão longe. A estigmatização da doença mental continua a desencorajar pessoas a procurarem ajuda ou a falarem abertamente sobre as suas experiências. "Foram precisos 12 anos de problemas evidentes para ir a uma consulta e, realmente, penso que a linguagem teve um papel crucial nessa situação. Eu próprio acho que tenho preconceitos sobre a saúde mental:" disse-me Jan*, que foi diagnosticado com fobia social.Um estudo de 2007 realizado com crianças em idade escolar constatou que "a procura de ajuda por parte de doentes mentais ainda jovens pode ser melhorada através de intervenções que tanto abordem a sua falta de informação factual sobre a doença mental, como as que conseguem reduzir as suas fortes reacções emocionais negativas em relação às outras pessoas com transtornos mentais ". O estudo também descobriu que as crianças usaram palavras como "perturbado", "maluco", "retardado" e "def" - entre outras - com relativa frequência.Uma das principais queixas dos que sentem o politicamente correcto a ser levado ao extremo é que a sua linguagem está a ser policiada. Se dizes às pessoas como devem usar as palavras, elas não vão reagir da melhor maneira. A ideia seria pensar na forma como o uso da linguagem afecta as pessoas.
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Outras celebridades receberam um tratamento semelhante nos últimos anos. "Mas o que é que está a acontecer à Amanda Bynes," perguntou Gawker, e não nos surpreendeu já que são os cliques a pagar as contas e qualquer coisa que envolva loucura desperta sempre muita curiosidade. Britney Spears tem sido descrita como "maluca" e Danniella Westbrook parece ter tendência a participar nas "loucas discussões" que acontecem no Twitter. Ainda assim, estes exemplos são apenas a ponta do icebergue. Andrew Scull é um historiador de psiquiatria e autor, mais recentemente, do Madness in Civilization, um livro que explora a história cultural da loucura, desde a Palestina antiga aos dias de hoje. Ele disse-me que "a linguagem, aqui, é uma espécie de armadilha", porque, durante milhares de anos, "a loucura veio acompanhada de um estigma e esse estigma é um dos causadores de sofrimento." Manchetes como as do "Bruno Maluco" são, segundo Scull, bons exemplos disso. Várias culturas têm fomentado esse estigma vezes sem conta, dependendo das circunstâncias. "No início do século XVIII, existiam uma série de paródias e piadas à custa dos doentes 'histéricos' e das pessoas que sofriam de melancolia," diz Scull a título de exemplo. A história da terminologia usada em saúde mental também nos mostra que as palavras são usadas indiscriminadamente até que o seu uso atinge um ponto de inflexão e, em seguida, se torne inaceitável ou antiquado. O que é verdade para a linguagem quotidiana é também verdade para a terminologia médica. Falei com algumas pessoas com várias preocupações sobre os diagnósticos que foram recebendo ao longo dos anos. Muitas vezes, essas preocupações tinham a ver com a linguagem ou as suposições inerentes à linguagem. "Distúrbio" é uma palavra que aparece constantemente como um problema. Esquizofrenia é uma palavra que as pessoas vêm actualmente como altamente problemática. Um recente artigo do Daily Beast sobre esta questão foi ainda mais longe: "Considerando-se todas as palavras usadas para doença mental, tanto as usadas por médicos como as cruelmente insultuosas utilizadas pelo público em geral, é impressionante ver que a maior parte tem conotações com o estar estragado ou o desorganizado: demente, louco "crazy" (que significa "cracked" - em si um termo depreciativo), fora de si, com falta de parafusos, desequilibrado,… " Reivindicar certas palavras que têm um poder nocivo sobre nós, é uma das maneiras de as conseguir superar, como os Afro-americanos fizeram ao reivindicarem a palavra "nigger". O movimento de sobreviventes psiquiátricos vê os termos como "loucura" e "doença mental", como sendo aqueles que podem ser usados com orgulho. Amy*, que sofre de depressão, diz-me que, "muitas vezes eu uso a linguagem de uma forma bastante irreverente porque eu acho que a irreverência lhe retira o seu poder secreto." Ela admite que isso pode simplesmente significar que ela interiorizou os estigmas da sociedade, mas diz que "é bem melhor do que estar sempre sisuda". Leadbitter diz: "houve momentos em que estive muito doente e ter de ouvir o uso coloquial de palavras como 'mental', 'louco' e 'maluco' foi bastante doloroso," mas ele continua, "Posso reivindicar esta linguagem. Eu posso dizer, 'Sim, eu sou louco". Naturalmente, outros discordam, porque vêem estas palavras como uma evocação dos dias negros da época Victoriana. O importante é que as pessoas com experiência pessoal em problemas de saúde mental, e aqueles mais sensíveis às realidades envolvidas, continuam este debate. Uma das principais queixas dos que sentem o politicamente correcto a ser levado ao extremo é que a sua linguagem está a ser policiada. Se dizes às pessoas como devem e não devem usar palavras, elas não vão reagir da melhor maneira. A ideia seria pensar na forma como o uso da linguagem afecta as pessoas," diz Leadbitter. O que podes dizer entre amigos é, para não variar, muito diferente do que podes dizer entre desconhecidos ou em espaços públicos. Os meios de comunicação - com posições de poder na nossa sociedade, por mais problemas financeiros que possam ter - não podem tratar as primeiras páginas como se estivessem na privacidade das suas casas. Podemos ter medo do que as outras pessoas pensam e sentem. Podemos ter medo da nossa forma de pensar e de sentir. Podemos ver como as vulnerabilidades dos outros podem ser insuportáveis. Essas coisas podem ser todas verdadeiras, mas também é verdade que mostrar bondade e sensibilidade na linguagem que usamos não devia ser uma grave imposição - mas sim um requisito básico da nossa humanidade. * O nome foi alterado @oscarrickettnow"A linguagem é a forma que usamos para codificar coisas. Se modificarmos a linguagem, então modificamos as percepções" - James Leadbitter