Mexefest: Festival para Gente em Forma

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Música

Mexefest: Festival para Gente em Forma

É preciso ter estofo físico para o Vodafone Mexefest e é preciso... saber escolher. E se às vezes te enganas, outras vezes há em que podes mesmo ver o concerto do ano.

Elza Soares. Todas as fotos por Bruno Lisita

É o cliché, dos clichés, mas é também uma verdade absoluta: o Vodafone Mexefest é um festival que puxa pelo corpinho. E a edição que decorreu na última sexta, 25 e sábado, 26, teve ainda uma dificuldade extra, a chuva. Como se andar Avenida da Liberdade acima, Portas de Santo Antão abaixo já não fosse suficientemente aeróbico, este ano, principalmente no segundo dia, correr foi não só uma opção para ver o maior número de concertos possível, como uma obrigatoriedade.

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Talvez por isso, desta vez aquela movimentação característica de outros anos não tenha sido tão visível na rua, não o deixando de ser, contudo, nos 10 espaços que acolheram os mais de 50 concertos do Festival. Cartaz eclético, algumas actuações que, eventualmente, entraram directamente para a sempre pessoal lista de melhores do ano em Portugal e a possibilidade de os ver em salas magníficas da cidade, incluindo o novo Capitólio, que acaba de reforçar a lista de equipamentos culturais de Lisboa, foram, mais uma vez o grande trunfo do Vodafone Mexefest.

E, se o cartaz podia não ter tanta força como os de edições anteriores, é certo que, quem esteve no Coliseu dos Recreios no sábado à noite tão cedo não se vai esquecer da presença impressionante de Elza Soares. Do alto do seu trono e dos seus quase 80 anos, a "Mulher do Fim do Mundo" pediu "barulho para xuxu" e sem praticamente se mexer injectou o Mexefest de uma energia que muitos começavam a ver esgotada depois de tanto corre-corre.

Whitney

Energia suficiente para alguns ainda chegarem a tempo para aquele que foi de certeza uma das supresas da noite: a actuação em modo low-cost dos norte-americanos Whitney, que, depois de uma semana em Lisboa à procura de inspiração para o próximo álbum, acabaram reduzidos ao núcleo duro Max Kakacek e Julien Ehrlich, com a restante rapaziada que normalmente ocupa o palco a partir mais cedo para a "Trumpopia" para celebrar o Thanksgiving.

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Tivoli à pinha e com aquele clima que, de vez em quando, cai sobre o público português e o transforma "no melhor do Mundo". Ovações de pé, diálogos em barda com os dois atarantados e nervosos músicos, sempre agarrados à sua garrafinha de vinho, e aquela magia de concerto irrepetivel a acontecer. Aquele que acaba com a banda a prometer voltar para o ano para apresentar o disco novo - onde vai entrar uma música composta em Lisboa - e que vai estar cheio dos amigos dos amigos dos amigos de todos os que ali estavam e que, adivinhamos já, nunca vai conseguir chegar aos calcanhares deste singelo momento de partilha numa noite de chuva forte, frio e cansaço q.b. As coisas simples…

Meg Baird

Simples, mas não menos emotivo, tinha também sido, logo ao final da tarde, a actuação de Meg Baird na Sociedade de Geografia, ou, na sexta-feira, a dose de "música à séria, servida em cama de humor de fino recorte" de Howe Gelb, que transformou a Casa do Alentejo exactamente naquilo que o nativo de Tucson, Arizona, achava que a magnífica sala (mas de acústica lixada) teria sido no passado: um excelso local de má fama.

O mesmo sítio onde Joana Barra Vaz mostrou o porquê de ter um dos melhores discos nacionais do ano, na mesma noite em que não vimos Kevin Morby a prostrar a seus pés o público que o viu na estação do Rossio, como não tínhamos visto na noite anterior o que, soubemos depois, terem sido dois grandes momentos do Festival, Luís Severo e Filipe Sambado, a reinarem no Palácio Foz.

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Joana Barra Vaz

É de momentos que se faz um evento como o Mexefest, em que, muitas vezes, não vemos o que queríamos, ou ficamos demasiado tempo onde não queríamos. As escolhas são sempre assim, difíceis e castradoras.

Abaixo podes ver mais imagens das escolhas do nosso colaborador Bruno Lisita.