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Opinião

Mulheres portuguesas com quem devíamos mesmo gastar dinheiro

NÃO, não é no sentido dado pelo cromo do Eurogrupo.
mulheres portuguesas
Montagem por VICE.

Viajar é dos melhores prazeres que há na vida. Para quem tem a oportunidade de explorar os encantos de culturas e tradições diferentes do seu habitat natural e estar em contacto com pessoas de outras paragens, pode constatar que a beleza das portuguesas é das mais cativantes – e não, não nos referimos à questão física seus badalhocos e badalhocas.

Queremos realçar sim, a inteligência, a visão de Mundo, ou o fantástico empenho no trabalho. Ao contrário da intenção dada pelo político que abanou durante algum tempo as redes sociais deste rectângulo europeu (sim, aquele holandês com nome esquisitóide), gastaríamos dinheiro em várias portuguesas através dos seus projectos profissionais, por acreditarmos que são um contributo inestimável para a paisagem cultural do País.

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Para isso, seleccionámos onze figuras a quem, se pudéssemos, oferecíamos algo indicado e especial. Elas merecem [sem qualquer tipo de condescendência, ou nesga de sentido patriarcal, saliente-se e sublinhe-se, não haja já para aí confusões].

UM BAIRRO PARA A CATARINA PORTAS

Voltar a casa todos os dias e dela partir para um new dawn, deve significar tranquilidade e prazer. Qualquer home situa-se num bairro rodeado de vizinhos e, de preferência, com lojas para termos o essencial sempre à mão. Como nem todos podem ser o Mark Zuckerberg, que comprou as moradias em seu redor para estar num completo isolamento zen com a sua família (e de lá, quem sabe, elaborar uma futura corrida à Casa Branca), o ideal é juntar os modernismos da nossa época com as tradições de outros tempos.

Ruas limpas, espaços verdes e recintos para a prática do desporto, são prioridades. A quem daríamos a chance de fazer um Bairro à sua maneira? Resposta: Catarina Portas, empresária e mentora d'A Vida Portuguesa, com larga experiência na área da comunicação. CP, aceitas o nosso convite? Ok, dispensamos o Starbucks se puderes incluir uma store com gadgets supersónicos.

UM CANAL TELEVISIVO GENERALISTA PARA A JOANA STICHINI VILELA

Para os telespectadores sem TV cabo, a RTP 2 deve ser o "melhor amigo", caso não sejam "agarrados" a novelas, reality shows e concursos de talento. A RTP 1 também tem feito um esforço para que a qualidade suba uns graus acima da média generalista, com novas séries em português que mereciam não ser negligenciadas.

De resto, há um sentimento de "muda o disco (ou o canal) e toca o mesmo". Acreditando que não se pode esperar que alguém tenha "bom gosto" se nunca tiver contacto com tal, temos o desejo que a Joana Stichini Vilela, jornalista freelancer – e autora de livros sobre Lisboa - tenha a oportunidade de desenvolver o que vimos no programa Central Parque, ao lado de Pedro Rolo Duarte. Uma grelha 24 horas, 365 dias, dirigida por ela e Portugal estaria a viver excitantemente o futuro no presente!

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UM CENTRO DE INVESTIGAÇÃO PARA A ESTER COUTINHO

Imagina-se que os cientistas são gente fechada em laboratórios, à procura de detalhes que mudem um estudo, de um pormenor que faça a humanidade progredir. Não é bem assim e há até quem vá à Antártida em pessoa verificar as alterações climáticas.

A vida humana tem sido melhor com os gigantescos passos dados na Ciência e em Portugal há profissionais que têm dado um contributo importante. O seu incansável trabalho não abre telejornais, mas devia. Com o objectivo de trazer algumas das mentes brilhantes que continuam no estrangeiro, concedíamos a Ester Coutinho, investigadora premiada em Inglaterra, um modernaço Centro de Investigação. Quem sabe se teriamos um Nobel… Again.

