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Música

Descolei um Moog para Brincar com Synths Vintage

Tomei a decisão artística fazer apenas jams, de desencanar e esquecer da rigidez estrutural, de ficar de igual para igual com a música, saca?

Não é todo dia que você está num quarto de hotel ostentação com uma cerveja na mão e aparelhos tecnológicos muito, mas muito caros à sua disposição. Tive a sorte de ser convidado para ir a um dos hotéis mais chiquetosos de Shoreditch, em Londres - não, não era o Premier Inn - e passar cerca de uma hora fuçando o tipo de equipamento musical que faria você vender sua casa para descolar um. Richard Norris, o engenheiro de som e produtor mais conhecido por tocar no The Grid, de fato fez isso.

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Os pioneiros em tecnologia eletrônica da Moog equiparam o lugar com uma coleção de sintetizadores que deixaria os caras que vasculhavam as cópias amareladas da Sound on Sound noites a fio pulando de tanta alegria. Este era o laboratório de som que eles montariam com os fabricantes de microfones personalizados Bowers & Wilkins. Tinham pedais de baixo da Taurus 3, um teclado Little Phatty Stage II, alguns teremins muito loucos, uma bateria de diamante e uma cópia do Moog System 55, um sintetizador modular surgido em 1973. Eu não fazia ideia de como essas parafernálias funcionavam, mas elas pareciam massa, e tenho certeza de que pareci descolado enquanto estava lá fuçando as pré-configurações e ocasionalmente tocando uma nota estranha até alguém perguntar se tinha sido eu que tinha feito aquilo, ficar constrangido e voltar a fuçar todos aqueles botões.

Desprovido de qualquer talento musical, eu trouxe um amigo comigo que sabia fazer outras coisas com uma bateria além de quebrá-la. Matthew Thomas, conhecido por todos como Rushmore, lidera a label Trax Couture e produz as festas da House of Trax. As faixas de balada duronas e a house music que ele lança, promove e toca podem não parecer uma combinação natural com o equipamento em questão, mas ele era uma analogia ao Augustus Gloop.

Antes de eu e o Thomas sermos levados até o quarto, decidimos tentar criar um hino de verão do THUMP no tempo que tínhamos ao nosso dispor. Apesar da minha completa falta de ritmo e incapacidade de tocar qualquer coisa mais complexa do que Frère Jacques e a quedinha do Thomas pelo dark side do espectro das baladas, fui convencido de que éramos capazes de entrar lá, começar uma jam, e imediatamente criar aquele tipo de batida simplona que adiciona mais um zero na conta bancária do David Guetta e vende algumas milhares de garrafas de Grey Goose nas baladas provincianas mundo afora.

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Surpreendentemente, descobrimos que fazer um hit na verdade não é tão fácil quanto eu imaginava. O mini-estúdio era opressor. Enquanto eu ficava lá tentando absorver todas aquelas coisas - as luzes! os sons! os cabos! os donuts de graça! - o Thomas estava fuçando tudo. "Parecia um Natal surrealista quando chegamos lá", ele me disse depois. "Eu não sabia no que mexer primeiro, então mexi em tudo."

Como você pode ouvir, nossa primeira aventura não chegaria ao topo das paradas como nós achávamos. Ainda assim, ficamos apertando os botõezinhos por pouquíssimo tempo, então ainda tinha muita coisa para tocar. Antes de contarmos como a gente se saiu, aqui vai uma breve introdução à Moog.

Robert Moog, pioneiro em eletrônica americano, nasceu em Nova York no ano de 1934. Em 1948 ele já tinha começado a produzir seus próprios teremins - varinhas pulsantes que reagem ao toque e à proximidade física gerando distorções, bizarrices, uivos e gemidos de outro mundo - e eventualmente acabou criando circuitos para o lendário e excêntrico Raymond Scott. Em meados dos anos 60, a Moog passou a criar e fabricar seus próprios sintetizadores modulares. Esses displays desafiadoramente não-digitais da criatividade da engenharia e excelência experimental começaram a ser usados por todos desde Alesso até o Brian Eno, passando por Deadmau5 e Florian Fricke.

A primeira grande estrela da Moog foi a Wendy Carlos. O disco Switched on Bach, da Wendy, pegou o trabalho orquestral majestoso do compositor clássico e o reinventou como um conjunto de esquisitices com synths saturados que vendeu milhares de cópias. Desde então, os monstruosos Moogs se tornaram sinônimo de experimentação e ambição. Eles exigem trabalho para serem trabalhos. Os usuários - e depois de ter lutado com eles pessoalmente, acho que faz sentido imaginar qualquer pessoa brincando com qualquer coisa como o vasto System 55 por exemplo, em vez de de fato tocando esse equipamento - fuçam sem parar os patches, switches e plugues. Fios soltos dão voltas, se enrolam e se desenrolam, notas sopram, estalam e vibram. As menores manipulações alteram radicalmente a paisagem sonora. São máquinas verdadeiramente empolgantes, que oferecem possibilidades praticamente infinitas àqueles com a paciência para absorver e entender complexidades infinitas. Eu ainda não estava pronto. Já o Rushmore estava chegando a algum lugar. Quase lá. Talvez.

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Os instrumentos foram trazidos da Universidade de Surrey, em Guilford, e preparados para viajar pelo Reino Unido antes de retornar a Shroeditch para uma série de eventos focados em Moog, com a participação de gente como o maestro da World Unknown, Andy Blake; Steve Stapleton, do sempre aterrorizante Nurse with Wound; e o japonês fissurado-por-barulhinhos Keiji Haino. Baseado no que você vê abaixo, não acho que eu e Rushmore seremos convidados a fazer uma aparição.

Conforme foi ficando cada vez mais aparente que não faríamos uma "Turn Around", muito menos uma "Music Sounds Better With You", tomamos a decisão artística fazer apenas jams, de desencanar e esquecer da rigidez estrutural, de ficar de igual para igual com a música, saca, de relaxar e deixar fluir, de parar de ficar com pé atrás e tomar um rumo definitivo à liberdade. Não importava que o caminho que seguimos fosse basicamente inaudível. Dali em diante, era pura e simplesmente um prazer infantil. Era como brincar de Lego sem o perigo de machucar as solas de nossos pés. Nossa única limitação era nós mesmos. Vá em frente, Moog, nos dê alguns dias e prometo que criaremos o "Lola's Theme" desse ano.

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Tradução: Stefania Cannone