Mariana, a miserável dá-te as melhores dicas para saíres de casa

Vamos a meio de Junho e onde quer que estejas temos a certeza de que o que não te falta são coisas para fazer. Não venhas com as merdas do costume… que não se passa nada, é só bola e festivais e não sei quê. É treta e sabe-lo bem. Tens é preguiça, ou falta de guito, ou uma paciência de nível extremamente reduzido para aturares mais do que duas pessoas no mesmo espaço que tu. Ou então isso tudo ao mesmo tempo.

Para te ajudarmos a levantar esse rabo do sofá e aproveitares a vitamina D que o ar livre oferece no que resta de Junho (exactamente 15 dias, caso a erva a mais que andas a fumar te tenha já causado danos irreparáveis no cérebro e não saibas a quantas andas), fomos pedir conselhos a uma das pessoas "mais caseiras de sempre": Mariana, a miserável.

Nas suas próprias palavras, a Mariana (Santos, de seu verdadeiro nome), gosta é de "ficar em casa a ver telenovelas e a ir para a cama cedo". no entanto, ainda no fim-de-semana passado estreou-se nas andanças festivaleiras e foi à descoberta do NOS Primavera Sound, ainda que, sublinha, "não conhecesse grande parte dos nomes do cartaz". Motivo: "Sou a pessoa mais leiga e resistente à mudança a nível musical que existe".

Um currículo perfeito para te dar dicas, portanto. Não tenhas dúvidas. A Mariana sem sair de casa sabe mais da vida que tu que só lá estás entre as sete da manhã e as quatro da tarde, sendo que nesse período ou estás a dormir, ou a vomitar. Não acreditas? Vê o trabalho dela e depois diz coisas. Entretanto, espreita as sugestões mais abaixo.

Se tiveres oportunidade de ir a Setúbal este mês e se gostas de ilustração, não percas o roteiro das 17 exposições. Podes contar com vários nomes entre os quais: Maria Keil, Lima de Freitas, André Carrilho, João Abel Manta, Luis Filipe Abreu, Luís Afonso, João de Azevedo e Nuno Saraiva.

Esta minha lista é um bocado tendenciosa tendo em conta que a ó! Galeria é a minha galeria preferida. Este mês podes ver duas belíssimas exposições. No Porto, "as nuvens ficam onde as montanhas querem", do Pascal Ferreira e em Lisboa "On the Other Side", da Helena Perez Garcia.

Não é cá em Portugal, mas tenho de falar da Lonely Hearts, uma exposição de ilustração que fiz em Setembro do ano passado no Porto, com o Júlio Dolbeth, que volta agora com novos desenhos para aquecer os corações espanhóis. A inauguração será no dia 22, na Galeria Miscelanea, no Raval, em Barcelona.

O FITEI é um festival de teatro e artes performativas, que acontece em vários locais do Porto e tem uma programação extensa e variada. Embora ainda não saiba muito bem o que vou ver, aconselho uma espreitadela ao programa.

Drink and Draw é uma reunião mensal de pessoas que gostam de desenhar (e de beber) à qual só consegui ir uma vez, porque tive de ficar a desenhar (trabalhar) em casa. Gostava muito de começar a ir mais vezes.

Uma das coisas que gosto mais no São João é de ver o céu coberto de luzes. Há um ano, em vez de ir a uma loja chinesa comprar balões, fui aprender a construí-los, apesar da minha falta de jeito para tesouras e colas ainda consegui fazer dois com sucesso. Os workshops são gratuitos e terão lugar entre os dias 20 e 23, das 10H00 às 19H00, nos Aliados nº 195, no Porto, claro.

Há duas maneiras de passar o São João. Uma é em casa com os amigos e outra é na rua com toda a gente. Nestes últimos seis anos já consegui experimentar todas as modalidades e, como apreciadora de tudo o que esta festa envolve (cheiro a sardinha, martelos, alho-porro, farturas, povo amontoado, gente a dançar em becos desconhecidos, carros de choque, venda ilícita de vinho em cada esquina, lançamento de balões, fogo de artifício, cascatas com as figuras em barro mais estranhas, etc.) tenho que recomendar que, faças o que fizeres, não percas nada disto.

O "Quintas de Leitura" é um espectáculo de leitura e conversa sobre poesia, que acontece todos os meses e que esgota a lotação de salas há 15 anos. Às vezes tem momentos de dança ou performance, outras vezes tem concertos. É sempre imprevisível, bonito e inspirador. Quero muito conseguir ir a esta sessão que irá acontecer no dia 30, ali no teatro do Campo Alegre e que se debruça sobre a obra de Filipa Leal, com realce para o seu mais recente livro.

Mariana, a miserável é ilustradora e nasceu em Leiria há 29 anos e em 2008 concluiu a licenciatura em Design Gráfico pela Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha e em 2011 frequentou o Mestrado em Design Gráfico e Projectos Editoriais pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Desde 2010 vive na cidade invicta e desenvolve exposições individuais e colectivas de ilustração, bem como inúmeros outros projectos nesta área: livros, publicações de pequenas tiragens, posters, agendas, murais, livros, revistas e jornais. Também podes segui-la no Instagram, no Twitter e no Tumblr.