Quinze razões para deixares de ser heterossexual

Este artigo foi originalmente publicado na VICE Espanha.

Uma pessoa tem sempre de tentar contradizer-se para conseguir chegar a dar opiniões sinceras e consistentes. "Este restaurante chinês na rua Ali Bei é o melhor de Barcelona". Bom, vamos pelo menos pensar na possibilidade de que isso possa não ser verdade, que existem um ou mais locais onde se cozinhe comida chinesa merdosa do mesmo nível, ou até melhor.

Um bom exercício é o de considerar o oposto do que se pensava inicialmente. É ao defenderes o teu adversário que te apercebes de coisas que antes tinhas ignorado. Com esta técnica, descobri que os filmes de Julio Medem não são tão maus como eu pensava, que os discos dos anos oitenta do Bob Dylan não são assim tão terríveis e que isto de ser gay não deve ser a loucura que à primeira vista pode parecer.

Século XXI, os companheiros da i-D que andam pelo nosso escritório dizem sempre: "O género não existe". Então lembro-me daquele filme de Kevin Smith, em particular do discurso que faz à personagem Alyssa Jones na cama (espero que saibam do que estou a falar, a Internet não tem este material) e penso, fogo, estes gajos têm razão. Depois recordo-me daquele momento durante a minha adolescência em que ia ter com um gajo que me mostrava os álbuns dos Pavement e dos Grandaddy. Lembro-me de tentarmos fazer um fanzine chamado "Nosferatu" que nunca se chegou a realizar e, a sério, eu apreciava este gajo de tal forma que cheguei a pensar que gostava mesmo dele. Eu masturbava-me - e ainda me masturbo - a pensar em mamas, mas não posso ignorar esse sentimento adolescente e a ideia de que talvez um dia possa vir a gostar de um homem. Enfim, isto é tudo muito bonito mas o que vocês querem é o raio das 15 razões. Então aqui vão

Já tiveste aquela sensação de olhares para a cara de um gato e pensares: "Foda-se, não está nada mal?". Este tipo de coisas envolve abrir um pouco - muito - a mente a pensamentos que normalmente matamos à nascença com as imponentes paredes sociais que nos foram erguidas pelo homem há séculos.

Este "Foda-se, não está nada mal?" é algo que pode aplicar-se a muitas coisas e até mesmo a pessoas do mesmo sexo.

Na verdade, é mais lógico relacionares-te com seres parecidos contigo do que com "entidades" diferentes. O teus melhores amigos são de certeza pessoas e não golfinhos, ou vespas, não é assim?

A história da humanidade é um compêndio de confrontos entre diferentes civilizações, um conflito aberto entre diferentes formas de compreender o Mundo. Com isto em mente, o perigo não é apenas que dois barbudos se beijem, mas sim que um barbudo e alguém que nunca venha a ter barba se beijem.

Pensas sempre que és muito mau a masturbar o sexo oposto (e és). Todos esses problemas vão desaparecer assim que agarrares numa ferramenta como a tua. Tens anos de experiência, conheces esse mapa de carne na perfeição. Vais ser o Steve Jobs da punheta.

Estes gajos têm espaços nas discotecas feitos especialmente para que se comam entre eles. Progresso? Não faço ideia, mas é preciso que alguém tome nota deste facto.

Tentas sempre ignorar os sonhos em que passas horas a a lamber pilas. Mas está tudo bem, faz o que quiseres com esta informação, podes digeri-la como te apetecer.

Aconteça o que acontecer, nunca vais ser surpreendido com um "Raios, acho que estou grávida".

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Não estou a dizer que seja correcta - a violência doméstica é sempre horrível. MAS entre casais homossexuais a coisa pode parecer menos dramática. É um terrível prejuízo, mas existe. Não é verdade rapazes?

No caso dos homens gay, a fantasia natalícia de que apareçam uns gajos montados em camelos e que te ofereçam presentes fantásticos é espectacular, mas se ainda por cima lhe somas a ideia de que ias gostar de os comer, as coisas melhoram consideravelmente.

Os rapazes heterossexuais gostam de mijar e cruzar os mijos como se fossem espadas sem nenhum tipo de problemas e também põem a pila de fora no meio das discotecas, mas depois incomoda-os ver os instrumentos dos outros nos vídeos pornográficos que consomem obsessivamente. Algo está errado nisto.

Esta é para as mulheres. Porque é que a maior parte se masturba com vídeos lésbicos?

Quando levas mais de 50 anos a viver com alguém costuma-se dizer que o que mantém o casal unido é "a confiança", ou "o respeito", ou uma merda assim. Mesmo que detestes ter relações sexuais com pessoas do mesmo sexo vai chegar um ponto em que isto do amor se vai limitar à convivência. O sexo e o carinho não vão ter nada a ver, por isso vai ser exactamente a mesma coisa, seja qual for o tipo de sexo com o qual decidas partilhar os teus dias na terra, no final tudo estará limitado a ter "confiança", "respeito" e acabarem enterrados um ao lado do outro.

Os casais heterossexuais são a representação do declínio do capitalismo, o mercado representado em diferentes unidades familiares, a reprodução fractal do horror. Qualquer coisa que rompa esta ideia será extremamente bem-vinda.

Durante uma relação heterossexual chega-se a um ponto em que os gajos só gostam de sexo oral. Algo semelhante acontece com as gajas. De qualquer maneira, o que menos apetece fazer é coincidir os dois órgãos sexuais. Com isto em mente e sendo bastante racionais, mas o que é que importa o tipo de genital que maneja o teu companheiro?

Pensa nisto: os homossexuais têm uma bandeira, os heterossexuais não.

Uma vez estava à espera de um amigo na Praça da Universitat, em Barcelona. O gajo estava atrasado e, por acaso, era o dia do orgulho gay. Quando me apercebi já estava cercado por homens. Ao meu lado um deles já farto de olhar para mim perguntou-me se eu era gay. Eu disse-lhe que não e ele rapidamente respondeu: "pois, quando te chuparem a pila logo vês". Acredito meu caro, eu acredito.