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Chloë Sevigny é uma oficial da tropa de choque no novo clipe do Pussy Riot

O Pussy Riot marca o aniversário de um ano da eleição norte-americana com um poderoso hino de resistência punk. Conversamos com Nadya Tolokonnikova sobre continuar putaça com o mundo e amedrontar políticos.

Matéria originalmente publica da i-D UK.

Nadya Tolokkonikova do Pussy Riot prefere agir a falar. Quando nos encontramos em um restaurant aconchegante em uma segunda-feira estranhamente tranquila no West Village de Nova York, está claro o que ela quer e não é comer um bifão com fritas. “Esperava mais protestos aqui depois da marcha das mulheres”, afirma, cuidadosamente. “Protestar é mais divertido do que estar em um restaurante. A sensação de união é a melhor droga do mundo”.

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Desde que os EUA acordaram para a ameaça do autoritarismo no ano passado, Nadya meio que se transformou em uma líder de torcida/zagueirona da resistência, nos motivando a agir com uma série de hinos punk e ações políticas. Duas semanas antes das eleições de 2016, o Pussy Riot lançou um chamado ao país com "Make America Great Again", clipe perturbadoramente profético da vitória de Trump. No aniversário das eleições – e da Revolução Russa – o coletivo punk feminista volta com "Police State," composta junto a Ricky Reed.

O novo clipe condena as tendências autocratas que Nadya afirma “estarem se espalhando pelo mundo como uma DST”. Nele, Chloë Sevigny interpreta de forma bastante convincente uma oficial da tropa de choque, sacudindo seu cacetete diante de mulheres de balaclava. Jovens mascaradas são forçadas a assistir imagens de Putin e sua marionete. A letra - "Oh my God, I'm so happy I could die / My God, I'm so happy I could cry" — fede à alegria fingida e autocensura. “Everybody is doing the same thing”, canta Nadya, “and it makes me happy”. A banda foi apresentada à Chloë por meio do director do clipe, Matt Creed. “Fiquei mega animada porque ela é um exemplo e uma pessoa tão bacana”, celebra Nadya, ao falar da queridinha do cinema indie. “Ela faz ressurgir a crença dos americanos em atores e atrizes”.

Crédito: Sacha Lecca.

Nadya tem muita experiência com estados policiais: após ser liberada da prisão em 2013, ela visitou Rikers Island em apoio à Cecily McMillan do movimento Occupy Wall Street. Para melhor entender quão ruins eram as condições sob as quais os presos viviam, ela pediu para provar um pouco de sua comida. O pedido foi negado. “Sua refeição pode ser substituída por tijolo de merda [nas prisões americanas]. É impressionante”, comenta. Na Rússia, o Pussy Riot trabalha junto a advogados que lutam por melhores condições para os presos, e por mais que Nadya ainda esteja aprendendo todas a minúcias de nosso sistema, ela tem uma certeza: “Tem mais cuzão na Casa Branca que na cadeia”.

Ao passo em que os EUA seguem rumo ao aniversário de um ano do governo Trump, Nadya faz um alerta sobre a busca de gratificação imediata por atos de resistência: “Ninguém prometeu que a vida vai acabar bem. Não é um filme de Hollywood”. Nosso maior inimigo, enfatiza, não é Trump e sim a falta de entusiasmo. Se tratando de quem elegemos, é bem simples: “Temos que fazê-los borrarem as calças diariamente’.

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