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Música

O DJ Tide fez um remix do remix do Carreta Furacão

A música “Mestiço” é do sempre icônico Leando Lehart, e a zueira em forma de som pra festinha nunca tem limite.
Arte: Victor Zalma

Se um dia, como me disse o DJ Zegon, a nossa música eletrônica era meio plastificada, uma cópia da música gringa, hoje a história é diferente. Com movimentos como o baile funk, que faz tempo que extrapolou os limites geográficos do Rio de Janeiro — lembra do MC Bin Laden no MoMa — não é exagero dizer que temos uma música eletrônica nacional e que ganha cada vez novos contornos. E o DJ Tide, velho de guerra nessa cena, acertou ao remixar "Mestiço", a música do Leandro Lehart, ex-Art Popular, que já havia caído nas graças à turma do Carreta Furacão.

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A carreira do DJ Tide, para quem ainda não relacionou o nome às discotecagens, tem início nas saudosas noites suarentas entre as paredes de azulejo do Bar do Netão, que funcionou entre 2001 e 2013 no 822-B da Rua Augusta. Ele, que também tocou nos primórdios da Vooodoohop, criou a festa Mel — em parceria com Ad Ferrera — e apresentou os ritmos sul-americanos nos seus sets, se entrega agora aos ritmos nacionais, como o pagode, rasterinha, axé, brega e lambada.

Nascido na zona leste paulistana dos anos 90, Aristides do Nascimento, o DJ Tide, conta que "o pagode comia solto por lá [na sua juventude], ouvi bastante na minha adolescência e agora resolvi resgatar essas influências no meu trampo". Não à toa que a versão instrumental de "Deixa Acontecer Naturalmente" é um dos remixes mais conhecidos do Tide.

Se um dia, como me disse o DJ Zegon, a nossa música eletrônica era meio plastificada, uma cópia da música gringa, hoje a história é diferente. Com movimentos como o baile funk, que faz tempo que extrapolou os limites geográficos do Rio de Janeiro — lembra do MC Bin Laden no MoMa — não é exagero dizer que temos uma música eletrônica nacional e que ganha cada vez novos contornos. E o DJ Tide, velho de guerra nessa cena, acertou ao remixar "Mestiço", a música do Leandro Lehart, ex-Art Popular, que já havia caído nas graças à turma do Carreta Furacão.

A carreira do DJ Tide, para quem ainda não relacionou o nome às discotecagens, tem início nas saudosas noites suarentas entre as paredes de azulejo do Bar do Netão, que funcionou entre 2001 e 2013 no 822-B da Rua Augusta. Ele, que também tocou nos primórdios da Vooodoohop, criou a festa Mel — em parceria com Ad Ferrera — e apresentou os ritmos sul-americanos nos seus sets, se entrega agora aos ritmos nacionais, como o pagode, rasterinha, axé, brega e lambada.

Nascido na zona leste paulistana dos anos 90, Aristides do Nascimento, o DJ Tide, conta que "o pagode comia solto por lá [na sua juventude], ouvi bastante na minha adolescência e agora resolvi resgatar essas influências no meu trampo". Não à toa que a versão instrumental de "Deixa Acontecer Naturalmente" é um dos remixes mais conhecidos do Tide.

Hoje com 36 anos, o produtor já acompanhou diversos movimentos de músical tropical: viu um pouco da lambada nos anos 80, o pagode nos anos 90, viu a virada do milênio e os movimentos brasileiros se tornarem globais. Ouvir suas músicas na sua página do Soundcloud, por exemplo, é um viagem no tempo da música brasileira. Sempre numa versão atualizada.

No remix de "Mestiço", o DJ Tide conseguiu deixar o pagode mais ritmado e com uma melodia mais grudenta, conversando com os gêneros globais sem perder o romantismo do pagode.

Na entrevista que você lê abaixo, Tide conta que sonha em ver a Carreta Furacão usando seu remix, fala sobre sua trajetória e até de política. Afinal, tá tudo junto e misturado. Ah, o remix do Tide que você ouve abaixo está liberado pra download. De nada.

