Por EQT adidas OriginalsA segunda metade do século 20 viu uma revolução cultural. Depois de duas grandes guerras e dias sombrios, o mundo viu o nascimento do rock e da cultura pop como a conhecemos hoje. Os sucessos deixaram de ser locais e passaram a ser planetários. A televisão, o rádio e a imprensa facilitaram todos esse processo, criando o que se chamou de mídia de massa.Um tipo de música, no entanto, estava parada no tempo, relegada a especialistas e salas de concerto empoeiradas: a música clássica. A técnica se tornou mais importante do que a atratividade, e compositores como Arnold Schoenberg e Pierre Boulez criavam obras sonoras impressionantes, mas difíceis de ouvir.Havia, obviamente, quem não estivesse feliz com isso e quisesse reaproximar a música chamada clássica do público, fazendo-a se comunicar com os ouvintes de música pop. Para ser mais preciso, havia quatro compositores determinados a simplificar as coisas - e os sons. Todos eram norte-americanos. LaMonte Young, Philip Glass, Terry Riley e Steve Reich foram os pioneiros do minimalismo musical.Sempre vestindo um boné de beisebol, Reich queria que a música refletisse o mundo em que ele vivia, "de [traseiras de carros] rabos de peixe, Chuck Berry, e milhões de hambúrgueres vendidos". O primeiro a encontrar a linguagem minimalista, porém, foi Terry Reiley, com sua composição In C ( Em dó), considerado o primeiro trabalho do gênero, lançado em 1964. No ano seguinte veio It's Gonna Rain, de Steve Reich, uma colagem de trechos de discursos de um pastor pentecostal.O princípio do minimalismo é o de criar música com os elementos sonoros mais básicos. No lugar de estruturas complexas, composições aparentemente mais simples. Importante é transmitir intensidades diferentes, combinando notas e silêncios, sobrepondo diferentes sons em uma estética limpa, mas repleta de emoção.O minimalismo foi responsável por uma verdadeira revolução tanto na música erudita quanto no pop. Diversos artistas de rock foram influenciados pela filosofia desses compositores. O movimento punk, por exemplo, reflete a simplicidade de Glass, Reich, Riley e Young, ao despir o rock de efeitos sonoros e escalas complexas e levá-lo novamente às suas raízes. David Byrne e Brian Eno incorporaram essa "filosofia" a suas carreiras musicais e sempre buscaram os elementos mais básicos da música nas composições e gravações que produziram.Os tentáculos minimalistas nasceram nos EUA e se espalharam pelo mundo. Jamaica, Inglaterra e Alemanha foram apenas alguns dos países que incorporaram o minimalismo em suas músicas pop. Deste último vem o Kraftwerk, trio que faz música eletrônica minimalista e que influenciou, por sua vez, os norte-americanos Grandmaster Flash e Afrika Bambaata, dois dos pilares do hip hop. Batidas poderosas e concisas, conduzidas por melodias simples, se tornaram o padrão que guiou o rap ao longo das décadas, além, claro dos samples, recortes musicais precisos - cujo pioneiro é, sem dúvida, Steve Reich.Diversos artistas de hip hop continuam se valendo das invenções minimalistas para informar suas sonoridades. Os premiados produtores Timbaland e Pharrell usaram das pausas até chegarem ao pop. Pharrell, começou sua carreira explorando composições despidas de adereços e cheias de pequenos silêncios. O rapper Pusha T, no disco My Name is My Name (2013) , fez um manifesto musical e estético: a capa do álbum tem apenas um código de barras preto em um fundo branco. A contracapa traz o retrato do rapper em um fundo branco, mas sua figura se torna uma figura quase conceitual, de tão escura que a imagem é. Menos é mais, e Pusha usa apenas o básico nas 12 canções do disco. Não há exageros, não há grandes truques de produção, não há grandiosidade desnecessária.Não é por acaso, claro, que Pusha T virou presidente do selo de Kanye West, G.O.O.D. Music. West, principalmente em seus últimos álbuns, tem procurado desembaralhar o som da música pop e reconstrui-la usando algo elementar: a voz. Em várias canções, a base de tudo é o vocal, seja para conduzir as faixas, seja fazendo as vezes de uma guitarra ou instrumento de sopro. Embora Kanye West não seja propriamente um cantor, usa a pós-produção (o auto-tune em especial) para processar sua voz e inseri-la nas canções.Seu minimalismo é também estético: o guarda-roupa de Kanye é elegante, mas essencial; as capas de seus discos vão pelo mesmo caminho. A capa de Yeezus (2013) é um bom exemplo. Em uma entrevista ao The New York Times, West disse ser "um minimalista preso no corpo de um rapper". Yeezus não tinha capa; o CD veio embalado em uma capa de CD transparente; na parte da frente da capa, apenas um adesivo vermelho. A maior inspiração para o álbum, segundo Kanye, foi um abajur de concreto desenhado pelo arquiteto franco-suíço Le Corbusier. O minimalismo seguiu sendo a inspiração, especialmente em The Life of Pablo (2016).O minimalismo conseguiu atravessar décadas e gêneros musicais. Desde os ano 60, músicos de todos os lugares do mundo passaram a entender que o essencial pode ser rico. Não é preciso florear quando o básico consegue dar conta do recado.
Tudo que é essencial. Nada que não é.
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