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Conheça os 12 O’Clock Boys, a Molecada mais Casca-Grossa do Motocross de Baltimore

O diretor do documentário, Lofty Nathan, mostra porque essa galera prefere arriscar suas vidas em cima de uma moto ao invés de preferir a vida do crime.

O material promocional do documentário 12 O’Clock Boys o classifica como “a viagem mais emocionante para Baltimore desde a série The Wire.” Mas para este crítico que vos escreve e que desencanou da segunda temporada porque os personagens ficavam muito tempo na docas, o documentário é muito mais legal que isso. [n.e. este crítico está muito, muito, muito errado. The Wire é um “patrimônio histórico da humanidade”.]

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Primeiro, essa história sobre uma galera renegada que pratica motocross urbano é cheia de filmagens inacreditáveis da molecada dando cavalos de pau enquanto fogem em alta velocidade da polícia. O que é mais maluco é que isso tudo se passa na vida real e, você perceberá durante o filme, o jogo aqui é entre a vida e a morte.

O filme é cheio de vídeos de telejornais mostrando a ameaça à segurança pública que os 12 O’Clock Boys trazem para as ruas de Baltimore ao realizarem suas manobras imprudentes, uma situação que fica ainda pior se levarmos em consideração que a polícia não pode persegui-los legalmente, já que isso tornaria tudo ainda mais perigoso. Entretanto, em uma sala escura e segura de um cinema ou na tela do seu computador, é impossível não se sentir atraído pelas técnicas e arte que são aplicadas nas manobras que esses moleques fazem – e as cenas em slow-motion casadas com a trilha sonora hip-hop só conseguem deixar esse feitos humanos ainda mais épicos e inacreditáveis.

Porém, isso não é mais uma exibição sem sentido à lá X-Games. O diretor Lofty Nathan humaniza a história após ter passado anos seguindo o Pup, uma criança que vive com a sua mãe, irmãos e uma quantidade razoável de animais na parte treta do East Side (a zona leste de Baltimore). O filme segue mais especificamente os altos e baixos da vida desse garoto (o que inclui a morte de um membro da família) enquanto ele segue seu sonho de se tornar um dos 12 O’Clock Boys, apesar das objeções muito sensatas da sua mãe. Por piores que sejam as chances contra Pup, é impossível não criar simpatia ao assistir o filme.

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O filme também mostra a história da galera das antigas que estava no clássico VHS pirata que inspirou a turma mais nova, com entrevistas com muitos dos membros originais que ajudaram a pavimentar o caminho para a geração atual de “foras-da-lei”. Por mais que o ato que pilotar em calçadas e colocar vidas em perigo não seja glamurizado, o filme mostra que o motocross pode também servir como um escape positivo para a molecada mais nova que está crescendo em uma das piores vizinhanças de Baltimore e também captura como pode ser positivo aprender a pilotar e consertar motos em vez de uma vida de crime, apesar dos riscos inerentes.

“Você sobe na moto e se sente poderoso, como se todos os problemas na sua vida fossem embora,” diz Pup em um certo ponto –e esse escapismo é o que faz muita das pessoas entrevistadas arriscarem sua vida pela adrenalina. E não é simplesmente pela brisa, é sobre agarrar os guidões e deixar por um segundo de sentir como um cidadão de segunda categoria dos EUA. Isso é ilegal e insano no papel, mas é um jeito alternativo que Baltimore encontrou para se levantar e deixar o país saber que eles ainda estão aqui e não vão embora. Essa dualidade não é fácil de ser articulada, mas esse filme captura isso perfeitamente através de entrevistas feitas com todo mundo, de motociclistas cara de pau a gambés que perseguem eles a pé, por carro e helicópteros.

Você não pode parar os 12 O’Clock Boys, mas todo mundo pode aprender uma coisa sobre eles – e ao dar uma voz para esse grupo é possível abrir um diálogo que tanto salva quanto inspira muitas vidas. Se você tiver uma alternativa melhor a isso, nós adoraríamos escutá-la. Até lá, nós vamos espalhar o evangelho desse documentário para qualquer um que quiser escutá-lo.