THUMP: Como surgiu a ideia do remix?
DJ Tide: A ideia, na verdade, surgiu por uma intimação do meu amigo Tom B "Mano, você precisa fazer o remix do Carreta, nunca te pedi nada!" (risos)

Com a Carretomania em alta novamente, a bola estava pingando na área, não sei como ninguém pensou nisso antes. Eu já tocava essa música do Leandro Lehart e acho sensacional. Ele é um cara que veio com uma proposta de pagode mais pop, com mais batidão. "Requebrabum", "Pimpolho" e o "Mestiço" (a que eu remixei) são músicas que tem um suingue fantástico, são perfeitas pra remixar.


Quais foram as influências para a produção desse remix?
As mais explícitas são o pagode e a bass music, mas tem umas pitadinhas de afoxé, axé, rasterinha e trap music. Tenho um contato bem intenso com produtores do Brasil todo que fazem essa mistura de ritmos regionais e populares com a música eletrônica, caras como: Chico Correa, ATTOOXXÁ, Omulu, Lucio K, DJ Dolores, Furmiga Dub, Waldo Squash, etc... Rola uma troca de experiências, dicas, técnicas e referências, portanto, essa cena brasileira acaba se tornando uma grande influência pra todos nós. No meu Soundcloud você encontra outras produções e remixes de: forró, arrocha, brega, cumbia, carimbó, trap, moombahton, house, zouk bass. Eu não gosto de me prender a gêneros e fórmulas, por isso estou sempre atrás de novas combinações, sempre experimentando.

Você tem postado material de esquerda na sua página, já a Carreta Furacão esteve no protesto Pró-Impeachment. Como você vê essa relação de música e política?
Primeiramente, #foratemer. Eu estava na produção desse remix quando recebi a triste notícia de que a Carreta tinha confirmado presença na micareta do Kim Kataguiri. Isso foi um balde de água fria pra mim, um golpe baixo, clima de velório nas redes sociais. Me questionei se devia abortar, mas, para minha felicidade, surgiu o Orival Pessini (criador do Fofão original) e não autorizou que a imagem de seu personagem fosse utilizada para fins políticos.

A Carreta se apresentou, mas sem a sua maior estrela. O Fofão é nosso! (risos). Piadas à parte, acho extremamente importante (principalmente na atual conjuntura) que artistas, músicos e pessoas públicas se posicionem. Não podemos deixar a grande mídia dominar o discurso, a mídia tem seus interesses e nós temos os nossos, temos que falar sobre aquilo que nos toca, que nos move e sobre o que acreditamos.


Qual a sua relação com a festa Mel?
Sou um dos criadores da festa Mel junto com o Ad Ferrera. A nossa relação é de amor profundo, um sonho realizado. A liberdade que a Mel proporciona, em todos os aspectos, é maravilhosa. Uma festa na rua que celebra a diversidade e a pluralidade, se reflete no público aberto, generoso e disposto a se divertir — sem preconceitos musicais. Em uma festa onde é possível tocar de Buraka Som Sistema à Banda Djavú, de Drake a Olodum, de Rihanna à Roberta Miranda, é um sonho.

O movimento de música tropical já esteve mais em alta no Brasil, mas agora anda meio adormecido. Seu remix dialoga bem com essa vertente. Você acha que o tropical pode voltar?
Não diria que esta adormecido, mas que esteja um pouco fora do escopo comercial da mídia. E isso é uma questão de mercado, ou seja, uma outra história.

Tivemos grandes momentos midiáticos nos 90's com a lambada, o axé e o pagode — que são expressões de massa para ritmos tropicais mais tradicionais. Por outro, lado temos hoje o arrocha, o pagode baiano e o funk carioca em evidência. Produzidos em parte, ou completamente, com elementos eletrônicos, eles acabaram chamando a atenção da comunidade do bass mundial. Principalmente (nos casos do funk e do pagode baiano) por conta de artistas nacionais que estão transformando esses ritmos em uma experiência de pista, a exemplo do Omulu, Leo Justi, Ruxell, Attooxxaa, Mauro Telefunksoul, etc.

