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Música

Exclusivo: Síntese e Projetonave em “Cerrai o Cilho” e “Em Favor do Réu”

Foi só o Síntese voltar para o rap que o Projetonave colou e instigou: "e aí, vamo agora?"

Em 2012 o Síntese subiu no palco do Manos e Minas e o Projetonave, que não é bobo nem nada, ficou só ali filmando qual era a do Neto e do Leo. Curtiram pacas a ideia, o clima e principalmente a sinceridade que carregava cada verso que eles cantavam. Ali rolou um convite, “e aí mano, vamo fazer um som junto?”, mas o Síntese negou, porque estava parando com o rap, deixando um monte de coisa de lado e etc.

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Vagando Pela Babilônia: Neto Conta a História do Síntese

Um ano depois, o Neto jogou no Youtube da Matrero Records um vídeo falando que o Síntese tinha “voltado no formato eu”. O Projetonave foi lá, ganhou a fita e já colou no Neto: “e aí, vamo agora?”. O cara topou. O resultado disso são as duas faixas que vocês baixam com exclusividade aqui, “Em Favor do Réu” e “Cerrai o Cilho”, ambas feitas dentro do projeto Nasbase, que já conta com Flora Matos, Sombra, Emicida e Rapadura. A capa do compacto foi feita pelo Bruno Kurrú.

As duas faixas serão lançadas em um 7”, que no final do projeto, será colocado dentro de uma caixa feita pelo coletivo Base_V com todos os outros compactos, vídeos e adesivos, tudo numerado.

Temos aqui também um clipe que trás os bastidores do ensaio e da gravação dos sons, num climão preto e branco, com direito ao Neto cantando “Em Favor do Réu”. Tudo foi registrado pelo CESRV (sim, nosso truta da Beatwise) e o Luis Lopes no FlapC4 Estúdio.

Querendo sacar melhor qual é a ideia por trás do Nasbase, a importância de trazer alguém como o Síntese pra dentro do projeto, conversamos com o Aquiles do Projetonave.

Noisey:Como nasceu o Nasbase?

Aquiles:O Nasbase surgiu em meados de 2007 durante a nossa residência semanal no Sarajevo (SP), onde se tornou comum a aparição espontânea de alguns MCs nas sessões de improvisação dentro do show do Projetonave, entre eles, Emicida (antes de lançar sua primeira mixtape), Flora Matos (quando chegou em SP), Marcello Gugu, Sombra, Familia Madá e outros. Tudo bem free mesmo, nunca sabia quem poderia chegar e o que iria ser feito. A partir desse cenário começamos a fazer pequenos shows com participações e arranjos para as músicas dos convidados, participar como banda base para alguns shows deles e foi dentro disso que percebemos ser mais interessante uma parceria inédita da banda com os MCs, já que o Projetonave, em atividade desde 1997, sempre foi uma banda autoral, e criar um projeto desses daria um sentido maior dentro do que gostamos de fazer e criar. O formato single se deu ao fato de termos desde o início a ideia clara que nossos recursos financeiros não cobririam tal produção feita de uma só vez, tendo em vista que é um projeto todo independente (e autossustentável). Tentando achar soluções esbarramos na cultura dos singles e versions jamaicanas, achamos uma ótima saída para um trabalho a longo prazo, em que cada participação poderia ser lançada individualmente respeitando seu tempo e identidade, mais fazendo parte de um todo, que é o Nasbase.

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Tem gente falando que vocês são o “BadBadNotGood brasileiro”, apesar de não ter muito a ver, na minha opinião. O que acham disso?

Essas comparações são inevitáveis, mas acredito também não ter muito a ver, devido à diferente realidade e consequentemente os objetivos também. Estamos focados mais em nossa própria experiência e o que nos proporciona tais encontros. Mesmo aceitando que nos apropriamos de uma cultura americana e grande parte das coisas criadas lá se propaga mais rápido no Brasil, eu me identifico mais com o que está acontecendo aqui, ao nosso redor, em nossa realidade. As pessoas que convivemos e conhecemos são nossa principal referência e que nos moldam a ser o que somos. São apenas comparações para situar quem ainda não teve contato com o nosso trabalho. Para nós isso não tem muita importância.

De onde surgiu a ideia de chamar o Síntese pra integrar no Nasbase?

Conhecemos o Síntese em um dia de gravação do programa Manos e Minas, onde somos a banda residente. Já tinha ouvido algumas coisas e gostado muito, uma sinceridade rara com a música, de dentro pra fora, e logo de cara você nota o compromisso com a mensagem e não com o mercado. Nos identificamos de imediato, pois é como pensamos nosso trabalho também. A parceria musical levou tempo a ser concretizada, conversamos via net, falamos sobre vida, compromisso com a música, humanidade, o porquê de fazermos esse trabalho, enfim, a ideia não era só gravar uma música, tínhamos que ter um mesmo olhar para o que fazer com ela. Expliquei pra ele que a idéia do projeto ia exatamente de encontro com o que ele queria que fosse. Um projeto com base nas experiências e respeito a individualidade de cada um, sem compromissos com o mercado e sem fins lucrativos, um registro de nossa trocas. Taí o primeiro passo concretizado das idéias.

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Como vocês enxergam a representatividade do Síntese pro rap underground brasileiro?

Extremamente necessário. Não só para o underground, mas para todos aqueles que ele possa alcançar, pois o que admiro nele é que a música se torna um veiculo para o que ele realmente acredita, que é a mensagem. O rap em seu início se estabeleceu em cima desses fundamentos, eu vi isso acontecer, acompanhei como público. Assisti um show do Racionais em 1991 no Chopapo (em São Bernardo do Campo), na época eram músicas do Holocausto Urbano (1990). Eu vivi essa época das posses (Cedeca) e shows de rap em que os grupos assistiam os grupos, não tinha público para shows de rap menos conhecidos. Eu cito isso porque acho importante um cara de 20 e poucos anos resgatar essa essência, sem desmerecer outros caminhos também. Acho que tudo contribui para um amadurecimento musical e social, mas eu me identifico mais com esse tipo de música e gostaria de ver grupos novos surgirem com esse compromisso de repassar o que é realmente útil para o engrandecimento do ouvinte, deixar o lado da balança da cultura pesar um pouco mais sobre a do entretenimento.

A ideia do projeto é que no final seja lançada uma caixa com todos os 7” em tiragem limitada. Qual o próximo convidado?

De cada prensagem que fazemos guardamos 100 cópias, que será a quantidade de caixas disponíveis. Será um box desenvolvido pelo coletivo Base_V, numerados, contendo os compactos, vídeos, adesivos e etc. Já temos lançado o 7" da Flora Matos (2011), Sombra (2013), Rapadura (2013), Emicida (2013) e agora o do Síntese (2014). Os próximos serão o do Gog, Indee Styla (Espanha), Pac Div (EUA), Marechal, Ba Kimbuta e Ogi. E estamos iniciando alguns rabiscos com mais uns irmãozinhos ai!! As trocas são tão valiosas e as vontades são tantas, que parecem não ter fim.

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