As piores e melhores memórias afetivas das Copas do Mundo

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As piores e melhores memórias afetivas das Copas do Mundo

Perguntamos por aí quais as lembranças mais marcantes do evento que enlouquece o país. Teve gente limpando a bunda com bandeira, cachaça, bolos obscenos e muito choro.
LF
ilustração por Luiza Formagin

Eu nasci na Copa. Sim, literalmente. Vim ao mundo com mais de 4 quilos em 13 de junho de 1986, um dia depois do Brasil meter 3 x 0 na Irlanda do Norte no último jogo da primeira fase da Copa do México. Dizem por aí que minha mãe não assistiu a Alemanha Ocidental x Dinamarca nem a Uruguai x Escócia por causa das contrações.

Nas Copas seguintes, lembro do uniforme da Alemanha em 1990, dos rojões em 1994, da aula de um careca chamado Zidane em 1998, do cabelo Cascão do Ronaldo em 2002… A última memória é presenciar o Brasil tomar 7 a 1 com a filha de apenas três meses em casa. Foi foda, mas seguimos em frente.

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Assim como rola comigo, a relação do brasileiro com a principal competição futebolística do mundo é visceral. É quando entramos em catarse e, muitas vezes, transcendemos os próprios limites. Foi o que notei ao perguntar por aí quais eram as lembranças que as pessoas tinham das Copas passadas. Fãs de futebol ou não, todos tinham histórias malucas para contar.

Teve gente limpando a bunda com a bandeira, ganhando um bolo com o formato das nádegas do Hulk, extintor com cachaça sabor coco, comemoração com balão, entre outras coisas. Dá um bisu aí.

Gil Duarte, músico, 38 anos

1982: Eu tinha dois anos, não era uma coisa muito importante na minha vida ainda. Eu lembro de ir na beira do rio, meu pai falou que eu tentei pegar uma cobra coral com a mão, mas não lembro da Copa.

1986: Lembro que eu ficava entre Caracuzinho, em Fortaleza, que era a minha casa, a casa da minha avó e a casa do meu avô, que eram em outros bairros, mas eu não prestava atenção muito na Copa, não.

1990: Eu só lembro que tinha 10 anos e que tinha uma camiseta que eu curtia do Flamengo. 1994: Lembro de ter assistido todos os jogos e ter endoidado com os pênaltis do TAFAREEEEEEEELLLLLLL!!! 1998: Foi o ano que entrei na facul e assisti ao jogo na sede do Movimento Estudantil, então só me lembro da raiva e do mini extintor de incêndio com cachaça com sabor de coco. 2002: Fui até a praia, queimei largada e dormi na casa de uma amiga. Assisti a todos os jogos menos esse da final contra a Alemanha. 2006: Zuêra, shows, o Roberto Carlos amarrando cadarço na grande área e o golpe de Street Fighter do Zidane. 2010: Papai Joel, né? Espanha… 2014: A grande vergonha que senti do povo mandando a Dilma tomar no cockpit, Espanha eliminada na primeira fase, Brasil de sapato alto, Costa Rica foi roubada na cara dura e o site do Brasil e Alemanha eterno.

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2018: Hoje pra mim fica difícil pensar em torcer para um negócio que está todo errado, uma seleção com o craque que é o maior sonegador de impostos do Brasil. O Neymar sonegou 300 milhões e ficou por isso mesmo, envolvido em um monte de maracutaia. Com um dos presidentes da CBF preso, outro que não pode sair do país. O símbolo da camisa se tornou o maior representante da corrupção. A minha expectativa é que ganhe, mas por outro lado fico com essa questão.

Leonor Macedo, jornalista, 35 anos 1982: Nasci uns meses depois, mas ganhei um macacãozinho da Copa da Espanha. 1986: Tava comendo tatu bola e caca de nariz.

1990: Torci bem por Camarões, porque era uma seleção muito carisma.

1994: Bebi cerveja e soltei balão pra comemorar o Brasil campeão (façam as contas, eu tinha nem 12 anos).

1998: Limpei o bumbum com uma bandeirola do Brasil depois da final (tava puta da vida e não tinha uma bandeirola da França por perto).

2002: Bebedeira logo de manhã e cabelo de xaninha do Ronaldo (não cortei assim, mas me marcou).

2006: Bebedeira-ressaca-bebedeira-ressaca.

2010: Pessoal do trabalho organizou uma festa no salão de uma igreja pra ver os jogos. Traumatizante.