Já a cena global bass acabou arrefecendo um pouco, devido a uma questão implícita na cena eletrônica como um todo, que sempre preza pela novidade e acaba sofrendo um pouco com os modismos. Mas isso não significa que tenha se esgotado, acredito que ela amadureceu e encontrou o seu espaço, agora sem o alarde inicial.

Quais desses movimentos tropicais, você gostaria que voltasse a tona?
Seria lindo um novo olhar sobre a lambada. A gente viveu uma overdose na década de 80 e isso acabou gerando um desgaste no gênero. Porém, quando se faz uma pesquisa mais profunda, além da produção mais comercial que predominou na mídia nesse período, dá pra sacar o quanto é fantástica a forma como ocorreu a confluência dos ritmos afrolatinos do Caribe com a música tradicional do norte do Brasil: a guitarrada e o carimbó.

Seria um sonho ver a Carreta Furacão se apresentando com o seu remix?
Seria meu sonho? Claro! Já consigo imaginar o Fofão subindo os muros e plantando bananeira nas pontes, o Popeye sendo atropelado pelo ciclista e o Mickey e o Capitão América rebolando até o chão ao som desse remix.

Depois do remix de Carreta Furacão, o que mais esta a caminho?
Muita fuleragem, bastante bregabass, arrochadub e eletropagode. Tenho alguns remixes de artistas bem legais encomendados e quero explorar cada vez mais as parcerias com músicos, cantores e outros produtores. A experiência que tive produzindo a música "Pra Você" com a MC Tha, lançada pelo Funk na Caixa foi ótima. Quero continuar nesse processo. Parto agora pra Belém do Pará pra tocar nos shows do Pinduca, Dona Onete e Saulo Duarte, e também pra aprofundar os contatos, conhecer de perto a cultura das aparelhagens e voltar com a mala cheia de música e ideias!

Acompanhe o DJ Tide nas redes SoundCloud // Facebook.

Siga o THUMP nas redes Facebook // Soundcloud // Twitter.

Hoje com 36 anos, o produtor já acompanhou diversos movimentos de músical tropical: viu um pouco da lambada nos anos 80, o pagode nos anos 90, viu a virada do milênio e os movimentos brasileiros se tornarem globais. Ouvir suas músicas na sua página do Soundcloud, por exemplo, é um viagem no tempo da música brasileira. Sempre numa versão atualizada.

No remix de "Mestiço", o DJ Tide conseguiu deixar o pagode mais ritmado e com uma melodia mais grudenta, conversando com os gêneros globais sem perder o romantismo do pagode.

Na entrevista que você lê abaixo, Tide conta que sonha em ver a Carreta Furacão usando seu remix, fala sobre sua trajetória e até de política. Afinal, tá tudo junto e misturado. Ah, o remix do Tide que você ouve abaixo está liberado pra download. De nada.

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Se um dia, como me disse o DJ Zegon, a nossa música eletrônica era meio plastificada, uma cópia da música gringa, hoje a história é diferente. Com movimentos como o baile funk, que faz tempo que extrapolou os limites geográficos do Rio de Janeiro — lembra do MC Bin Laden no MoMa — não é exagero dizer que temos uma música eletrônica nacional e que ganha cada vez novos contornos. E o DJ Tide, velho de guerra nessa cena, acertou ao remixar "Mestiço", a música do Leandro Lehart, ex-Art Popular, que já havia caído nas graças à turma do Carreta Furacão.

A carreira do DJ Tide, para quem ainda não relacionou o nome às discotecagens, tem início nas saudosas noites suarentas entre as paredes de azulejo do Bar do Netão, que funcionou entre 2001 e 2013 no 822-B da Rua Augusta. Ele, que também tocou nos primórdios da Vooodoohop, criou a festa Mel — em parceria com Ad Ferrera — e apresentou os ritmos sul-americanos nos seus sets, se entrega agora aos ritmos nacionais, como o pagode, rasterinha, axé, brega e lambada.

