Bandeira brasileira. Tatuado em um quartel de Salvador em 1924. Cortesia Editora Veneta.
Embora a tatuagem ser comumente associada com criminalidade desde o século XIX, sua chegada e evolução no Brasil está muito mais ligada à representações de amor, fé e memórias na cultura popular. Sua história foi contado pela historiadora Silvana Jeha no livro Uma História da Tatuagem no Brasil, lançado recentemente pela Editora Veneta.O livro foi fruto de sete anos de pesquisa em acervos públicos e museus brasileiros, onde a historiadora destrinchou desde as escarificações e tatuagens nos corpos de pessoas escravizadas trazidas ao Brasil à chegada de marujos e imigrantes que trouxeram o hábito de se tatuar. A tatuagem indígena, claro, é mencionada na introdução do livro como “donos da casa” quando se fala no tema aplicado ao Brasil.Para Jeha, contar a história da tatuagem no Brasil é contar histórias de pessoas que viviam à margem da sociedade — como trabalhadores, prostitutas, imigrantes, indígenas e pessoas escravizadas. A criminalidade é apenas um de seus aspectos. “No século XIX ela ficou muito associada com a criminalidade por causa de Cesare Lombroso, mas ela sempre fez parte da cultura popular."“Pesquisando sobre as pessoas tatuadas nas prisões, vi que mais de 40% já tinha se tatuado fora da cadeia,” explica Jeha. “A cadeia foi apenas o local onde as tatuagens e os corpos delas foram registrados e submetidos ao escrutínio das autoridades. Por isso existe essa relação de tatuagem e cadeia.”Figuras importantes como o marujo dinamarquês Knud Gregersen, o Lucky Tattoo, conhecido como o primeiro tatuador profissional do Brasil, Vânia Rezende, coordenadora da Associação Pernambucana das Profissionais do Sexo e Marluce Tavares de Santana, trabalhadora sexual de Recife, também merecem destaque na pesquisa minuciosa de Silvana.“A tatuagem como parte do universo das prostitutas é também uma parte da história da tatuagem na mulher até a década de 1970. (…) Era o corpo da prostituta, ou da mulher atribuída como tal, que estava à disposição para ser fotografado, descrito e abusado”, escreve no capítulo sobre mulheres.A pesquisa de Jeha — cheia de fotografias, recortes de jornais e referências literárias sobre as marcas na pele — começa no século XIX e vai até os anos 1970, quando as tatuagens passaram a se popularizar através dos surfistas e abrir caminho para se tornar popular e comum como é no século XXI.Saque mais imagens do livro abaixo:Siga a VICE Brasil no Facebook , Twitter e Instagram.
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