Estocolmo, na Suécia, talvez não seja conhecida por sua cena psicodélica, mas se você é um entusiasta de música, com certeza a conhece por conta do Dungen. Durante os últimos 15 anos, Gustav Ejstes tem composto e tocado sob esta alcunha, e por mais que agora seja uma banda colaborativa com quatro integrantes, ele ainda segue como a alma e coração do grupo. Faz cinco anos desde o último álbum dos caras, Skit i alit, porém seu vindouro novo disco Allas Sak valeu a espera. De entortar o cabeção, melódico e melífluo, esta série de canções prova que ninguém conseguiu preencher o vazio do Dungen. Em outras palavras, temos sorte dos caras ainda tocarem. Confira você mesmo com a nossa estreia de “Franks Kaktus”, de Allas Sak, uma faixa que transcende mesmo gênero e linguagem. Peça já sua cópia via Mexican Summer antes do lançamento em 25 de setembro.Noisey: Você acredita que os ouvintes podem curtir a música mesmo sem entender sueco?Gustav Ejstes: Sim, porque me pego ouvindo uma fita de música brasileira ou turca ou tudo que é idioma que eu não entendo. Isso que é lindo na música: dá pra sentir e ouvir algo de qualquer forma. Claro que as letras são importantes, mas ao mesmo tempo sei que consigo expressar algum sentimento sem que as pessoas saibam exatamente sobre o que estou cantando.Você diria que as letras em Allas Sak são muito pessoais?Sim, sempre foram. Minha esposa disse que ela achava que uma de suas favoritas do disco era sobre a relação que tive com uma amiga, mas tive que falar pra ela “não, é sobre maconha”. [Risos] É pessoal e sobre mim passando por coisas pessoais, mas mesmo que minha esposa entenda sueco [ela ainda tem sua própria interpretação daquilo]. Acho bacana quando você constrói seus mundos e tire seu próprio significado daquilo.Você curte o fato de que as pessoas podem ter suas próprias interpretações da música, e como sua esposa, entender algo que não era bem sua intenção?Com certeza. Não que eu tenha isso como objetivo. Mas é incrível quando as pessoas sentem algo e viajam com o significado da música, então tento guardar os significados pra mim. Digo, agora eu disse pra minha esposa que a música é sobre maconha, mas não quero estragar nada pra quem curtir mesmo o som.Rola uma cena psicodélica grande na Suécia hoje?Não sei. Depende do que você define como música psicodélica. Uns anos atrás rolou um festival psicodélico na Suécia e um dos caras da banda, Mattias, ajudou a organizar. Tem um monte de banda que soa diferente, mas como definir a música psicodélica senão como aquela que faz sua mente se abrir? As pessoas dizem que nossa música é psicodélica, mas eu mesmo nunca falei isso. Acho que rola mais uma cena psicodélica global [em vez de uma regional].No caso do Dungen acho que isso rola por conta dos muitos solos que soam improvisados.Isso, talvez assim possamos ser definidos como psicodélicos. Pra mim é uma tradição dos anos 60 e 70 quando tudo era mais livre e a forma como tocamos pode ser bem soltinha. Algumas outras coisas podem ser bem estruturadas, mas quanto tocamos só deixamos tudo rolar – e claro que improvisamos muito, então nesse sentido acho que é bem psicodélico mesmo. Mas ao mesmo tempo [seguindo essa lógica], o jazz deveria ser considerado psicodélico, acho. Sei lá. Desculpa, o que que você perguntou mesmo?Não importa. O que significam estes rótulos, né?É, penso assim também. Acho que a cultura moderna não é tão velha assim, mas já foi usada e sampleada tantas vezes que virou um misturadão de algo que já foi feito. Então é mais tipo hoje você pode falar sobre tocar seguindo diferentes tradições mais do que se prender a um gênero. Tipo, eu nasci em 1979, mas com os mais jovens parece ainda mais que está tudo se misturando.Jonah Bayer consegue comer seu peso em miojo. Siga-o no Twitter.Tradução: Thiago “Índio” Silva
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