Nascido na zona leste paulistana dos anos 90, Aristides do Nascimento, o DJ Tide, conta que "o pagode comia solto por lá [na sua juventude], ouvi bastante na minha adolescência e agora resolvi resgatar essas influências no meu trampo". Não à toa que a versão instrumental de "Deixa Acontecer Naturalmente" é um dos remixes mais conhecidos do Tide.

Hoje com 36 anos, o produtor já acompanhou diversos movimentos de músical tropical: viu um pouco da lambada nos anos 80, o pagode nos anos 90, viu a virada do milênio e os movimentos brasileiros se tornarem globais. Ouvir suas músicas na sua página do Soundcloud, por exemplo, é um viagem no tempo da música brasileira. Sempre numa versão atualizada.

No remix de "Mestiço", o DJ Tide conseguiu deixar o pagode mais ritmado e com uma melodia mais grudenta, conversando com os gêneros globais sem perder o romantismo do pagode.

Na entrevista que você lê abaixo, Tide conta que sonha em ver a Carreta Furacão usando seu remix, fala sobre sua trajetória e até de política. Afinal, tá tudo junto e misturado. Ah, o remix do Tide que você ouve abaixo está liberado pra download. De nada.

THUMP: Como surgiu a ideia do remix?
DJ Tide: A ideia, na verdade, surgiu por uma intimação do meu amigo Tom B "Mano, você precisa fazer o remix do Carreta, nunca te pedi nada!" (risos)

Com a Carretomania em alta novamente, a bola estava pingando na área, não sei como ninguém pensou nisso antes. Eu já tocava essa música do Leandro Lehart e acho sensacional. Ele é um cara que veio com uma proposta de pagode mais pop, com mais batidão. "Requebrabum", "Pimpolho" e o "Mestiço" (a que eu remixei) são músicas que tem um suingue fantástico, são perfeitas pra remixar.


Quais foram as influências para a produção desse remix?
As mais explícitas são o pagode e a bass music, mas tem umas pitadinhas de afoxé, axé, rasterinha e trap music. Tenho um contato bem intenso com produtores do Brasil todo que fazem essa mistura de ritmos regionais e populares com a música eletrônica, caras como: Chico Correa, ATTOOXXÁ, Omulu, Lucio K, DJ Dolores, Furmiga Dub, Waldo Squash, etc... Rola uma troca de experiências, dicas, técnicas e referências, portanto, essa cena brasileira acaba se tornando uma grande influência pra todos nós. No meu Soundcloud você encontra outras produções e remixes de: forró, arrocha, brega, cumbia, carimbó, trap, moombahton, house, zouk bass. Eu não gosto de me prender a gêneros e fórmulas, por isso estou sempre atrás de novas combinações, sempre experimentando.

Você tem postado material de esquerda na sua página, já a Carreta Furacão esteve no protesto Pró-Impeachment. Como você vê essa relação de música e política?
Primeiramente, #foratemer. Eu estava na produção desse remix quando recebi a triste notícia de que a Carreta tinha confirmado presença na micareta do Kim Kataguiri. Isso foi um balde de água fria pra mim, um golpe baixo, clima de velório nas redes sociais. Me questionei se devia abortar, mas, para minha felicidade, surgiu o Orival Pessini (criador do Fofão original) e não autorizou que a imagem de seu personagem fosse utilizada para fins políticos.

A Carreta se apresentou, mas sem a sua maior estrela. O Fofão é nosso! (risos). Piadas à parte, acho extremamente importante (principalmente na atual conjuntura) que artistas, músicos e pessoas públicas se posicionem. Não podemos deixar a grande mídia dominar o discurso, a mídia tem seus interesses e nós temos os nossos, temos que falar sobre aquilo que nos toca, que nos move e sobre o que acreditamos.


Qual a sua relação com a festa Mel?
Sou um dos criadores da festa Mel junto com o Ad Ferrera. A nossa relação é de amor profundo, um sonho realizado. A liberdade que a Mel proporciona, em todos os aspectos, é maravilhosa. Uma festa na rua que celebra a diversidade e a pluralidade, se reflete no público aberto, generoso e disposto a se divertir — sem preconceitos musicais. Em uma festa onde é possível tocar de Buraka Som Sistema à Banda Djavú, de Drake a Olodum, de Rihanna à Roberta Miranda, é um sonho.

