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Música

O Aphorism É Death Metal Californiano Feito na Bahia

Mistura de death e crust, a banda lança "Renúncia ao Absurdo" e "Morta Vida" com exclusividade no Noisey.

Com um EP lançado e um full-lenght em fase de finalização, o Aphorism chega pesado com o lançamento de dois singles que estarão no disco Exercícios de Insubmissão. Formada em 2008, a banda está hoje em sua fase mais madura, com um direcionamento mais definido do barulho que se propõem a fazer.

Isso é perceptível em "Renúncia ao Absurdo" e "Morta Vida", tijoladas que lançamos com exclusividade aqui no Noisey. Metal moderno (muito bem) feito na Bahia, oscilando entre death e crust com boas e céticas letras em português. Tomamos umas cervejas e trocamos umas ideias com Felipe Mendes, Marcelo Adam, Paulo Meirelles e Rafael Inah pra saber mais sobre o disco novo que deve sair em agosto, a cena punk/metal baiana e como manter uma banda com o baterista morando em outro estado.

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Noisey: Por que esses foram os singles escolhidos para anunciar o disco novo?
Aphorism: É difícil escolher músicas que sintetizem um álbum, mas essas são as que mais chegam perto de cumprir essa função. São duas músicas que englobam vários elementos que estão presentes nesse disco, tem o death metal, o crust e estão entre as primeiras que compomos nessa fase atual, com a contribuição de Marcelo (guitarra), que entrou na banda pouco antes da gravação do primeiro EP. As músicas do passado foram muito importantes para construir o que a banda é hoje, mas com certeza hoje estamos em outra fase, em todos os sentidos. Inclusive, de levar mais a sério, buscar fazer um som mais bem feito, ter uma rotina de ensaios.

O que dá pra adiantar sobre esse disco? E o que vocês percebem de diferença do EP I para o Exercícios de Insubmissão?
Acreditamos que o crust está ainda mais presente na sonoridade. O som está mais conciso, as músicas são diferentes, mas tem uma mesma atmosfera. A gente procurou dar uma direção mais definida pra banda, estávamos com um monte de músicas e quando Marcelo entrou a gente teve uma conversa e definiu que seguiríamos essa linha de músicas mais retas, mais diretas mesmo. Não é grindcore puro ou death metal puro, mas hoje temos uma linha que é própria da banda, sem tanta mistura. Foi mais ou menos o mesmo esquema de produção, só que dessa vez a gente fez a gravação de todos os instrumentos com Vicente Fonseca. A mixagem e masterização foi com Bill (Zander, Superfuzz), a ilustração da capa novamente com Hugo Abacrombie e a finalização do projeto gráfico com o designer Leo Vilas. O disco vai pra fábrica nos próximos dias e vai ser lançado pela Oxenti Records em parceria com nós mesmos. Aí vamos correr atrás de show de lançamento, divulgação e estamos vendo um esquema de tocar em São Paulo e Rio de Janeiro, provavelmente em outubro.

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Vocês demonstram ter uma preocupação a mais com a identidade visual da banda. Como se deu o contato com o Abacrombie Ink (Hugo Silva)?
A gente conheceu o trampo dele por internet mesmo, vendo as artes que ele tem feito pra outras bandas, cartazes de show… e o cara arregaça muito. Aprendemos bastante com Leo Vilas sobre a importância de uma banda ter uma identidade visual própria e o trabalho do Abacrombie bate muito com o que a gente faz. No EP, a gente deu um direcionamento a ele do que queríamos, mas nesse disco foi liberdade total. Falamos pra ele: “O título do disco é Exercícios de Insubmissão”, e o deixamos livre para criar a partir disso. A ideia é continuar mantendo essa parte do trabalho com ele mesmo.

Agora que o baterista Diogo OG se mudou para Recife, como está a formação do Aphorism?
Esse é um momento de incerteza pra banda, é um clássico já, acontece nas melhores famílias: fazendo o corre de gravar, praticamente tudo certo já e veio essa mudança que a gente ficou tipo “o que é que vai ser agora?”. No momento não estamos nos preocupando tanto com isso, estamos mais focados em lançar o disco e continuamos conversando sempre com Diogo pra ver como isso pode funcionar. A gente quer continuar com ele, é um cara que tem uma sintonia legal conosco e isso é muito importante. A banda vinha num momento legal, com uma boa rotina de ensaios e produtividade, tanto que esse disco todo foi composto e gravado um ano depois de lançarmos o EP. E essa mudança foi bem inesperada, até mesmo pra ele, e agora ele já se mudou de novo e está morando em Maceió. Mas o acordo que chegamos é dele estar sempre colando aqui em Salvador e nos beneficiarmos dos adventos da rede mundial de computadores pra parada continuar rolando.

A maior parte de vocês tocava numa outra banda muito foda chamada Fragor. Dos tempos da Fragor para o Aphorism, o que vocês acham que mudou entre vocês e no cenário baiano?
O que menos mudou é a nossa ligação pessoal, continuamos sendo um grupo de amigos que se reúne pra tocar. Como banda, não tem nada a ver com a Fragor, é uma proposta bem diferente. O cenário também é outro, infelizmente não tão forte quanto antes. Tínhamos um circuito maior de shows rolando, de espaços para tocar… Mas ainda tem muita coisa acontecendo. O show de lançamento do EP da Aphorism nos surpreendeu bastante, mostrou que ainda dá pra construir. Tivemos uma presença muito boa de público, pessoas novas interessadas no som e dá pra perceber que o cenário está se reerguendo, que de fato a coisa não para. Hoje tem uma galera ainda fazendo as coisas, como as pessoas da época da Fragor faziam naquele momento. Talvez não com a mesma intensidade, talvez não da mesma forma, mas dá pra sacar que a movimentação continua acontecendo. E uma das provas disso é que a gente continua aqui até hoje, tocando e fazendo isso apenas porque gosta. Não dá pra ficar se lamentando porque não tem tanto espaço como já teve anos atrás. A gente quer tocar, fazer o máximo de shows, mas com a Aphorism também tem rolado coisas muito gratificantes tipo lançar um material e ver gente da Rússia, Irlanda, Estados Unidos nos dando um retorno positivo, como achamos por acaso numa busca no Google um site da Itália citando nosso EP entre os melhores lançamentos de 2014. Ter esse reconhecimento já faz valer a pena, nem que seja só de nossas mães falarem que tá foda. E não é nada nostálgico, a gente toca amarradão com o que a banda é agora.

A galera mais true do metal é receptiva ao som de vocês? Em que meio vocês acham que circulam mais facilmente?
Não rola essa preocupação de se encaixar em algum cenário ou de ser aceito pela cena dos metaleiros trues, até porque a gente não é true. É algo que a gente nem pode falar porque não tem contato mesmo. Não temos problema nenhum de tocar com banda de qualquer estilo e a gente não faz som pra agradar true nem pra agradar boy. Desde que seja algo em que todo mundo se respeite a gente cola. Só fazemos questão de não tocar com banda de ideia escrota, nazi, machista, homofóbica. O que acontece é que a gente tem tocado muito mais com a galera envolvida com o punk mesmo. Tem iniciativas legais rolando por aqui, como o pessoal do Crust or Die, Toma na Cara, Arranca Canela, Fundo HC, Big Bross, a galera de outras cidades da região metropolitana. Bandas bem fodas como Mácula, Calmia, Black Cascade, Rancor, entre outras.

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