UM CINEMA PARA A TERESA VILLAVERDE

O meu nome é Lobby. Falta de lobby. Este deve ser o factor decisivo para nunca termos tido um filme português candidato a qualquer coisa nos Óscares (não que seja fundamental, mas relativamente à visibilidade…). Ao lermos as opiniões e sugestões dos insuspeitos Rui Pedro Tendinha ou João Lopes, sem esquecer vozes de gabarito from outside, ficamos com o sabor amargo de Hollywood não compreender o nosso cinema.

Os detractores dirão "epá, é lento, falta imaginação, tudo um tanto ou quanto teatral". Aos que sofrem de "complexo Manoel de Oliveira", contrapomos com os vários prémios e menções honrosas que temos recebido em festivais na Europa. Para que o público compreenda o trabalho nacional ao longo do tempo, ofereceríamos um Cinema à realizadora Teresa Villaverde, que recentemente lançou a obra Colo. Com o seu olhar visceral, iríamos saber mais sobre o que se tem feito por cá e a credível sétima arte à volta do globo.

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Vê também: "Terra sem homens: nesta aldeia do Quénia só há mulheres"


UM COLISEU PARA A GISELA JOÃO

Há muito que o fado não é para velhos. A malta nova mostra espírito aberto e não tem problemas em dizer que curte o género. É verdade que o culto por alguns bairros de Lisboa e ir a uma casa especializada ouvir uma desgarrada, regado com o vinho tinto da praxe, é coisa que fica bem. Mas, na última década, foi com o aparecimento e crescimento de determinados nomes – alguns nem sempre com o fado no seu estado puro -, que o entusiasmo subiu.

Eis três discos que exemplificam isso - Canção ao Lado (2008), dos Deolinda; Quinto (2012), de António Zambujo; e o homónimo de Gisela João, em 2013. E é à última que presenteávamos com um Coliseu para revelar o charme das suas actuações - no corrente ano anda a apresentar o recente Nua - e escolher artistas que a inspirem.

UM ESTÁDIO PARA A CLÁUDIA LOPES

Actualmente, falar de futebol é como viver in loco a épica "Batalha dos Bastardos" de Game of Thrones. Intenso e sangrio. Os representantes das "águias", dos "dragões" e dos "leões", ao tentarem escamotear as sua próprias falhas, demonstram uma rivalidade nada sadia. No meio de tantos debates diários, são poucos os recomendáveis se o teu objectivo é saber mais sobre o fantástico jogo em si. Para convidar os seus "astros" preferidos, daríamos um Estádio à Cláudia Lopes, jornalista e pivot da TVI, por mostrar que é possível falar deste desporto sem zangas, cinismos e com muita piada. A sua condução do MaisFutebol, bem coadjuvada pelo habitual painel, é deveras baril!

UM GOVERNO PARA A MARIANA MORTÁGUA

Desejar um governo perfeito com políticos transparentes e acima de qualquer suspeita, é o mesmo que ter uma tatuagem da palavra utopia cravada nas duas bochechas. Não é impossível que alguém o faça, mas até que isso aconteça… Em Portugal, os níveis de popularidade dos políticos não são propriamente altos, mesmo que tenhamos um Presidente que tente estar nas boas graças de tudo e de todos.

Como noutras coisas da vida, de quando em vez, há a necessidade de mudar e não apostar nos partidos que levaram este País a dever o que deve. Veja-se o que aconteceu em França, onde Macron disse nem ser de esquerda, nem de direita. Seguindo esta linha de pensamento (o da mudança), uma das manas Mortágua é, a nosso ver, uma das melhores candidatas para estar à frente do governo no futuro. Mariana, acreditamos em ti e nas tuas medidas, mas nada de radicalismo exagerado, pode ser?

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Vê também: "A 'Liga da Defesa das Mulheres Negras' quer combater o racismo e a misógenia"

UM JORNAL ONLINE PARA A ALEXANDRA LUCAS COELHO

A imprensa escrita tradicional (jornais, revistas) anda pelas ruas da amargura, com os despedimentos a serem notícia regular - nem o Correio da Manhã escapa. Há plataformas noticiosas (podes incluir a VICE, obrigado) mais atraentes, além de estarem a um click de distância dos leitores. Todavia, a dispensa de profissionais de alto gabarito agrava a qualidade do chamado quarto poder.