O movimento de música tropical já esteve mais em alta no Brasil, mas agora anda meio adormecido. Seu remix dialoga bem com essa vertente. Você acha que o tropical pode voltar?
Não diria que esta adormecido, mas que esteja um pouco fora do escopo comercial da mídia. E isso é uma questão de mercado, ou seja, uma outra história.

Tivemos grandes momentos midiáticos nos 90's com a lambada, o axé e o pagode — que são expressões de massa para ritmos tropicais mais tradicionais. Por outro, lado temos hoje o arrocha, o pagode baiano e o funk carioca em evidência. Produzidos em parte, ou completamente, com elementos eletrônicos, eles acabaram chamando a atenção da comunidade do bass mundial. Principalmente (nos casos do funk e do pagode baiano) por conta de artistas nacionais que estão transformando esses ritmos em uma experiência de pista, a exemplo do Omulu, Leo Justi, Ruxell, Attooxxaa, Mauro Telefunksoul, etc.

Já a cena global bass acabou arrefecendo um pouco, devido a uma questão implícita na cena eletrônica como um todo, que sempre preza pela novidade e acaba sofrendo um pouco com os modismos. Mas isso não significa que tenha se esgotado, acredito que ela amadureceu e encontrou o seu espaço, agora sem o alarde inicial.

Quais desses movimentos tropicais, você gostaria que voltasse a tona?
Seria lindo um novo olhar sobre a lambada. A gente viveu uma overdose na década de 80 e isso acabou gerando um desgaste no gênero. Porém, quando se faz uma pesquisa mais profunda, além da produção mais comercial que predominou na mídia nesse período, dá pra sacar o quanto é fantástica a forma como ocorreu a confluência dos ritmos afrolatinos do Caribe com a música tradicional do norte do Brasil: a guitarrada e o carimbó.

Seria um sonho ver a Carreta Furacão se apresentando com o seu remix?
Seria meu sonho? Claro! Já consigo imaginar o Fofão subindo os muros e plantando bananeira nas pontes, o Popeye sendo atropelado pelo ciclista e o Mickey e o Capitão América rebolando até o chão ao som desse remix.

Depois do remix de Carreta Furacão, o que mais esta a caminho?
Muita fuleragem, bastante bregabass, arrochadub e eletropagode. Tenho alguns remixes de artistas bem legais encomendados e quero explorar cada vez mais as parcerias com músicos, cantores e outros produtores. A experiência que tive produzindo a música "Pra Você" com a MC Tha, lançada pelo Funk na Caixa foi ótima. Quero continuar nesse processo. Parto agora pra Belém do Pará pra tocar nos shows do Pinduca, Dona Onete e Saulo Duarte, e também pra aprofundar os contatos, conhecer de perto a cultura das aparelhagens e voltar com a mala cheia de música e ideias!

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THUMP: Como surgiu a ideia do remix?
DJ Tide: A ideia, na verdade, surgiu por uma intimação do meu amigo Tom B "Mano, você precisa fazer o remix do Carreta, nunca te pedi nada!" (risos)

Com a Carretomania em alta novamente, a bola estava pingando na área, não sei como ninguém pensou nisso antes. Eu já tocava essa música do Leandro Lehart e acho sensacional. Ele é um cara que veio com uma proposta de pagode mais pop, com mais batidão. "Requebrabum", "Pimpolho" e o "Mestiço" (a que eu remixei) são músicas que tem um suingue fantástico, são perfeitas pra remixar.

Quais foram as influências para a produção desse remix?
As mais explícitas são o pagode e a bass music, mas tem umas pitadinhas de afoxé, axé, rasterinha e trap music. Tenho um contato bem intenso com produtores do Brasil todo que fazem essa mistura de ritmos regionais e populares com a música eletrônica, caras como: Chico Correa, ATTOOXXÁ, Omulu, Lucio K, DJ Dolores, Furmiga Dub, Waldo Squash, etc… Rola uma troca de experiências, dicas, técnicas e referências, portanto, essa cena brasileira acaba se tornando uma grande influência pra todos nós. No meu Soundcloud você encontra outras produções e remixes de: forró, arrocha, brega, cumbia, carimbó, trap, moombahton, house, zouk bass. Eu não gosto de me prender a gêneros e fórmulas, por isso estou sempre atrás de novas combinações, sempre experimentando.

