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Vice Blog

Um saldo de violência nos protestos de ontem

Chutes, cuspes, garrafas de água sendo arremessadas, imprensa sendo expulsa e muitas palavras de ódio. Compilamos alguns casos que aconteceram pelo Brasil nos atos anti-Dilma.

Diego Davoli, que informou ter sido agredido no ato em Curitiba. Foto: Diego Davoli / Reprodução/ Facebook

As manifestações que aconteceram por todo o país ontem (16) contra o governo da presidente Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores (PT) contabilizaram diversas agressões contra àqueles que se opunham às pautas reivindicadas.

Vídeo mostra estudantes de Londrina sendo xingados por manifestantes. Crédito: Portal Bonde

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Na cidade de Londrina, Paraná, dois estudantes de filosofia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) foram hostilizados por manifestantes. Por telefone, Vivian Vardai explicou à VICE que ela e o amigo Fernando Ferreira foram ao ato vestindo roupas vermelhas. Durante 10 minutos, passaram despercebidos – até o momento em que resolveram levantar seus cartazes, que exibiam frases como "Eu amo a democracia", "#Dilma", "Lula 2018" e "O choro é livre". Segundo ela, os cartazes foram rasgados pelos manifestantes anti-Dilma. Cuspes e garrafas de água eram arremessados na direção dos dois jovens, além de palavras de ódio e xingamentos, como "Vagabundos", "Eu sou rico; sai daqui, seu pobre", "A culpa é sua" e "Vai pra Cuba".

Vivian relata que as agressões não foram só verbais como também físicas. "Fomos chutados, e tentaram agarrar o Fernando para rasgar a camiseta dele. Antes de começarem a filmar, um dos homens me deu um soco." Mesmo com a escolta da polícia, os dois jovens foram seguidos por duas quadras.

Equipe da Globo foi hostilizada na Avenida Paulista, em São Paulo. Foto: Pedro Chavedar/ Everyday Mogi

Já no Rio de Janeiro e em São Paulo, equipes de reportagem da TV Globo foram hostilizadas. De acordo com o fotojornalista Pedro Chavedar, do Everyday Mogi, que presenciou a cena no vão do Masp, em São Paulo, manifestantes foram pra cima da jornalista dizendo que a Globo estava "fechada com o PT" e que a emissora havia recebido dinheiro do partido. A Polícia Militar não entrou em cena. "Eles estavam com seguranças", relata Pedro.

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Senhora hostilizada na Avenida Paulista, em São Paulo. Foto: Luciano Marra/ Reprodução/ Facebook

Também em São Paulo, de acordo com uma postagem no perfil do professor de filosofia Luciano Marra, uma senhora teria sido xingada de "putinha do Lula", "velha doida" e "vagabunda" depois de aparecer vestida de vermelho no ato que aconteceu na Avenida Paulista. Segundo o professor, que flagrou e fotografou a cena, a senhora teria retrucado dizendo "Não tenho medo de nada, já enfrentei coisa pior. Você não sabe de nada, é preguiçoso".

Conforme relatamos ontem, um grupo que encenava uma performance artística no ato em São Paulo também sofreu retaliações. Principalmente no momento em que uma atriz suja de sangue deitou na bandeira do Brasil, uma alusão às chacinas que acontecem pelo país, como a de Osasco, na semana passada.

Vídeo publicado pelo IG mostra sujeito agredido por intervencionistas. Crédito:IG

Segundo uma reportagem publicada pelo IG, manifestantes a favor da intervenção militar derrubaram um motociclista que passava pelo ato na Paulista.

Fotos postadas no Facebook por Diego Davoli, que diz ter sido agredido no ato de Curitiba. Foto: Diego Davoli/ Reprodução/ Facebook

Diego Davoli, que foi à manifestação em Curitiba, também no Estado do Paraná, relatou em seu perfil no Facebook que saiu "com o nariz bem machucado e alguns arranhões pelo corpo" depois de aparecer com a camiseta do Che Guevara. "Eu estava apenas passando pelo local. Queria observar. Em menos de 30 segundos, comecei a ser agredido verbalmente e, antes que me desse conta, já estava cercado por cinco homens me acertando chutes e socos", escreveu no post.

O clima anti-PT está aguçado. Prova disso foi a nota emitida pelo partido hoje de tarde, na qual informa que sua sede em São Paulo foi invadida nesta madrugada. "Durante a invasão, vasculharam gavetas e armários, e até o momento não foi identificado furto de pertences", descreveu o documento assinado pelo vereador Paulo Fiorilo, presidente do Diretório Municipal do PT na cidade. "Esse é o quarto acontecimento, somente em 2015. O primeiro foi na sede do Diretório em Jundiaí, seguido dos atentados à bomba nas sedes do Diretório Zonal – PT Centro e no Instituto Lula", informou o partido.

No próximo dia 20, atos convocados por diversos movimentos sociais de esquerda e partidos políticos – inclusive o PT ­– irão acontecer por todo o país em defesa da democracia.