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Luan Santana não é o primeiro sertanejo a "se render" ao metal

Aproveitamos o fake news de marca que foi o anúncio da guinada heavy metal do crooner para lembrar de outros artistas que trocaram a viola pelo pedal de distorção da guitarra.
Montagem via @Chabalzitto

Nas últimas 24 horas em terras brasileiras, pais de família e jovens empreendedores monopolizaram as conversas nos grupos de WhatsApp com uma discussão de cunho filosófico-cultural: teria o cantor sertanejo teen Luan Santana, de fato, anunciado uma conversão ao gênero heavy metal?

A notícia, que posteriormente revelou-se ser uma ação de marketing para uma marca de chocolates, atingiu o topo dos trending topics das redes sociais, gerando uma avalanche de memes, montagens de Photoshop e, obviamente, textões sobre o direito ou não de um sertanejo trilhar os obscuros caminhos da música pesada.

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O fato é que, como diria Donald Trump, fake news ou não, é importante deixar claro que o jovial crooner do hit "Meteoro da Paixão" não é, nem de longe, o primeiro cantor sertanejo a flertar com rock ou heavy metal — claro que, muitos deles, acabaram voltando a tocar "No Rancho Fundo" para ganhar o pão de cada dia.

O Noisey foi buscar exemplos dessas transições de gênero musical. E olha que algumas dessas até que ficaram bem fodas!

Chrystian e Ralf (antes de serem a dupla Chrystian & Ralf)

Antes de encontrar o sucesso ao lado de seu irmão, com aquele hit sertanejo em que eles tinham um sonho de ir para Nova York — e, é claro, levar a namorada —, tanto Christian quanto Ralf (como vários outros cantores brasileiros nos anos 1970), fizeram sucesso cantando sons românticos em inglês — algumas vezes utilizando pseudônimos.

Christian gravou "Don't Say Goodbye" em 1973 e foi um baita hit, tocava em novela e tudo mais. O irmão Ralf também cantou desde criança e também fez sucesso utilizando pseudônimos como Don Elliot e Little Robinson.

Ok, vai, esse som não é nenhum True Norwegian Black Metal mas também não tem nenhuma pegada sertaneja.

Para a Paula Fernandes, nothing else matters

Assim que surgiu nas paradas sertanejas, Paula Fernandes imediatamente atraiu novos públicos ao gênero ao se apresentar em um daqueles especiais do Roberto Carlos no final de ano na TV Globo.

Em diversas ocasiões, a cantora se disse fã de uma sonzeira, como Iron Maiden e Metallica. Como falar até papagaio aprende, Paulinha foi além e mostrou sua pegada metaleira gravando um dos maiores sucessos de James Hetfield e sua turma.

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Na internet ainda é possível assisti-la mandando sua versão de "Behind Blue Eyes", do The Who, mas que um pessoal da sua rua tinha certeza que era uma composição original do Limp Bizkit.

O guitar hero Faíska e seu "lado cowboy"

O caminho inverso também rola, uai! O Faíska é um monstro da guitarra brasileira. Tocou com todo mundo: Fagner, Ney Matogrosso, Rita Lee, e a fila vai longe. Lançou vários discos em carreira solo e, ao lado do Zé Rodrix, fez uma cacetada de jingles. No início dos anos 1990, gravava muito em estúdios e, devido a uma parceria com um requisitado maestro da época, acabou tocando solos de guitarra para o então emergente estilo sertanejo.

Nessa brincadeira, esmerilhou as cordas para Leandro & Leonardo e até tocou com a banda na estrada. "O Leonardo disse para mim, ninguém vai tirar o som igual a você no palco, então eu queria que você tocasse para a gente", lembra o cantor em entrevista ao Instrumental Sesc Brasil. "Eu fui e em uma semana troquei de carro, fiquei todo feliz", brinca.

No entanto, o grande marco no que o guitarrista chama de seu "lado cowboy" ainda é o emblemático solo de guitarra do hit "Evidências", de Chitãozinho & Xororó, em 1990, considerada a música mais tocada nos bares com karaokê lusófonos.

Como não encontrei nada do Faíska tocando, se liga nesse playback fera da dupla mandando um "Evidências" contra o Baixo Astral — o solo clássico está no 2m40s.

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Hudson e as guitarras

Com a infância vivida sob influência do circo (o pai era palhaço), Hudson Cadorini fez (e faz) sucesso ao lado do irmão com a dupla Edson & Hudson. O apogeu dos artistas sertanejos veio em 2002 com o hit "Azul", que pintou de tons ciano emissoras de rádio e programas de TV da era anterior às afiadas listas do Rica Pancita no Spotify.

Apesar de sertanejaço, o som das guitarras das músicas da dupla sempre teve uma pegada mais pesada, flertando com o country rock e, até mesmo, hard rock.

Em 2008, o jogo mudou. Com o CD solo Turbination, Hudson Cadorini escancarou suas raízes metaleiras, influenciadas por guitarristas pé-do-baralho como Steve Vai, Joe Satriani e Yngwie Malmsteen.

Com 13 faixas, o álbum possui dez músicas instrumentais. A banda de Hudson também foi da pesada, com participação dos irmãos Andria e Ivan Busic, do power trio paulistano Dr. Sin. Andreas Kisser, guitar do Sepultura, também participa no disco.

Aliás, por falar em Dr. Sin, nessa lenga-lenga toda se o Luan Santana estaria ou não iniciando uma carreira no heavy metal, o outro braço da banda, o gênio das guitarras Eduardo Ardanuy, para "delírio" da torcida, apareceu em seu Facebook com um vídeo maluco tirando um som ao lado do sertanejo.

Após um período em carreira solo, também fazendo sons sertanejos, hoje Edson & Hudson estão novamente juntos na música.

O Marcelo Daniel era o Rei do Twitter na era de 140 caracteres. Conseguirá ele manter o traseiro sentado nesse trono agora que o reino terá o dobro de espaço pra papagaida de súdito? Confira ao vivo em @marceloindaniel.

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