Você tem postado material de esquerda na sua página, já a Carreta Furacão esteve no protesto Pró-Impeachment. Como você vê essa relação de música e política?
Primeiramente, #foratemer. Eu estava na produção desse remix quando recebi a triste notícia de que a Carreta tinha confirmado presença na micareta do Kim Kataguiri. Isso foi um balde de água fria pra mim, um golpe baixo, clima de velório nas redes sociais. Me questionei se devia abortar, mas, para minha felicidade, surgiu o Orival Pessini (criador do Fofão original) e não autorizou que a imagem de seu personagem fosse utilizada para fins políticos.

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Qual a sua relação com a festa Mel?
Sou um dos criadores da festa Mel junto com o Ad Ferrera. A nossa relação é de amor profundo, um sonho realizado. A liberdade que a Mel proporciona, em todos os aspectos, é maravilhosa. Uma festa na rua que celebra a diversidade e a pluralidade, se reflete no público aberto, generoso e disposto a se divertir — sem preconceitos musicais. Em uma festa onde é possível tocar de Buraka Som Sistema à Banda Djavú, de Drake a Olodum, de Rihanna à Roberta Miranda, é um sonho.

O movimento de música tropical já esteve mais em alta no Brasil, mas agora anda meio adormecido. Seu remix dialoga bem com essa vertente. Você acha que o tropical pode voltar?
Não diria que esta adormecido, mas que esteja um pouco fora do escopo comercial da mídia. E isso é uma questão de mercado, ou seja, uma outra história.

Tivemos grandes momentos midiáticos nos 90's com a lambada, o axé e o pagode — que são expressões de massa para ritmos tropicais mais tradicionais. Por outro, lado temos hoje o arrocha, o pagode baiano e o funk carioca em evidência. Produzidos em parte, ou completamente, com elementos eletrônicos, eles acabaram chamando a atenção da comunidade do bass mundial. Principalmente (nos casos do funk e do pagode baiano) por conta de artistas nacionais que estão transformando esses ritmos em uma experiência de pista, a exemplo do Omulu, Leo Justi, Ruxell, Attooxxaa, Mauro Telefunksoul, etc.

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Quais desses movimentos tropicais, você gostaria que voltasse a tona?
Seria lindo um novo olhar sobre a lambada. A gente viveu uma overdose na década de 80 e isso acabou gerando um desgaste no gênero. Porém, quando se faz uma pesquisa mais profunda, além da produção mais comercial que predominou na mídia nesse período, dá pra sacar o quanto é fantástica a forma como ocorreu a confluência dos ritmos afrolatinos do Caribe com a música tradicional do norte do Brasil: a guitarrada e o carimbó.

Seria um sonho ver a Carreta Furacão se apresentando com o seu remix?
Seria meu sonho? Claro! Já consigo imaginar o Fofão subindo os muros e plantando bananeira nas pontes, o Popeye sendo atropelado pelo ciclista e o Mickey e o Capitão América rebolando até o chão ao som desse remix.

Depois do remix de Carreta Furacão, o que mais esta a caminho?
Muita fuleragem, bastante bregabass, arrochadub e eletropagode. Tenho alguns remixes de artistas bem legais encomendados e quero explorar cada vez mais as parcerias com músicos, cantores e outros produtores. A experiência que tive produzindo a música "Pra Você" com a MC Tha, lançada pelo Funk na Caixa foi ótima. Quero continuar nesse processo. Parto agora pra Belém do Pará pra tocar nos shows do Pinduca, Dona Onete e Saulo Duarte, e também pra aprofundar os contatos, conhecer de perto a cultura das aparelhagens e voltar com a mala cheia de música e ideias!

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