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Música

O Vermes do Limbo É um Desafio para os Especialistas em Rótulos Musicais

A dupla que vale por uma banda inteira lança ‘Panvermina’, uma aula sobre como limitações técnicas domadas podem ser convertidas em bonitos esquemas rítmicos.

O Vermes do Limbo é uma dupla caipira de rock torto formada em Londrina, norte do Paraná, em 1996, e cujo estilo de som peculiar tomou forma a partir da repetição do erro. Guilherme Pacola, o baterista, e Vinicius Patrial, o baixista, que atualmente residem em São Paulo, conheceram-se há 30 anos por causa de uma paixão e prática em comum, o skate. Daí eles foram morar juntos e começaram a tocar. Apesar de serem donos de composições que impressionam a muitos daqueles especialistas em música metidos a espertos, do tipo que ficam tentando encaixar o que eles fazem em termos como pós-hardcore, math rock, e o escambau, a verdade absoluta é que os próprios Vermes estão cagando pra tudo isso.

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Eles são só uns caras com sensibilidade apurada o suficiente para transformar num negócio daora umas travessuras que experimentam em suas jams. “Desde que decidimos montar o Vermes, sabíamos que o som tinha que ser estranho, não combinar com nada, espantar os convidados das festas”, os dois me disseram por e-mail. O Vermes do Limbo nunca buscou fundamentos teóricos para a sua criação. Eles só deixam fluir e as músicas vêm naturalmente. A única meta deles é concretizar um disco por ano, e a cada ano as influências mudam, se acumulam, e refletem-se no som.

Talvez como resultado da colaboração de tanta gente no disco que os Vermes acabam de lançar, Panvermina é mais, digamos, fácil de digerir. Mesmo as faixas desfilando altos adornos e tempos complexos, foi num só dia que a dupla gravou o baixo e a bateria de todas, ao vivo. Depois, mandou os overdubs com calma. Adeus Igapó, o trabalho anterior, seguiu o mesmo esquema simplão. “Não dependemos de estúdio para as nossas gravações, sempre tem alguém do meio musical disposto a nos ajudar. As gravações são feitas em casa ou em locais cedidos por amigos”, comentam. Curta essa sonzeira e se liga na entrevista que os camaradas responderam pra gente.

Noisey: Quando alguém finalmente achar que isso é possível e inventar um rótulo para encaixar a música de vocês, será a hora de procurar fazer um lance ainda mais tortuoso e fragmentado?
Vermes do Limbo: É engraçado isso de tentarem rotular nosso som, é uma forma prática de descrever o que compomos. Às vezes, ouvimos coisas interessantes e, outras, bizarras a nosso respeito. Carimbe quem quiser. Colocamos sons por aí dentro do nosso limite técnico de execução, desde o início tentamos fazer algo estranho, quebrar quando algo soa bonitinho. Hoje isso já é natural, sai torto mesmo sem pensar.

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Como funciona o processo de construção das músicas de vocês, sendo elas tão entrecortadas?
As músicas brotam de uma jam ou frase que trocamos. Um contribui daqui, outro dali, sempre livre, até o erro vira música se repetido. Às vezes, demoramos um mês em uma música, enquanto outras ficam prontas em um dia, e tem música que nunca foi terminada. No final, cada vez sai de um jeito.

Quais são as influências ou inspiração da música do Vermes?
Nosso som é um reflexo do que aprendemos por aí. Ouvimos de tudo, somos amantes da boa música, e é claro que existem influências que são para vida toda como o skate, o punk e a arte. Os Vermes, assim como as coisas que valorizamos na vida, sempre vão estar juntas, como uma verruga.

Antes de montar o Vermes do Limbo, qual era a experiência musical que vocês traziam na bagagem? Vocês vieram de outras bandas, estudaram música, esse tipo de coisa?
Tivemos outras bandas, todas autorais. Quando não se sabe tocar direito fica impossível tirar cover, então desde sempre aprendemos a compor dentro de nossas limitações, e de certa forma isso foi libertário em termos de estilos. Nunca estudamos música, pesquisamos artistas e bandas.

Agora com o lançamento desse novo play, quais são os planos da banda? Turnê, clipe, parcerias, o que vem pela frente em 2015?
Nosso ganha-pão não vem da música. Abandonar nossos compromissos e cair na estrada depende de propostas decentes. Temos um convite para uma turnê na Inglaterra. Vamos ver… Clipes são bem-vindos, quem estiver disposto a fazer, é só nos avisar, será um prazer. Parcerias sempre, numa cozinha funcional cabe qualquer chef com ideias malucas. Pra 2015 pretendemos continuar tocando, compondo e registrando. O que importa é lançar um trabalho inédito por ano e acreditar nisso.

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