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Música

Exclusivo! Portugal entranhou-se no som dos Foreign Poetry e deu-lhe uma luz intensa

Podes pensar nos The National, nos Alt-J, ou nos Future Islands. Podes. Só que, nesta dupla austro-britânica que edita pela Pataca Discos, há algo diferente, multicultural, lisboeta, "lusitaniamente" contemporâneo.

Há na matriz melódica dos Foreign Poetry alguma coisa que nos transmite uma sensação de insatisfação, de busca contínua por algo que está mesmo ali à nossa frente, mas que não conseguimos agarrar. Se calhar é simplesmente porque o disco da dupla constituída por Danny Geffin (inglês a residir em Brighton, também membro dos Geffin Brothers) e Moritz Kerschbaumer (austríaco a viver em Londres e que tocou com Luís Nunes, quando o músico português ainda se apresentava em palcos britânicos como Walter Benjamin) foi gravado parcialmente em Lisboa, nos estúdios da Pataca Discos, e porque, de alguma forma há neste segundo avanço para Grace and Error in The Edge of Now, uma brisa melancólica por entre uma dimensão sonora claramente mais up-tempo, dinâmica e até, porque não dizê-lo, dançável.

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É o cliché da melancolia portuguesa, dirão alguns. Pois, sim e não. Não estou a dizer que "se sente aqui fado", ou "uma tristeza saudosista". Nada disso. É algo menos óbvio. Mais sensorial. "MHL" (cujo vídeo, realizado pelo colectivo austríaco Apparat Lux, podes ver acima) é uma canção de campo aberto, de espaço, que respira, mas que, ao mesmo tempo nos faz olhar para o que somos enquanto pessoas a viver no Planeta Terra em 2018 e, com isso, nos faz sentir mais pequeninos, mais sobrecarregados por um peso gigantesco.

Política, a tecnologia que nos absorve, a velocidade imparável do quotidiano e o seu impacto na humanidade, a disseminação da informação, as alterações da nossa consciência enquanto seres globais. Enfim. isto está tudo fodido e esta é a vida como a vivemos agora, neste instante. A verdade é essa e não o podes negar.

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Foreign Poetry. Foto cortesia Apparat Lux

E se isto é claro em "MHL", canção em que Luis "Benjamim" Nunes é o responsável pela bateria e percussão, Danny Geffin explica-nos o que podemos esperar das restantes 10 canções do álbum: "É uma tentativa bastante sincera de nos lembrar coisas muito simples e humanas que tendemos a esquecer e é também um alerta para a contínua perda de sentido e propósito como consequência do caos aberto e globalizado em que vivemos. Se este é o melhor momento para estarmos vivos, então porque é que não parece?

Não parece, porque nos dispersamos por tanta coisa, que não nos fixamos em nada. Precisamos de tempo, de parar para observar. Para evitar o óbvio. “Com estes paradigmas regidos pela cadeia da Internet, toda a gente procura as respostas certas para as perguntas erradas, todos querem saber coisas, em vez de sentirem o que sabem que está certo", diz Geffin. Pois bem, o que aqui nos é pedido é simples: permite-te parar durante três minutos e 52 segundos e deixa que "MHL" te leve para onde os teus sentidos quiserem. Depois conta-nos, adorávamos saber e os Foreign Poetry também.


A estreia ao vivo dos Foreign Poetry em Portugal acontece dia 7 de Junho, no NOS Primavera Sound, no Porto. Antes, a 30 de Maio apresentam-se no Two Tribes Brewery, em Londres.

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