AWDR/LR2 / Rush
8/10 Há alguns dias e a propósito do lançamento deste novo EP chamado Outsides, um amigo meu acreditava na possibilidade de John Frusciante estar morto. É provável que não se encontre sozinho nessa ideia: os afastamentos do ex-guitarrista dos Red Hot Chili Peppers estiveram geralmente associados ao consumo de drogas e são vários os vídeos que mostram John Frusciante num avançado estado de "carochice". As sugestões de pesquisa do Google, para o nome de Frusciante, também não são especialmente animadoras e só revelam que o mundo em geral julga, nesta altura, ter perdido um dos seus mais adorados guitarristas. E tudo isto só prova enfim que alguém que escolhe abandonar o alcance do radar da pop é alguém morto para as massas que se alimentam dessa mesma indústria. A partir de uma realidade praticamente só sua, John Frusciante continua, contudo, a ser uma figura extremamente empenhada e inovadora. Os seus mais recentes discos demonstram que o músico tenta renovar a sua linguagem assumindo todas as liberdades possíveis em termos de harmonias, ritmos e estrutura. Calculamos, mesmo assim, que também ele se aproveite da tal fama de cadáver em parte incerta para, com isso, afastar os jornalistas que se pudessem achar no direito de perguntar o porquê destes discos serem tão estranhos (porque o são de facto). Mas tudo aquilo que possa soar estranho a alguns, parece a matéria mais natural nas mãos de John Frusciante, que, em Outsides, aparenta acreditar que não existe outra música excepto a “out” (ou, se preferirmos, aquela que acontece à margem das canções). E a maior conquista deste pequeno grande EP está precisamente nisso. John Frusciante faz solos de guitarra com dez minutos, insere excertos de acid e drum n’ bass onde entende, passa ao lado de mil obrigações e até recupera a voz quando menos se espera. Está dado como morto na pop e mais vivo do que nunca na música “out”.