2014: Foda-se os 7x1, foi o último momento de felicidade que esse país viveu. Depois ficou todo mundo sisudo, revoltado, chato, escroto e só andamos pra trás.

2018: Dá licença que eu já vou começar a beber.

Bruno Palma, músico e jornalista, 33 anos

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1990: Lembro que tentei desenhar o mascote, aquele do corpo cheio de quadradinhos e a cabeça da bola de futebol. Ficou bem horrível. 1994: Lembro bem dessa: o cabelo do Tony Meola, o cavanha do Alexi Lalas, a cotovelada do Leonardo, a bicuda do Branco que atingiu o fotógrafo, a comemoração de ninar do Bebeto, o pênalti pra fora do Baggio. Lembro também que tentaram pintar as guias da minha rua de verde amarelo, mas a tinta ficou muito fraca e o que era amarelo ficou branco e o verde ficou pastel bem clarinho. Feio demais. 1998: Essa que deu ruim no Ronaldo, né? Rolava muita festa na minha rua, cada vizinho levava uma coisa, todo mundo curtia bastante. Na final eu estava com muita febre, com uma gripe tensa. 2002: A gente acordava de madrugada pra ver os jogos. As comemorações eram um pouco estranhas, porque nem todo mundo tava acordado, então rolava um certo comedimento pra gritar gol e tal. 2006: Eu morava com uns amigos na Augusta nessa época e fumava todo dia, então a memória deu uma nublada. Mas lembro da cabeçada do Zidane. Gosto desses momentos icônicos. 2010: Vi cada jogo na casa de um amigo, eu acho. Não lembro muito bem dessa, não. 2014: Um dos grandes momentos foi quando a mãe de um amigo fez um bolo da bunda do Hulk pra mim. O 7 x 1 eu achei massa. Se fosse tipo 3 x 1 seria só uma decepção, umas coisa chatinha. Mas o 7 x 1 virou um grande clássico, rendeu meme, marcou.

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2018: Eu gosto dessa coisa de Copa, de ver os jogos com os amigos, de beber e ficar maluco sem muita culpa. E eu amo provar os lanches especiais do McDonald’s também. Já comi todos. Não sei se o hexa vem, mas acho que o importante mesmo é participar e todo mundo que está ali já é campeão.

Bibi Monteiro, suporte de games, 33 anos

1990: Lembro do Beto Barbosa e que se você comprasse um video cassete Semp Toshiba só ia pagar na próxima Copa.

1994: Eu de ser zoada porque ganhei uma camisa da seleção com o número do Mazinho (que na época jogava pelo Palmeiras), e eu sou corintiana.

1998: “Believe” da Cher.

2002: Roberto Carlos e Luizão Bobão da seleção do Hermes e Renato, a narração dos jogos me marcou também.

2006: Estava no busão indo discotecar no Dynamite quando perdemos pra França. Tocamos “La Marseillaise” lá.

2010: É o ano do Fernando Vanucci, finalmente.

2014: Fui até o Rio ver a invasão argentina e foi a melhor decisão que eu já tomei na vida. Veni veni, cantá conmigo.

2018: Minha expectativa é que o Tite não vire herói do Brasil.

Luli Cordeiro, arquiteta e papeleira, 32 anos

1994: Assisti a todos os jogos com meus pais e minha irmã. Penduramos um bandeirão verde e amarelo na janela. Depois da final prendemos o bandeirão no teto do carro e fomos comemorando pra casa da minha tia que morava no Jaçanã. No caminho passamos por uma multidão na Jova Rural e rasgaram nossa bandeira.

1998: Assisti aos jogos com a mesma animação. Fiquei muito puta na final, parei de ver o jogo na metade e fui jogar Donkey Kong chorando de raiva.

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2002: Não acompanhei como as outras, mas usei os jogos de madrugada pra fazer meus pais deixarem meu namorado na época dormir em casa. Fiquei puta porque minhas amigas foram comemorar a vitória e não me chamaram.

2006: Torci pra Costa do Marfim

2010: Torci contra o Brasil porque odiava o Dunga

2014: Voltei a torcer pelo Brasil e deu no que deu. Chorei no quarto gol e fui comer churrasco e beber cerveja porque sou muito brasileira sim.

2018: Pra essa Copa eu tô animada, mas não tenho vontade de torcer pela seleção. O Tite é um bosta e eu odeio o Neymar com bastante força.

