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Como sobreviver num bar de karaoke

Gente intoxicada e feitios difíceis.

Esqueçam os esfaqueamentos em bares, os encontros com violadores e os mosh pits violentos em concertos. Os bares de karaoke são, de longe, os mais negros bebedouros da noite de qualquer cidade. Aqui há umas semanas, em Xi'an, na China, dois homens foram apunhalados até à morte com um cutelo por terem deixado um miúdo de quatro anos açambarcar o microfone num bar de karaoke. Em teoria, isto é um caso isolado, mas, na verdade, este acontecimento é apenas o exemplo mais recente de uma vaga de mortes ocorridas em karaokes na última década: vários assassinatos (e agressões) ligados ao karaoke têm, de resto, sido noticiados, desde 2000, um pouco por todo o mundo. Quem diria que a combinação entre as músicas preferidas de toda a gente + o cantar mal + os bêbados preconceituosos poderia gerar tamanha hostilidade? De qualquer modo, da próxima vez em que estiverem a planear passar uma noite de copos, livre de violência, num bar de karaoke, leiam isto primeiro. NÃO CANTEM A “MY WAY” DO SINATRA
O Ol’ Blue Eyes é responsável por popularizar a canção mais perigosa das Filipinas, catalisadora de centenas de homicídios e de inúmeras lesões ao longo da última década. A “My Way” está praticamente banida de todos os estabelecimentos de karaoke filipinos pela sua estranha capacidade para provocar raiva. Alguns dizem que é por causa das blasfémias impostas à voz de veludo do Frank, enquanto outros culpabilizam o incrível sentimento de invencibilidade que sentimos quando a cantamos. Ainda assim, a proibição da “My Way” é, basicamente, a versão (formato karaoke) da regra “No Stairway to Heaven”, mas com consequências fatais. A situação é tão má que os filipinos utilizam bakla (homens gay) para acalmar as coisas, agindo de maneira abichanada e amaciando os heteros chateados, o que é, tipo, uma ideia genial. NÃO ESTEJAM SEMPRE A CANTAR
A prova flagrante de que uma pessoa não consegue aguentar a bebida/droga é a sua incapacidade para estar calado. Todos nós já fomos essa pessoa, mas é possível pagar caro se o fizermos numa noite de karaoke. No Applebee, por exemplo. Não importa quão bons cantores vocês se acham, ninguém quer estar sempre, mas sempre, a ouvir a mesma voz. A menos que, claro, vocês estejam dispostos a deitar a casa abaixo com um corrupio de hits e fazer versões das canções que todos nós conhecemos e adoramos. Caso contrário, é melhor prepararem-se para serem mortos.

MÁ VOZ
Ok, apesar de ser muito fácil dizer “não cantas um caralho”, é preciso ter isto em consideração: os fãs do karaoke tratam as suas canções como pequenos bebés. Imaginem como é que eles não se sentem quando um tipo qualquer aparece a cantar a sua malha favorita completamente fora de ritmo e de tempo. É, basicamente, o mesmo que assistir à violação anal do vosso bebé por um estranho. Por isso, aprendam: cantar fora de tom pode valer-vos um balázio. NÃO SAIAM DA VOSSA EXTENSÃO VOCAL
Claro que é preciso dar um certo desconto quando se está a lidar com uma carrada de amadores bêbados, mas, a menos que vocês sejam uma miúda pequenina ou um tipo cujos genitais saíram horrivelmente mutilados de um acidente rodoviário, devem tentar escolher uma canção que não tenha falsetos. Não tentem, por exemplo, gozar com a "Holy Diver" do Dio se estiverem no Wisconsin. NADA DE RAP
O rap deveria ser sempre sobre gajos a fumar erva, micar damas e ter armas. Toda essa poesia urbana e verborreia pseudo-inteligente é uma merda, especialmente ao vivo. Estas 100 pessoas descobriram isso da pior maneira. COCAÍNA
Cantar a “Love Hurts” dos Nazareth em frente a um monte de estranhos beligerantes requer, no mínimo, o emborcamento caseiro de 11 shots de qualquer cena forte, três copos de tinto e uma Colt 45. Se quiserem ser o Capitão Distúrbio da noite basta adicionar cocaína à receita: é o mesmo que deitar gasolina no fogo que arde com a combinação má voz + más escolhas de canções + feitios fodidos. OS DUETOS SÃO UMA ESCOLHA SEGURA
Não monopolizem o micro nem os louros. Os duetos são fixes porque ajudam a mascarar os erros que vocês e o vosso amigo certamente farão depois de 12 shots de tequilha barata. E as duplas ajudam sempre, quer à rotação rápida dos pedidos, quer em cortar a pressão que estão a sentir para metade. Ainda estão nervosos? Releiam o parágrafo anterior. CANÇÕES DÍFICEIS E VOCALISTAS INCRÍVEIS
A menos que sejam um ninja de cinturão negro em karaoke, nunca pensem em cantar estas canções: “Pay to Cum” dos Bad Brains, “I Will Always Love You” da Whitney Houston, “Purple Rain” do Prince, “We Didn’t Start the Fire” do Billy Joel e todas as do R. Kelly. Por outro lado, se conseguem cantar estas coisas bem, façam um favor ao pessoal normal: não cantem mais nada, deixem as fáceis para nós. SEJAM SIMPÁTICOS PARA A PESSOA QUE CONTROLA OS PEDIDOS
Gritar com a pessoa que controla a máquina do karaoke para que tenham prioridade porque "fazem anos" ou porque "têm de sair cedo", nunca vos vai levar a lado nenhum. O vosso pedido vai ser atrasado ou, na pior das hipóteses, completamente esquecido. Atenção: isto é muito pior do que assediar um DJ para que ele passe "qualquer uma dos Black Eyed Peas". NUDISMO
Cantarem nus é o passaporte perfeito para atrair gajos, gajas, cães, gatos, leões, tigres, twinks e bears. Faz isso, é simples. O que nos leva ao ponto seguinte… MANDAR CENÁRIO
Há imensa malta que baseia a sua escolha apenas no facto de curtir uma determinada canção e isso é aceitável, não há problema nenhum. Mas perguntem-se: "Eu gosto desta canção, mas será que consigo cantar isto? Lembro-me do refrão, como toda a gente, mas será que sei mesmo os versos?" Em vez de gastarem toda a vossa energia a ler as letras no ecrã, vocês deviam era estar concentrados em dar alto espectáculo. Abanem o microfone durante as partes instrumentais. Mantenham contacto ocular com um estranho enquanto cantam a “Just a Girl” dos No Doubt. Mexam os pés. Todas estas coisas fixes e divertidas são impossíveis de fazer quando se está única e exlusivamente concentrado num ecrã com letras. Tentem só ler cerca de um terço do tempo. Vocês estão em palco, aproveitem. Se cantarem mal, pelo menos dão espectáculo. Não sejam otários, partilhem o micro, aceitem o facto de que a maioria de nós não tem talento vocal nenhum e façam um esforço sincero para entreter os outros. Se vão cantar a "Gangsta's Paradise" pela terceira vez na mesma noite, depois não se venham queixar de terem começado um motim.