Conversamos Sobre Atualidades com o Asian Dub Foundation

Minha ligação com o Steve Chandra Savale, o Chandrasonic do Asian Dub Foundation, começou com uma ótima notícia: seu filho tinha acabado de nascer e, como ele entusiasmante me contou, estava bem na sua frente. Pedi que ele me mandasse uma foto, mas o pedido foi esquecido com o desenrolar da nossa conversa. Perguntei sobre as visitas do grupo ao Brasil, com sua mistura de dub, jungle, eletrônica e rock com letras - na maioria das vezes - social e politicamente engajadas. A primeira vez que o ADF pisou em terras brasileiras foi em 2001, quando tocou em Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Eles também aproveitaram para participar de um programa de TV com o grupo cultural AfroReggae. A segunda visita ao país foi para o festival Nokia Trends, também na cidade carioca. Aquele festival que aconteceu em São Paulo simultaneamente e onde os espectadores podiam ver os shows da outra cidade por telões enormes, caso você não se lembre.

Hoje, sexta-feira (30), a capital paulistana recebe o grupo mais uma vez, no palco do Cine Joia, e na sequência eles se mandam para o interior do estado para participar da Virada Cultural Paulista. Sobre a expectativa para o show, Chandrasonic me contou que da última vez que o ADF se apresentou aqui a energia era tanta que rolou até uma invasão no palco. Você gostaria que isso acontecesse de novo, perguntei. "Com certeza! Nós estamos um pouco apreensivos, eu tenho que dizer. Estou bem ansioso para ver como vai ser [o show]". Os vinte anos de estrada não diminuem o nervosismo do ADF durante a turnê de lançamento de um novo disco. The Signal and The Noise é o décimo do grupo e o repertório da apresentação será uma mistura dos principais sucessos com as novas faixas.

Por conta do engajamento natural dos integrantes, perguntei se Steve estava acompanhando os protestos contra a Copa do Mundo e se ele estava envolvido em algum projeto desse caráter. "Eu sou mais um educador que um ativista, na verdade" ele respondeu, depois de listar alguns detalhes sobre seu novo projeto educacional envolvendo apresentações ao vivo de trilhas sonoras de filme. Em agosto, inclusive, o ADF faz no Brooklyn (Nova York) uma apresentação da trilha sonora do clássico sci-fi THX 1138, de George Lucas. Alguns detalhes dessa produção eles estão gravando e ensaiando aqui no Brasil mesmo, em um estúdio no Itaim Bibi. Sobre a Copa, sabemos muito bem que vai ter sim, mas que a insatisfação popular com os problemas sociais recebeu uma atenção extra da mídia internacional e que, de acordo com Steve, é muito dificil para o Estado ignorar. "Faz eu me lembrar dos protestos que aconteceram ano passado na Índia, quando algumas crianças morreram por conta de intoxicação na merenda escolar fornecida pelo governo."

Minha última pergunta foi sobre o incidente que havia acabado de acontecer, na semana de nossa ligação, com o jogador brasileiro Daniel Alves. A luta contra o racismo está amplamente ligada à história do grupo e, dessa forma, senti que deveria perguntar sobre a reação do jogador do Barcelona quando uma banana foi atirada no gramado em sua direção. "É realmente nojento que algo assim aconteça até hoje. Há muitas formas de combater o racismo, a música por exemplo faz isso de certa forma. Comer a banana talvez tenha sido uma maneira de fazer isso, naquele momento."

Asian Dub Foundation @ Cine Joia

Sexta (30) às 22h

Sexta-feira, 30 de maio

Abertura da bilheteria: 21h

Abertura do Família Gangsters: 23h

Horário previsto do Asian Dub Foundation: 0h30

1º Lote: R$ 120,00 (inteira) / R$ 60,00 (meia-entrada)

2º Lote: R$ 140,00 (inteira) / R$ 70,00 (meia-entrada)

Classificação etária: 16 anos. Só será permitida a entrada de pessoas com 16 ou 17 anos se estiverem acompanhados dos responsáveis legais.
Maiores informações no site do Cine Joia.