Ilustração: Luiza Formagin/ VICE

Luiz Casemiro, designer, 33 anos

1990: 5 anos de idade, nada lembro. 1994: Nunca sei se o mascote que eu lembro era o da Copa ou das Olimpíadas de 92. 1998: França. Álbum da Copa com só umas 15 figurinhas coladas. 2002: Coreia? Teve Copa na Coreia? 2006: Juro que não faço ideia. 2010: O Brasil foi eliminado e eu tava no bar do bigode… Um louco começou a arrebentar copos.

2014: A Alemanha fez 2 gols enquanto eu ia no banheiro. 2018: Tô velho, risos.

Daniel Cantagalo, historiador e professor, 31 anos

1994: Homenagem ao Senna.

1998: Romário não foi! E agora?

2002: Madrugada. Despertador pra acordar. Liguei televisão. Olho meio fechado ainda, falta pro Brasil. Golaço.

2006: Roberto Carlos ajeitando o meião! Zidane e cabeçada que não foi na bola.

2010: Vuvuzela, Jabulani

2014: Pegar cerveja na cozinha. No percurso sala-cozinha-sala: dois gols da Alemanha.

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2018: Hexa?

Rafael Doll, engenheiro, 30 anos

1990: Não tenho lembrança. Eu tinha apenas 2 anos.

1994: Lembro de assistir quase todos os jogos só com a minha mãe. Foi bem legal.

1998: O jogo contra a França foi bem desanimador, mas eu estava no Guarujá e não fiquei tão pra baixo assim.

2002: É a Copa que eu realmente pude curtir. Os Ronaldos e companhia me inspiravam demais. Lembro que eu até jogava futebol bem na época.

2006: Lembro de pouca coisa. Mas lembro que tinha bastante estrela no time e pouca eficiência.

2010: Eu tava meio desanimado com a seleção. Assisti a um jogo ou outro. Lembro que eu estava estudando bastante na época.

2014: No dia do 7x1 a minha TV estava caindo sinal. E até que não foi tão ruim esse problema. Continuamos o churrasco e desligamos a TV por volta dos 4x0.

2018: Quero acompanhar todos os jogos. E acredito que tenhamos uma bela copa. Os times estão cada vez mais desenvolvidos. O Brasil tem chance de ganhar. Sempre.

André Borges, estudante de Ciências e Tecnologia, 30 anos

1998: Não me lembro porque tinha meses. 2002: Tenho poucas lembranças dessa Copa, lembro da festa pela cidade de Olinda e o que mais me marcou foi do cabelo de Ronaldo e sua comemoração balançando os dedos. 2006: Minha irmã caiu brincando comigo e levou dois pontos no queixo no dia do jogo contra o Japão. Vi a Alemanha jogando muito bem, porém foi eliminada pela Itália. No jogo do Brasil x França, eu chorei com a eliminação e fiquei com ódio de Zidane. Ele jogou muito nesse jogo. 2010: Brasil com Dunga, ninguém apoiando. Lembro da Alemanha forte novamente e eliminando a Argentina de novo, porém caiu de novo para uma seleção que no final foi campeã, a Espanha. Base quase toda do Barcelona, um clube que, na época, estava muito badalado. 2014: Não estava torcendo para o Brasil por ser contra a Copa no país. Como esperado, todo mundo ficou contra mim, mas deu certo minha torcida. Torci para a Alemanha, pois sempre tive lembranças dela forte e nunca conseguia. Dessa vez, foi campeã eliminando o Brasil, humilhando. E de novo, ganhou da Argentina. 2018: Brasil está bem mais forte em relação às duas últimas Copas, mas novamente, eu não vou torcer para o Brasil. Acredito que a Argentina esse ano ganhe a Copa, apesar de apresentar um futebol fraco. Primeira Copa que sou maior de idade e pretendo curtir muito, farras, churrascos, cachaças. Vamos ver se acerto o campeão de novo. E novamente, os amigos contra.

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Ana Carolina Ferreira, estudante de Engenharia Química, 20 anos

1998: Ano em que nasci.

2002: Era uma criança, mas sei que o Brasil foi pentacampeão.

2006: Não me lembro de ter visto.

2010: Não tive aula nos dias de jogos do Brasil. Enfeitamos a escola, foi bem legal.

2014: 7x1.

2018: Espero que o hexa venha esse ano. Também não seria nada mal se o Brasil ganhasse de 7X1 da Alemanha.

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