O Tunga deixou muita coisa
Foto: divulgação/ site Tunga oficial

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O Tunga deixou muita coisa

Um dos caras mais fodas da arte nacional se foi nesta segunda (6).

Internado desde maio deste ano por conta de um câncer, o artista plástico Tunga morreu na tarde desta segunda (6) aos 64 anos. Arquiteto de formação, o pernambucano era escultor, perfomer e desenhista, além de compor o topo da lista dos grandes nomes das artes visuais no Brasil, figurando ao lado de Helio Oiticica e Lygia Clark no quesito ousadia e transgressão.

Tunga fez da cidade do Rio de Janeiro sua casa. E era lá que mantinha o Pensatorium, seu espaço de trabalho com vista privilegiada para o que há de mais sutil na geografia carioca. "Ateliê, até então na minha vida, tinha sido uma rede", contou, modesto, em vídeo para o The Creators Project – contrapondo a suntuosidade do lugar.

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Iniciada na década de 70, a carreira do artista investigou incessantemente a morbidez da vida, por isso suas obras traziam tantas imagens tridimensionais de caveiras, dentes, ossos, pedaços de corpos, bichos. "Essa vontade de usar uma pluralidade de linguagens é um pouco tentar integrar esse sujeito explodido que somos nós. Quer dizer, somos fragmentados por natureza", definiu, com seu sotaque irremediavelmente carioca (apesar do sangue nordestino), em entrevista publicada pela VICE em 2010.

Tunga deixou para os olhos do mundo obras como Lézart (1989), fortaleza tecida por tranças, tacapes e imãs que se sustentam sozinha e a potente True Rouge (1997), instalação com frascos de vidros e líquidos vermelhos que titubeiam a centímetros do chão.

Um dos caras mais fodas da arte nacional, Tunga deixa o plano físico, mas sua arte maluca, impecavelmente estruturada e profunda permanece.

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