Numa altura em que os "factos alternativos" estão na ordem do dia e a liberdade de imprensa mundial anda ameaçada, existe a preocupação em encontrar fontes credíveis e alguns faróis com estaleca. Com todo o prazer, lançaríamos um jornal online ao cuidado de Alexandra Lucas Coelho, jornalista e escritora, que, surpresa das surpresas, foi dispensada do Público. A sua refinada escrita e observação dos acontecimentos é uma mais valia no panorama luso.

UM PAVILHÃO PARA A TELMA MONTEIRO

Fazer desporto é aprazível e saudável. Sejas magro, alto, baixo, gordo, ou adores ficar especado a olhar para o smartphone a toda a hora, todos deviam fazer exercício. Faz bem ao esqueleto e o cérebro respira melhor. Em Portugal, os ginásios felizmente viraram moda e há muitas colectividades que apoiam milhares de anónimos a exercitarem-se. Noutro campeonato, são os profissionais que têm os holofotes em cima. Se, por um lado, o futebol tem o peso que tem, é por causa de outras modalidades que brilhamos nos Jogos Olímpicos. Muito mais do que criar futuros campeões (isso é pôr demasiada pressão nas crianças), com a maior das satisfações adquiríamos um Pavilhão para a Telma Monteiro. Através do seu exemplo aguerrido, a única medalhada nos JO no Brasil, seria uma inspiração para os pequenos e pequenas desportistas.

UM SINDICATO PARA A RAQUEL VARELA

Reclamar no trabalho não é para todos. Os recém contratados têm receio de começar a serem olhados de soslaio, os que têm alguns anos de casa em perder privilégios e, como é normal, o patrão agradece o silêncio. Apesar de vivermos em democracia há quatro décadas, ainda persiste "o come e cala" way of thinking.

Já foi pior, é certo, e o que se quer são pessoas que opinem quando algo, na sua opinião, está mal. Ainda bem que há quem lute pelos direitos de outros, sem interesses partidários, ou para beneficiar o seu bolso (ou de quem os acompanha). Podemos nem sempre concordar com ela, mas a historiadora Raquel Varela é uma das personalidades que gostamos de ouvir sobre as problemáticas de Portugal. Um sindicato no seu nome e as crueldades não seriam atiradas para debaixo do tapete.

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UMA SÉRIE ILIMITADA NA TV PARA A JOANA PAIS DE BRITO

Os actores e actrizes estão divididos em três categorias. Os que dão a noção que estão onde estão pela sua cara laroca, ou alguma cunha bem colocada; os que, independemente da sua beleza física, ou contacts, são bons naquilo que fazem; e os que mereciam um palco maior do aquele que lhes proporciona o país onde vivem.

Se, por momentos, tiveste a impressão que pintamos a sociedade como ela é, o que pretendemos é metermos a Joana Pais de Brito num pedestal. Ela está na segunda categoria, com um pé na terceira e vimo-la em sketches no Canal Q e, como uma lufada de ar fresco, no Donos Disto Tudo, na RTP 1. "Please, era uma série ilimitada na TV, com JPB como protagonista". E, pronto, esta é a nossa estocada final (ver video abaixo).

Última nota - O que era mesmo bom, era juntar estas 11 figuras num calendário (não daqueles eróticos, ok?) e enviar ao DieselBoom, sorry, ao Dijsselbloem, com a frase, "Don´t mess with these brave Portuguese women", ou na sua língua, "Wees niet gek met deze dappere Portugese vrouwen" – se estiver errado, é pedir o livro de reclamações ao tradutor da Google. Como um calendário pede 12 meses, Dezembro podia incluir a imagem de uma cerveja, com a frase, "Fresh and Cool: that´s the way we like it!".


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